Alternativa natural ao Ozempic pode ter sido descoberta por cientistas

Pesquisadores chineses podem ter encontrado uma alternativa natural ao Ozempic. Em um estudo publicado no dia 13 de janeiro no periódico Nature Microbiology, cientistas da Universidade Jiangnan (China), mostraram que aumentar a presença do micróbio intestinal Bacteroides vulgatus pode estimular a produção de GLP-1, hormônio que regula o açúcar no sangue e a saciedade e cuja ação o Ozempic tenta simular.

O que aconteceu

Cientistas testaram camundongos e humanos com diabetes tipo 2. Nos testes com humanos, os pesquisadores examinaram amostras de sangue de 60 indivíduos com diabetes tipo 2 e de outros 24 sem a doença.

Falta de proteína foi associada à redução de bactéria. Falta da proteína intestinal Ffar4 (envolvida na modulação da liberação de hormônios e na comunicação entre o intestino e outras partes do corpo) resultou na redução das colônias da bactéria Bacteroides vulgatus no intestino e de seu metabólito pantotenato, levando à preferência por açúcar.

Metabólito de bactéria promoveu secreção de GLP-1. O pantotenato, por sua vez, promoveu a secreção de GLP-1, que inibiu a preferência por açúcar ao estimular a liberação hepática de FGF21, hormônio que regula o metabolismo energético.

Bactéria pode ter potencial no tratamento do diabetes. Pesquisas anteriores indicaram que o Ozempic também pode promover a liberação de FGF21. No entanto, ainda são necessárias mais investigações para verificar se esse efeito se aplica a seres humanos. Apesar disso, os cientistas consideram que a ação da Bacteroides vulgatus possa ter um grande potencial no tratamento do diabetes. O desenvolvimento de uma alternativa natural ao Ozempic, que utilize o micróbio intestinal para a produção de GLP-1, poderia se tornar uma alternativa mais acessível financeiramente.

Como age o Ozempic?

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Imagem: Getty Images

Ozempic é um medicamento para tratar diabetes tipo 2. Ele ganhou popularidade como aliado na perda de peso, sendo usado de forma "off label" (fora da bula) para tratar a obesidade.

Seu princípio ativo, a semaglutida, simula a ação do GLP-1. Esse hormônio é produzido naturalmente pelo organismo e desempenha um papel importante na regulação do açúcar no sangue, estimulando a liberação de insulina após a ingestão de alimentos e ajudando a reduzir a produção de glucagon, o que contribui para diminuir a glicose no sangue. Além disso, o GLP-1 também promove a sensação de saciedade, ajudando a controlar o apetite.

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Em pessoas com diabetes tipo 2, a produção ou a ação do GLP-1 pode ser insuficiente. Isso dificulta o controle da glicemia. Nesse contexto, fármacos como Ozempic têm se mostrado eficientes para tratar a condição, mas ambos possuem alto custo e a crescente popularidade devido à sua utilização para emagrecimento têm impulsionado ainda mais sua procura.

No caso do Ozempic, o medicamento é administrado semanalmente com uma caneta e está disponível em três doses. Embora eficaz, o uso sem orientação pode causar erros nas doses e efeitos colaterais como náuseas, diarreia, dor abdominal, gases, fadiga e tontura.

Quando Ozempic é contraindicado. Ele não é indicado a grávidas, lactantes, menores de 18 anos, pessoas com problemas hepáticos ou renais, histórico de retinopatia, diabetes tipo 1, cetoacidose diabética, pancreatite, câncer medular de tireoide ou histórico familiar, e alérgicos à semaglutida ou outros componentes do medicamento.

*Com informações de reportagem publicada em 27/04/2023

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