'Perdi 66 kg pedalando mil km por mês: a bicicleta foi minha bariátrica'

O analista de sistemas Iago Fonseca da Costa, 32, sempre teve sobrepeso. Em novembro de 2023, o morador de Santo André chegou ao seu peso máximo: 163 quilos. Foi aí que ele decidiu mudar de vida.

Eu moro no quinto andar de um prédio sem elevador. Estava subindo as escadas e pensei: 'E se eu passar mal? Se tiver de descer de maca, são 163 quilos para carregarem por cinco lances de escada.' Naquele dia, medi minha pressão e estava 21 por 11 [o normal é 12 por 8]. Percebi que era hora de fazer algo sobre meu peso.
Iago Fonseca da Costa

  • Este relato foi enviado por Iago ao UOL. Acha que a sua história de vida merece uma reportagem? Envie um resumo para o email enviesuahistoria@uol.com.br. Se possível, já envie fotos e os detalhes que nos ajudarão a avaliá-la. A redação do UOL pode entrar em contato e combinar uma entrevista.

Para perder peso, Iago começou a andar de bicicleta pelas ruas do ABC paulista. Em pouco mais de um ano, pedalou 12 mil quilômetros e perdeu 66 quilos, sem medicação ou dietas muito restritivas.

"Eu sempre gostei de pedalar, mas sempre fui obeso, então não considerava como uma prática esportiva. A minha bicicleta ficava na garagem, sem uso. Decidi começar a usá-la. Hoje, tenho 97 quilos, um peso bem mais razoável para minha altura de 1,85 metro", diz.

'Pautei minha vida pelo menor esforço'

Reflexão ao subir escada fez Iago mudar seus hábitos
Reflexão ao subir escada fez Iago mudar seus hábitos Imagem: Arquivo pessoal

Iago conta que passou a infância e a adolescência comendo doces na padaria da família. "Eu sou o mais velho de três irmãos, todo mundo sempre teve problema com o peso. Por conta do comércio da nossa família, eu tinha fácil acesso a todo tipo de guloseimas e nenhum limite", lembra.

Para uma criança, ser gordo não é uma situação legal, né? Mas, com o tempo, aprendi a conviver com o bullying. Eu sempre tive personalidade forte e não deixava me abater. Criei um mecanismo de defesa.
Iago Fonseca da Costa

Continua após a publicidade

Para o analista de sistemas, era difícil ter a percepção de que a obesidade era uma doença.

"Essa fase de tomar consciência, infelizmente, demorou mais do que o necessário. Eu não achava que estava tão ruim. Acabei pautando a minha vida pela lei do menor esforço no sentido de me movimentar, de fazer um exercício."

Apoio do pai

Pai de Iago, que já fazia atividade física, ajudou a motivar o filho
Pai de Iago, que já fazia atividade física, ajudou a motivar o filho Imagem: Arquivo pessoal

Iago afirma que o apoio do pai, o construtor José Carlos da Costa, 56, foi fundamental para que ele não desistisse do objetivo de pedalar para ter uma vida mais saudável.

"O meu pai já anda de bicicleta em percursos longos há quase 10 anos. Ele se preocupava comigo e tinha medo de me perder por causa desse modo de vida que eu levava", conta.

Continua após a publicidade

Para chegar ao mesmo nível do pai, Iago estipulou uma meta: pedalar mil quilômetros por mês.

"Geralmente, eu pedalo em três dias úteis durante a semana, depois do expediente, no período noturno. Uma média de 50 km por dia. Pode ser em grupo ou sozinho. Aos finais de semana, eu faço um pedal mais longo, de 100 a 120 km", explica ele.

No começo, eu não conseguia chegar nem perto do que meu pai pedalava. Ele sempre me incentivou, dizia que eu chegaria ao nível dele se eu mudasse meus hábitos. Em agosto do ano passado, fizemos juntos uma prova de 200 km. Foi muito gratificante.
Iago Fonseca da Costa

José Carlos, pai de Iago, fala do filho com orgulho. "Como pai, eu não poderia estar mais grato e feliz por ter o privilégio de pedalar ao lado dele, testemunhando toda a sua evolução. Nossa união se fortaleceu ainda mais nessa jornada juntos. Espero poder continuar pedalando muitos anos ao lado dele."

Iago perdeu, em pouco mais de um ano, 66 kg; mudança nos hábitos alimentares e atividade física foram a chave para o emagrecimento
Iago perdeu, em pouco mais de um ano, 66 kg; mudança nos hábitos alimentares e atividade física foram a chave para o emagrecimento Imagem: Arquivo pessoal

'Passei a comer mais frutas'

Além da atividade física, Iago também passou a se alimentar melhor. "O problema nas minhas refeições não estava na qualidade, mas na quantidade. Eu comia 1,5 quilo de comida em uma única refeição", lembra.

Continua após a publicidade

No primeiro momento, não quis fazer mudanças bruscas na alimentação porque sabia que não seria sustentável. Passei a reduzir a quantidade, gradativamente. Também comecei a comer muito mais frutas quando sentia vontade de beliscar ou comer doces.
Iago Fonseca da Costa

O refrigerante com açúcar foi uma das poucas coisas que Iago cortou definitivamente da rotina. "Ficar sem o refrigerante foi a parte mais difícil, porque eu tomava como se fosse água. E eu gostava do normal, sempre torci o nariz para as bebidas zero. Mas acabei me acostumando e hoje tomo refrigerante zero ou água com gás", explica.

Iago pedala uma média de 50 km por dia
Iago pedala uma média de 50 km por dia Imagem: Arquivo pessoal

'Bicicleta foi minha bariátrica'

A perda de peso e a nova rotina trouxeram mais qualidade de vida para Iago. "Eu tinha picos de pressão alta, esteatose hepática, que é a gordura no fígado, de nível três, o mais grave. Hoje, não tenho mais. Além disso, os níveis de colesterol e glicose também estão controlados."

Iago em dezembro de 2023 e em maio de 2024; perda de peso foi gradativa
Iago em dezembro de 2023 e em maio de 2024; perda de peso foi gradativa Imagem: Arquivo pessoal
Continua após a publicidade

Iago conta que, pela grande quantidade de peso que perdeu, muita gente acha que ele fez cirurgia bariátrica —operação para reduzir o estômago.

Eu costumo falar que a minha bicicleta se chama bariátrica. Geralmente eu estou com ela e, quando me perguntam 'nossa, qual bariátrica vocês fez?' eu aponto para a minha bicicleta e digo: foi essa vermelha aqui.
Iago Fonseca da Costa

Para 2025, Iago quer manter a meta de pedalar 12 mil km, participar de mais competições de ciclismo e também investir em um novo esporte que iniciou recentemente: a corrida de rua.

Em  2025, Iago quer manter a meta de pedalar 12 mil km e perder mais peso
Em 2025, Iago quer manter a meta de pedalar 12 mil km e perder mais peso Imagem: Arquivo pessoal

"Eu ainda estou com sobrepeso, então meu objetivo é perder mais 10 ou 12 quilos. Para isso, quero me aprimorar na corrida e seguir pedalando", diz ele.

Sou uma pessoa comum, que sem medicamentos ou mudanças drásticas, conseguiu grandes resultados. Perdi 66 quilos em um ano, pedalando mil km por mês. É sobre constância, determinação e não desistir no primeiro obstáculo. Espero que minha história inspire outras pessoas.
Iago Fonseca da Costa

Continua após a publicidade

Emagrecimento é um processo

A perda de peso é um processo: nenhum hábito faz mágica e gera resultado se for feito sozinho. O ideal é ter um estilo de vida saudável com alimentação equilibrada, prática de atividades físicas e muita dedicação e perseverança, já que nada acontece de um dia para o outro. Quando abordagens mais comuns para a perda de peso não têm sucesso, tratamentos alternativos, como medicamentos ou a cirurgia bariátrica, são considerados.

Alguns hábitos alimentares ajudam. São eles: comer mais fibras solúveis; não exagerar nas bebidas alcoólicas, ter um cardápio rico em proteína e não comer muitos itens ricos em açúcar. Um especialista pode ajudar a personalizar a dieta para torná-la apropriada a cada caso.

A atividade física é benéfica não só para o emagrecimento. A prática promove saúde física e mental prevenindo e, muitas vezes, até tratando diversas doenças crônicas, além de ajudar a viver uma vida mais longa e com mais qualidade.

Praticar exercício físico regularmente é fundamental para prevenir e controlar doenças cardiovasculares (como infarto, AVC e pressão alta), diabetes tipo 2 e diferentes tipos de câncer, além de contribuir para amenizar sintomas de depressão e ansiedade, reduzir o declínio cognitivo e melhorar a memória, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.