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Receita 'milagrosa' que Glória Maria usava no rosto viraliza, mas funciona?

Nome histórico do jornalismo da Globo, Glória Maria morreu no dia 2 de fevereiro - DIVULGAÇÃO/TV GLOBO
Nome histórico do jornalismo da Globo, Glória Maria morreu no dia 2 de fevereiro Imagem: DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Simone Machado

Colaboração para VivaBem, em São José do Rio Preto (SP)

28/02/2023 04h00Atualizada em 28/02/2023 09h34

Uma receitinha caseira com apenas quatro ingredientes, Bepantol, Hipoglós, umas gotinhas das vitaminas E e A, seria o segredo de mulheres famosas para manter a pele jovem e hidratada.

Aos 67 anos, a cantora e compositora Marina Lima viralizou no Twitter após compartilhar essa misturinha "milagrosa".

Segundo a cantora, a "receita" era feita e usada diariamente pela jornalista Gloria Maria —conhecida pela sua jovialidade e cuidados com a saúde.

"Amigos, leio muitos comentários aqui, elogiando a minha aparência e boa forma aos 67 anos. Isso é um trabalho de formiguinha, que une alimentação, exercícios regulares, noites bem dormidas (se possível), e também cuidados com a pele", disse ela na postagem.

A postagem traz um vídeo antigo, de 2015, quando Glória Maria deu uma entrevista ao canal GNT e contou que o cirurgião plástico Ivo Pitanguy foi quem lhe ensinou o tratamento, que ela fazia todas as noites.

O truque foi muito compartilhado, ganhou fama e ficou conhecido como "milagroso".

Mas será que essa receita funciona?

Quando o assunto é hidratação da pele, a misturinha funciona principalmente em pessoas com a pele ressecada e mais madura, segundo especialistas.

  • Bepantol tem como principal componente o dexpantenol ou pró-vitamina B5, conhecido por seu poder hidratante, que ajuda a restaurar a barreira natural da pele.
  • Hipoglós tem em sua composição alguns óleos (retinol e óxido de zinco), que também têm alto poder de hidratação e formam uma camada protetora.

Os dois produtos —juntos ou separados— podem suavizar o aspecto ressecado do corpo, principalmente nos joelhos, cotovelos, pés e axilas.

A dermatologista Beatrice Martinez Zugaib Abdalla, do Hospital Sírio-Libanês, destaca que é possível fazer o uso dessa mistura caseira, mas é importante saber que esses produtos não são produtos feitos com o objetivo de cuidar do rosto — e dependendo do tipo de pele, o resultado pode não ser o esperado.

"Hoje, com a evolução dos dermocosméticos, há vários produtos disponíveis e com outros princípios ativos para atuação na pele. É importante salientar que cremes reparadores e de barreira como a mistura citada, dependendo do tipo de pele, podem causar obstrução dos poros e acne", diz.

Letícia Siqueira Sousa, dermatologista do Hospital Santa Paula, explica que a principal diferença da misturinha caseira feita por Glória Maria e Marina Lima com os comercializados pela indústria de cosméticos é que os industrializados passam por um processo de adequação do pH e concentração correta dos ativos para que todos os ingredientes de sua composição sejam absorvidos pela pele.

"Cada ingrediente precisa estar no seu pH e quantidade adequados para garantir a sua eficácia máxima, o que não acontece nessa mistura caseira, onde um ingrediente pode anular a ação do outro", afirma.

Segundo Sousa, nos cosméticos industrializados não se usa a vitamina A em sua forma natural, mas sim seus derivados como adapaleno e tretinoína, por serem mais fáceis de serem absorvidos e assim cheguem nas camadas mais profundas da pele, melhorando os resultados.

Outra recomendação é que antes de passar algum produto no rosto ou até mesmo no corpo, é necessário passar por uma consulta médica para evitar problemas como alergias, irritações e descamação na pele.

"Não se deve fazer uso dessas receitas sem supervisão profissional. Cada um tem um tipo de pele, então nem todo produto que faz efeito positivo em um indivíduo será necessariamente benéfico para outro. Pessoas mais idosas e com a pele muito ressecada, com orientação profissional podem fazer uso uma vez por semana, apenas", diz Elisete Crocco, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).