5 coisas para não dizer a uma pessoa que decidiu congelar seus óvulos

"Você tem certeza de que é o melhor caminho? Não é arriscado? É muito hormônio!", foram frases assim que ouvi de pessoas queridas ao compartilhar que passaria pelo processo de congelamento de óvulos. Sem o desejo de engravidar no momento e aos 35 anos, decidi recorrer à técnica como forma de preservar a saúde das minhas células reprodutivas, para caso decida usá-las no futuro.

Perguntas e comentários com traços de cuidado são emitidos por amigos e parentes com boa intenção, mas é preciso cautela ao dar opiniões e demonstrar temores sobre uma decisão importante que muitas vezes não parte de um desejo primordial.

Ela pode envolver questões de infertilidade, pessoas que ainda não possuem parceiros fixos e que estão acima dos 35 anos, casais homoafetivos que dependem da fertilização in vitro, mulheres que adiam a maternidade para investir na carreira, entre outros motivos. O fato é que cada um sabe o que levou a importante ação.

A ginecologista e obstetra Melissa Cavagnoli, especializada em reprodução humana há 15 anos e diretora da clínica Hope, relata que uma das frases que suas pacientes costumam ouvir é na linha: "Por que você vai investir tanto em algo que não tem garantia de que vai dar certo?".

E a resposta que ela sempre dá é: "Sim, pois nada é garantia nessa vida. Talvez você possa chegar lá na frente e não dar certo o congelamento dos seus óvulos, mas você vai pensar que fez tudo o que estava ao seu alcance", afirma.

O também médico Alvaro Pigatto Ceschin, presidente da SBRA (Associação Brasileira de Reprodução Assistida), e que atua há 30 anos nessa área, completa: "Quando se faz o congelamento, se congela o prognóstico reprodutivo [a saúde daqueles óvulos no momento]. Não se congela a chance da gestação."

Confira a seguir outras quatro afirmações que não devem ser feitas a pessoas que decidiram tentar o congelamento de óvulos ou que já estão no processo, segundo os entrevistados:

"É muito dinheiro para quem nem sabe se quer ser mãe"

É uma reflexão necessária e muitas vezes dolorosa para algumas mulheres, compreendem os entrevistados. Por isso não é um comentário que deve ser feito. Nesse sentido, os especialistas reforçam que avaliar a saúde e qualidade da reserva ovariana perto dos 30 pode ajudar a definir essa resposta.

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Isso porque se o resultado indicar uma reserva de óvulos alta, a decisão sobre a maternidade pode ser adiada momentaneamente. Estudos científicos já comprovaram que esse fator registra queda acentuada a partir dos 35 anos. Logo, significa menor qualidade e quantidade para serem congelados com o tempo, explicam os médicos.

"Você precisa congelar mesmo? A fulana teve gêmeos aos 50 anos"

A resposta é unânime: a partir dos 35 a qualidade dos óvulos diminui. Por isso não é incomum que a mulher acima dos 40, 45 anos utilize óvulos de doadoras caso não tenha preservado os seus próprios até os 37, 38 anos, afirmam.

"Existe a chance de engravidar, mas é uma chance remota, são as exceções [que dão certo]. Muitas mulheres que engravidam com mais idade fazem tratamento com óvulos doados, pois elas não têm mais. É preciso filtrar muito, as pessoas têm que ter cuidado com o que falam por aí", ressalta a ginecologista.

"O processo vai acabar com a sua reserva ovariana"

Não, a reserva continua igual, explica Cavagnoli: "As pessoas me perguntam se vão entrar na menopausa antes porque estão tirando os óvulos naquele momento. E a resposta é não, isso não acontece".

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"É modinha congelar óvulos. Certeza que está sendo enganado pelo médico"

O congelamento de óvulos é um procedimento que deixou de ser considerado experimental em 2013, destacam os entrevistados. É a única maneira de conseguir preservar a fertilidade das mulheres, dando a elas um direito de escolha quanto à maternidade, conclui Cavagnoli.

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