Uso contínuo de maconha prejudica memória de curto prazo, revela estudo

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Ainda não se sabe se o efeito do uso prolongado de maconha sobre a memória de curto prazo é reversível após a interrupção do consumo, mas um estudo divulgado no dia 28 de janeiro sugere que a substância pode afetar essa função cerebral. Essa memória é chamada "de trabalho" e é responsável pela capacidade de manter informações temporárias, essenciais para a execução de diversas tarefas.
Divulgada no periódico JAMA Network Open, a pesquisa, feita com jovens adultos (com idade entre 22 e 36 anos), mostrou que 63% dos usuários frequentes de maconha (que consumiram a substância mais de mil vezes) exibiram menor atividade cerebral durante tarefas de memória.
Autor do estudo, Joshua Gowin, professor da Universidade do Colorado (EUA), destacou que a pesquisa foi conduzida com elevados padrões metodológicos e que, apesar de outros testes sugerirem possíveis comprometimentos cognitivos, apenas a memória de trabalho foi impactada significativamente do ponto de vista estatístico.
Limitações do estudo
O estudo utilizou dados do Human Connectome Project, no qual 1.003 usuários de maconha, entre 22 e 36 anos, tiveram sua atividade cerebral analisada durante sete testes cognitivos.
Tido como o maior a investigar a relação entre o uso de maconha e a função cerebral, o estudo ainda deixa várias questões em aberto, sendo uma delas a influência do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade). Isso porque pessoas com o transtorno são mais propensas a usar a droga. Assim, os autores sugerem que parte dos resultados observados pode estar relacionada a esse diagnóstico psiquiátrico, além dos efeitos da maconha.
"Há muitas perguntas para as quais ainda precisamos de respostas sobre como a Cannabis impacta o cérebro", acrescenta Gowin. "Estudos grandes e de longo prazo são necessários para entender se o uso de Cannabis altera diretamente a função cerebral, quanto tempo esses efeitos duram e o impacto em diferentes faixas etárias."
Mais sobre a maconha e seu uso
A maconha é a substância ilícita mais usada no mundo;
Um em cada cinco brasileiros já fumou a erva alguma vez na vida. Entre estes, 25% ainda o fazem;
5% dos indivíduos maiores de 18 anos fumam maconha atualmente. A maioria é homem e jovem;
8% da população nunca teve contato com ela, segundo o Datafolha;
O vegetal contém mais de 400 componentes, entre eles, terpenos, flavonoides e os fitocanabinoides;
A depender da dose e do perfil bioquímico da planta, pode haver efeito estimulante e/ou sedativo;
Na opinião dos especialistas consultados, de modo geral, o uso moderado de maconha apresenta menos riscos à saúde em comparação ao tabagismo crônico.
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