Câncer anal: Brasil registrou 6.000 mortes e 38 mil internações em 10 anos
Ler resumo da notícia

O Brasil registrou mais de 6.000 mortes por câncer anal nos últimos 10 anos. Foram 38 mil internações no SUS (Sistema Único de Saúde) relacionadas à doença no mesmo período, mostram dados do Ministério da Saúde obtidos pela SBCP (Sociedade Brasileira de Coloproctologia). Números foram divulgados nesta terça-feira (4), Dia Mundial de Combate ao Câncer.
O que dizem os dados
Ao todo, foram 6.814 mortes e 38.196 internações. Dados são do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) e do SIH (Sistema de Informações Hospitalares), ambos do período entre 2015 e outubro de 2024.
Índices acompanham estatísticas mundiais e alertam para o aumento do câncer anal nas últimas décadas. "A conscientização da população frente ao problema e o conhecimento de que a prevenção e o diagnóstico precoce são possíveis ainda são fundamentais", afirmou a SBCP em nota.
São Paulo lidera os índices de mortes (1.637). As quatro posições seguintes são ocupadas por Rio de Janeiro (576); Minas Gerais (553); Rio Grande do Sul (548); e Paraná (451).
Estado também teve mais internações (10.993), seguido por Minas Gerais (4.533); Rio Grande do Sul (2.825); Rio de Janeiro (2.698); e Pernambuco (2.267).
Maior número de mortes foi em 2020, com 1.101 óbitos. Enquanto isso, 2022 teve o maior número de internações: 5.430.
Entenda a doença
Algumas pessoas podem não apresentar nada, mas os principais sintomas do câncer anal são:
Dor ou coceira na região anal;
Mudança na consistência das fezes;
Escape de fezes;
Presença de módulo ou massa;
Aumento de gânglios na região anal e/ou na virilha.
Muitos pacientes têm sangramento, o que muitas vezes pode ser confundido com a doença hemorroidária, que não é uma causa do câncer. Outras condições como fissura, fístula e verrugas também podem causar sangramento anal, por isso é imprescindível consultar um coloproctologista aos primeiros sinais. Sergio Alonso Araújo, presidente da SBCP, em nota
O diagnóstico é feito por meio de um exame chamado anuscopia. A biópsia do tecido da região também é uma possibilidade.
Cirurgia é opção apenas após quimioterapia. "O tratamento inicial do câncer anal é dado através de quimioterapia e radioterapia. A cirurgia, antigamente considerada primeira linha de tratamento e mais agressiva, fica reservada aos pacientes que apresentaram tumor residual após tratamento quimioterápico ou retorno da lesão após tratamento", explica a SBCP.
Maioria dos casos tem relação com HPV
Transmissão do HPV (Papilomavírus Humano) é por meio do sexo, contato íntimo e compartilhamento de objetos sexuais sem proteção. Verrugas na região genital são o primeiro sinal, mas a infecção costuma ser assintomática —daí a importância de exames periódicos. Nesse caso, a tendência é levar cerca de 10 a 15 anos para causar doenças (como o câncer anal e outros tipos de tumor) em quem tem sistema imune saudável. Pessoas imunodeprimidas, como infectados pelo HIV, têm evolução mais rápida.
Preservativo e vacina são as melhores formas de prevenção. Um dos imunizantes, que protege contra quatro subtipos do vírus HPV (quadrivalente), está disponível no SUS para meninos e meninas de 9 a 14 anos e imunossuprimidos até 45 anos.
O preservativo, apesar de essencial na proteção de ISTs, não tem eficácia de 100% na prevenção do HPV, já que o vírus habita não somente a região protegida pelo preservativo, mas também a região da boca, ânus e virilha. Como complementação aos cuidados preventivos, podemos associar a vacina nonavalente [disponível na rede privada e que contempla proteção a outros cinco subtipos do HPV] e o acompanhamento com especialista, tanto ginecológico quanto proctológico, para seguimento e diagnóstico. SBCP
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.