Por quanto tempo posso mascar chiclete? Uso prolongado pode causar gastrite
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Mascar chicletes para agradar ao paladar ou para melhor o hálito é algo que faz parte da vida cotidiana de muitos brasileiros —e um hábito inofensivo, desde que adotado com moderação.
Mascar por muitas horas pode desencadear crises de cefaleias tensionais (dores de cabeça causadas por tensão muscular) e enxaquecas em pessoas predispostas a esses distúrbios.
Do ponto de vista gastrointestinal também há riscos. Ao mascar a goma, aumentamos a produção de saliva e, consequentemente, a produção do suco gástrico, que fica aguardando a chegada do alimento para ser digerido dentro do estômago. Então, o hábito de mascar chiclete faz com que aumente a produção desse ácido parado, podendo levar a um quadro de gastrite.
O ideal, portanto, é mascar enquanto há sabor, descartar a goma e escovar os dentes em seguida. Além disso, prefira as versões sem açúcar, para evitar danos à boca e aos dentes.
O açúcar serve como alimento para os microrganismos presentes na placa bacteriana dos dentes, especialmente o Streptococcus mutans, que produz substâncias como o ácido lático, responsável por diminuir o pH da saliva.
"Quando o pH fica abaixo de 5,5, o esmalte dos dentes começa a se desgastar, o que pode levar ao surgimento de cáries. Esse processo piora quanto maior for sua duração e frequência.
Se o hábito for mascar chicletes com açúcar —ou deixá-los na boca— por uma tarde toda, ou várias vezes ao dia, sem escovar os dentes depois, o risco de cárie é maior.
Não consegue escovar os dentes logo em seguida? Fique mais um pouquinho com o chiclete
Curiosamente, uma forma de amenizar o prejuízo, se você masca chiclete com açúcar e não tiver como escovar os dentes em seguida, é não jogar a goma fora logo depois que ela perde o sabor.
Isso porque a continuidade da mastigação estimula o fluxo salivar, fazendo com que a saliva possa exercer seu papel protetor das estruturas dentárias, "lavando" os açúcares e tamponando os ácidos, diminuindo assim a possibilidade do aparecimento de cárie.
Deve-se lembrar, porém, que o chiclete (sem açúcar ou adoçado com xilitol) não substitui uma higiene adequada, com fio dental, escova e pasta de dentes, que deve ser sempre prioritária.
Evite mascar com frequência
Além do risco de cáries e gastrite, o uso excessivo de chicletes pode ter efeitos negativos na saúde bucal e muscular. Quando feito de forma excessiva, o hábito levar ao surgimento de sintomas de disfunção temporomandibular (ligações entre os ossos temporais do crânio e a mandíbula), que incluem dor e alterações na função dos músculos e articulações envolvidos na mastigação.
Segundo os especialistas, as respostas aos chicletes são individuais, o que significa que algumas pessoas podem mascar chicletes em grande quantidade sem relatar nenhum efeito negativo, enquanto outras podem ter efeitos adversos mesmo com um consumo menor. O melhor, portanto, é estar sempre atento a sinais incômodos que podem estar associados ao hábito, e diminuir o consumo caso apresente algum dos sintomas citados.
Fontes: André Ulisses Dantas Batista, mestre em reabilitação oral, Elaine Moreira, médica membro da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia), ,Lidiany Rodrigues, especialista em cariologia
* Com informações de reportagem publicada em 27/07/2023
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