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Influencer diz que ponto abriu em voo pós-cirurgia: pressão afeta? Entenda

Personal trainer conta que teve sangramento e abertura de ponto no avião - Reprodução/TikTok
Personal trainer conta que teve sangramento e abertura de ponto no avião Imagem: Reprodução/TikTok

Do VivaBem, em São Paulo

24/10/2022 15h34

Uma influenciadora viralizou no TikTok ao dizer que sua cabeça teria "explodido" ao viajar de avião no pós-operatório do procedimento "foxy eyes", cirurgia plástica para alongar o olhar.

Segundo a personal trainer e nutricionista Weronika, o médico que fez a cirurgia a liberou para viajar. Mas a influenciadora, que usava um dreno, relatou sangramento e que um dos pontos abriu. Ela conseguiu estancar o sangue até pousar no destino.

"Eu senti muita dor na orelha, e pensei: 'Como isso é possível? Eu nem consigo sentir as minhas orelhas ainda'. Tudo estava doendo muito, eu me levantei, fui ao banheiro e ouvi um estalo. Imediatamente, senti um líquido quente [sangue] escorrendo pelo meu pescoço, peguei algumas toalhas e comecei a limpá-lo", contou.

O protocolo para viajar de avião após uma cirurgia depende do tipo de intervenção. Porém, há um período de "bom senso", para reduzir qualquer tipo de esforço nos primeiros sete a dez dias depois da operação. Após isso, cabe ao médico liberar ou não a pessoa ao realizar a avaliação individual, indica José Octavio Gonçalves de Freitas, presidente da SBCP-SP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional São Paulo).

Em vídeos no Instagram datados de uma semana atrás, Weronika mostrou os preparativos para o procedimento. Ou seja, se a cirurgia aconteceu neste intervalo, seria um período ainda recente para ela viajar de avião.

Cabeça 'explodiu'? Não é bem assim

A indicação de repouso após uma cirurgia é essencial porque mesmo poucos esforços conseguem prejudicar a cicatrização e causar complicações.

É difícil entender o que aconteceu com a influenciadora, já que é necessário saber como foi a cirurgia e sobre o seu próprio metabolismo. No entanto, dizer que a "cabeça explodiu" é algo pouco literal e até alarmista, pontuam dois cirurgiões plásticos ouvidos por VivaBem. Em geral, como Weronika descreveu, podem acontecer sangramentos e a abertura dos pontos, que merecem atenção médica.

Porém, isso resulta de algum esforço do paciente no pós-operatório, e não só pela mudança de pressão do avião. "A cicatrização não tem nenhuma alteração sob pressão, porque há variação dentro da natural para o ser humano", indica Freitas.

Para liberar a viagem, o médico deve considerar o metabolismo após a cirurgia, avaliando se houve complicações no procedimento e qual o estado da pessoa considerando os impactos da anestesia e a interação com as medicações no pós-operatório.

Alterações no metabolismo facilitam a formação de hematomas (quando há acúmulo de sangue em alguma região). Aí, o líquido tende a sair pelo lugar mais fácil, acompanhando a cicatriz.

"Viagem tem muito esforço. A pessoa levanta, vai ao banheiro, faz força, pega mala. Geralmente, quando viaja precoce, precisa ter alguém para ajudar. O líquido acumulado sai pelo lugar onde é mais fácil de qualquer pressão abrir de novo, que seria o caminho do dreno ou na sutura", descreve o cirurgião plástico Fernando Amato, mestre pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

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Outra possibilidade para a complicação descrita por Weronika é a formação de bolhas de ar entre os tecidos. "Os tecidos não estão bem colados, então há espaço para acumular líquido ou ar, gerando hematoma", diz Amato. Então, novamente, o sangue acumulado costumar sair pela cicatriz.

Como as complicações são mais comuns quando o repouso é inadequado, é preciso seguir as indicações do médico, inclusive usando cintas e malhas para evitar a formação de líquidos.