Conhece adeptos? Transplante capilar vive auge no Brasil: 'Muito tranquilo'

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Até pouco tempo, a Turquia era um dos destinos favoritos de quem buscava transplantes capilares. Reconhecido como um polo global, o país oferece procedimentos avançados com preços acessíveis, atraindo pacientes de todo o mundo.
Porém, essa realidade tem mudado rapidamente para os brasileiros que querem ostentar um novo visual: o Brasil desponta como um dos grandes centros de transplantes capilares do mundo, com técnicas modernas e uma oferta cada vez mais acessível.
Uma explosão de novas cabeleiras
Um estudo da ABCRC (Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar), divulgado no final do ano passado, mostrou que mais de 6.000 procedimentos foram realizados no país em 2022. A pesquisa aponta que 80% dos pacientes buscam o procedimento devido à calvície genética, sendo 90% homens, majoritariamente entre 30 e 39 anos. Já entre as mulheres, 50% têm de 40 a 49 anos.
"O Brasil tem se destacado como um destino de referência para o transplante capilar. Muitas vezes, pessoas de diferentes partes do mundo optam por vir ao país em busca das renomadas técnicas de transplante", diz um trecho da pesquisa.
Outro levantamento sobre transplantes capilares, este da Mordor Intelligence, mostra que o mercado global de procedimentos deve apresentar uma taxa de crescimento de 8,96% ao ano até 2029.
Para Alan Wells, cirurgião plástico formado pela USP e responsável pela Clínica Wells, esse crescimento tem a ver com a qualidade dos procedimentos, inclusive no Brasil. "A tônica para o transplante capilar moderno é a naturalidade, e os transplantes feitos no Brasil são de ponta, temos cirurgiões experts brasileiros que se destacam no cenário mundial", diz.
Giovanni Bucchi Bombassei, 31, foi uma das pessoas que optou pelo transplante capilar. "Meu pai assumiu a careca com uns 35 ou 40 anos. A gente brincava e ele me falava que eu também ia ficar careca. Então eu ficava nessa de que eu teria que assumir a careca, não ia ter jeito", conta.
Antes de buscar pelo transplante: se o São Paulo fosse campeão da Copa do Brasil, eu ia raspar a careca. Isso sempre foi um tabu para mim." Após raspar, Giovanni viu que as "entradas" eram maiores do que ele imaginava —e foi assim que optou pelo procedimento.
"O que mais incomoda é a demora. Umas 8 horas na mesma posição, mas senti bem pouca dor", lembra. Segundo ele, os resultados definitivos podem aparecer após um ano, mas na metade desse tempo já é possível ver uma diferença considerável. "Agora já faz oito a nove meses [do procedimento] e já está muito bom, todo mundo elogia."
Tipos de transplantes e de tratamentos clínicos
As duas principais técnicas cirúrgicas para o transplante capilar usadas atualmente no Brasil são a FUT (Transplante de Unidade Folicular) e a FUE (Extração de Unidades Foliculares), cada uma representando um método diferente.
FUT: remove-se uma faixa do couro cabeludo, extraindo folículos para ser transplantados. "Isso costuma deixar uma cicatriz linear permanente, além de limitar a quantidade de fios que podem ser retirados", detalha Rafael Francischetto Ultramar, cirurgião de transplante capilar, diretor clínico da Ultramar Day Hospital - São Paulo.
FUE: os folículos são removidos individualmente, garantindo maior volume e menos incômodos e cicatrizes. "As principais sociedades médicas nacionais reconhecem amplamente a FUE como método de excelência por oferecer maior segurança, resultados mais naturais e um pós-operatório mais confortável", diz Ultramar.
Além desses procedimentos, considerados cirúrgicos, existem também diversos tratamentos clínicos com uso de medicamentos e técnicas de microagulhamento. "No tratamento clínico, usamos medicamentos orais, tópicos e até injetáveis para fortalecer os fios que o paciente ainda tem e retardar a progressão da queda", explica Ultramar.
Dois dos tratamentos medicamentosos mais importantes, segundo Álvaro Pereira, angiologista formado pela FMUSP e especialista em tratamentos capilares, são o minoxidil e a finasterida. "Ainda existem tratamentos como a fotobiomodulação e a reposição de nutrientes relacionados à formação dos cabelos", detalha.
Transplante vs. tratamento clínico
Os médicos explicam que, se o folículo capilar já foi perdido, nenhum remédio vai poder recuperá-lo por completo. "É aí que o transplante capilar entra em cena, recolocando cabelos nas áreas onde não há mais fios", fala Ultramar. Ou seja, nas fases iniciais, quando os cabelos ainda estão caindo, o tratamento clínico pode ser a principal indicação.
"Porém, o melhor tratamento para calvície, sem sombra de dúvidas, é o transplante capilar de boa qualidade, que vai devolver o cabelo para a área calva ou aumentar a densidade de onde está faltando", completa Carlos Henrique Camilo, cirurgião plástico especialista em transplante capilar da SER Cirurgia Plástica.
Questão estética que afeta a autoestima
Cada caso de queda de cabelo tem a sua causa específica e precisa de um diagnóstico. Por isso, se você busca resolver a sua queda de cabelo ou calvície, o ideal é fazer uma consulta com o médico especialista para receber o melhor tratamento.
Thiago Garcia, 34, chegou direto ao transplante, sem passar por outros métodos de tratamento. "Um amigo próximo tinha feito e tinha ficado ótimo o resultado, então não tive medo ou receios", lembra. "Foi muito tranquilo, dormi o tempo todo e teve anestesia local. No outro dia já estava trabalhando no modelo home office e depois de dez dias já estava treinando na academia."
O procedimento de Thiago é mais recente: são apenas três meses desde a cirurgia. "Não tenho que reclamar, o resultado vem com seis meses conforme orientação do médico, mas com quase três meses percebo que as entradas não existem mais e que é questão de tempo até ter meu cabelo de volta", fala. Ele também relata mudanças na autoestima: "Com certeza melhorou. Apesar de ter gostado de mim careca quando raspei para cirurgia, posso adiar esse momento para quando estiver mais velho".

Opção pelo tratamento clínico
Cleandho Marcos de Souza, 33, sempre sofreu com queda de cabelo e fios finos. Apesar de conviver bem com isso durante a infância e adolescência, ao atingir os 30 anos, ele passou a se preocupar mais, o que a motivou a buscar tratamentos capilares. Inicialmente, tentou opções caseiras, como produtos naturais e vitaminas, mas não obteve resultados satisfatórios.
"Todos os tratamentos que eu fiz foram, de certa forma, em casa. Eu pedia os produtos, chegava na minha casa e eu aplicava", lembra. Após passar por muitas frustrações, Cleandho chegou até uma clínica (Manual Tratamento Capilar), onde foi orientado e optou por fazer um tratamento com medicamentos (como a finasterida).
Os resultados começaram a surgir após cerca de cinco meses, com uma diferença significativa na densidade capilar. "Fiquei muitíssimo satisfeito. Antes de usar, eu não imaginava que a perda de cabelo me afetava tanto, mas depois que eu comecei a ver a diferença, minha autoestima melhorou muito e me incentivou a cuidar de outras áreas da minha vida."
Quanto custa fazer um transplante capilar?
Como você pode imaginar, a resposta para essa pergunta é: depende. "Os transplantes de alta performance, em que se usam aparelhos de ponta, são mais caros porque os instrumentos são normalmente importados e os transplantes de ponta sempre têm um número alto de profissionais", indica Wells.
Em geral, o FUT (Transplante de Unidade Folicular) é mais barato que o FUE (Extração de Unidades Foliculares). "Os transplantes mais 'populares' costumam ficar na faixa de R$ 10 mil a R$ 15 mil, mas têm um compromisso menor com a excelência do resultado. Já cirurgias realizadas por equipes bem dimensionadas, com materiais de ponta, médico anestesista e centro cirúrgico regulamentado — que oferecem máxima segurança e resultados superiores —, geralmente variam de R$ 30 mil a R$ 60 mil", detalha Ultramar.
Já os tratamentos hormonais são mais baratos. "O tratamento clínico, com medicações orais, gira em torno de R$ 150 por mês, enquanto terapias injetáveis podem custar aproximadamente R$ 1.000 cada sessão", continua Ultramar. Lembrando que tratamentos hormonais precisam de uso constante para manter e melhorar o quadro, sendo recomendados por períodos prolongados.
Fontes: Alan Wells, cirurgião plástico pela USP, faz parte da diretoria da ABCRC (Associação Brasileira de Cirurgia e Restauração Capilar), coordenador do curso de formação dos cirurgiões da Associação Brasileira de Cirurgia Capilar; Álvaro Pereira, angiologista formado pela FMUSP, com residência em cirurgia vascular no HCFMUSP, especialista e pesquisador em tratamentos capilares e fotobiomodulação com LEDterapia; Carlos Henrique Camilo, cirurgião plástico, especialista em transplante capilar (técnica FUE), membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e diretor médico/cirurgião plástico responsável na SER Cirurgia Plástica Funcional; Rafael Ultramar, cirurgião de transplante capilar, diretor clínico da Ultramar Day Hospital - São Paulo; Rodrigo Brunetti, co-fundador da Manual Brasil, country manager; Valéria Marcondes, dermatologista e especialista em tratamentos capilares.
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