Bolsa de água quente alivia mesmo a cólica menstrual? Pode comer chocolate?
De VivaBem, em São Paulo
08/08/2024 05h31
As cólicas são espasmos ou contrações involuntárias dos músculos do útero, intestino, estômago ou bexiga, que também podem ter origem nos rins e na vesícula biliar.
A dor afeta principalmente as mulheres e os bebês, mas os homens não estão totalmente livres do incômodo. A prevenção envolve identificar os "gatilhos" do problema para cada pessoa, explicou a gastroenterologista Lívia Guimarães, no quinto episódio da décima temporada do Conexão VivaBem.
Guimarães cita a alimentação saudável como uma das estratégias para aliviar cólicas menstruais. Ela afirma que, nesse caso, a cólica é uma inflamação que ocorre antes da saída do fluxo menstrual e, portanto, uma dieta com alimentos menos inflamatórios poderia ajudar a amenizar o problema.
"Muitas vezes, quando a gente está de TPM, queremos comer chocolate e outras besteiras, por uma questão até emocional do período pré-menstrual, mas essas coisas fazem a dor ficar ainda mais intensa", diz a gastroenterologista.
Ela afirma que a recomendação é não comer ou diminuir o consumo de ultraprocessados, frituras e doces nesse período. Ou seja, é melhor evitar o chocolate. "Se a gente tentar ter uma dieta mais saudável, dá para diminuir um pouco a intensidade da cólica", afirma Guimarães.
Vale lembrar que, no caso da cólica menstrual, a dor intensa e frequente pode ser sinal de endometriose — condição ginecológica que afeta cerca de 10% de todas as mulheres e meninas em idade reprodutiva do planeta, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). A orientação é procurar ajuda especializada o quanto antes, uma vez que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e o tratamento, maiores são as chances de controle da doença.
"Nos casos de endometriose, a pessoa poderia até tentar usar remédio para dor ou mudar a dieta, mas, se não controlar a doença, a dor vai continuar", alerta a especialista.
A genética e a microbiota — conjunto de microrganismos que vivem no corpo humano — de cada pessoa também são fatores que podem interferir na frequência e intensidade das cólicas, diz Guimarães: "Muitas vezes, a cólica da menstruação está relacionada a um desequilíbrio hormonal e vale lembrar que o intestino tem total relação com os hormônios".
Segundo a gastroenterologista, uma microbiota mais saudável pode ajudar a diminuir a liberação de mediadores inflamatórios que causam a dor. Além dos ultraprocessados, a médica recomenda evitar os chamados "FODMAPS", um conjunto de alimentos formados por carboidratos mal absorvidos pelo organismo que podem causar desconforto intestinal.
Alguns exemplos são o feijão, a cebola e o alho. "São alimentos muito presentes no dia a dia do brasileiro, mas que podem piorar a cólica no período menstrual", diz a médica.
Veja a seguir as respostas para dúvidas comuns sobre a cólica:
1. Bolsa de água quente ameniza mesmo a dor?
Sim. A bolsa de água quente ameniza principalmente as cólicas que têm origem no útero ou intestino. "Para a cólica causada por problemas na vesícula ou nos rins, porém, essa estratégia não vai ajudar", pondera Guimarães.
2. Colocar o bebê para arrotar pode evitar cólicas?
Sim. Em recém-nascidos, a médica diz que a cólica é causada pelos gases que são produzidos em seu intestino e que eles ainda não conseguem eliminar, porque o intestino dos bebês ainda está em formação.
"Enquanto o bebê está mamando, ele engole ar, então, pode colocar para arrotar e fazer uma massagem na barriga", sugere a gastroenterologista.
3. Chá de ervas ameniza cólicas?
É possível. Há chás que são usados há milênios com o objetivo de aliviar a dor abdominal, diz Guimarães.
Ela cita como exemplos os chás de hortelã, boldo, camomila, cidreira e erva-doce.
"É claro que, quando a gente fala de ervas, temos que pensar que não é porque é natural que não tem risco, então a pessoa precisa usar com consciência", diz ela. A médica recomenda tomar de uma a três xícaras de chá e priorizar o método de infusão.