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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Tumor primário oculto: entenda doença de Anderson Leonardo, do Molejo

O cantor Anderson Leonardo, do Molejo - Reprodução / Instagram
O cantor Anderson Leonardo, do Molejo Imagem: Reprodução / Instagram

Do VivaBem, em São Paulo

14/10/2022 15h24

Vocalista do grupo de pagode Molejo, o cantor Anderson Leonardo, 50, comunicou nesta quinta-feira (13) que, após uma bateria de exames, foi diagnosticado com tumor primário oculto, um câncer cuja origem é desconhecida.

Todo os tipos de câncer são nomeados com base na parte do corpo onde o tumor surgiu, local tecnicamente conhecido como sítio primário. O câncer pode ter surgido no pulmão ou nas mamas, por exemplo. Nem sempre, contudo, os médicos conseguem descobrir onde um tumor surgiu: quando isso acontece, a doença é descrita como tumor primário oculto.

"Nos casos dos tumores de sítio primário oculto, nós não sabemos de onde esse tumor se originou e, por isso, geralmente ele é descoberto de forma tardia, muitas vezes quando a neoplasia já está avançada", afirma Rodrigo Nascimento Pinheiro, cirurgião oncológico e vice-presidente da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica).

Sintomas e diagnóstico

Pinheiro explica que, na maioria dos casos, esse tipo de câncer é diagnosticado quando os tumores já saíram de seu local de origem (sítio primário) e invadiram tecidos ou órgãos vizinhos ou até distantes —processo conhecido como metástase.

Enquanto a dor no peito e a tosse com expectoração com sangue são índicos característicos do câncer de pulmão, por exemplo, o médico explica que o tumor primário oculto não apresenta sintomas específicos. Os indícios dependem do local onde o câncer teve origem, que pode ser qualquer órgão do corpo, o que dificulta o diagnóstico.

"Esse tipo de tumor tem sintomas muito vagos, então é preciso ficar atento a qualquer inchaço ou tumoração, principalmente os gânglios linfonodos endurecidos e aumentados ou, por vezes, algum sangramento ou dor em algum órgão", explica o oncologista.

O Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NHI, na sigla em inglês), recomenda buscar um médico na presença de quaisquer dos sintomas abaixo:

  • Caroço ou espessamento em qualquer parte do corpo;
  • Dor que está em uma parte do corpo e não vai embora;
  • Tosse que não passa ou rouquidão na voz;
  • Mudança nos hábitos intestinais ou da bexiga, como constipação, diarreia ou micção frequente;
  • Sangramento ou corrimento incomum;
  • Febre sem motivo conhecido que não desaparece;
  • Suores noturnos exagerados;
  • Perda de peso sem motivo conhecido ou perda de apetite.

Exames de imagem, como tomografias, incluindo o PET-CT, além de ressonâncias, ultrassonografias e a biópsia podem ser necessários para a identificação do tumor. "O diagnóstico se dá principalmente através da coleta de material da metástase, ou da tumoração que surge", explica o médico.

Como funciona o tratamento

A partir da biópsia e de testes mais extensos em laboratório, em alguns casos é possível encontrar indícios do local de origem do tumor. Se isso acontecer, a doença é renomeada e tratada conforme o sítio primário.

Na maioria dos casos, porém, como os médicos não sabem onde o tumor surgiu, o tratamento é feito à base de vários quimioterápicos diferentes, segundo o oncologista. "São utilizadas quimioterápicos associados justamente para aumentar as chances de respostas e de tratamento específico", explica Pinheiro.

Dependendo do caso, o tratamento também pode envolver cirurgias, radioterapia ou terapia hormonal.

Segundo o NHI, os médicos usam os seguintes tipos de informações para planejar o tratamento de cada paciente:

  • O local do corpo onde o câncer é encontrado, como o peritônio ou os linfonodos cervicais (pescoço), axilares (axilas) ou inguinais (virilha);
  • O tipo de célula cancerosa;
  • Se a célula cancerosa é pouco diferenciada (parece muito diferente das células normais quando observadas ao microscópio);
  • Os sinais e sintomas causados;
  • Os resultados de testes e procedimentos;
  • Se o câncer é recém-diagnosticado ou se recidivou (quando o tumor voltou).

Segundo nota divulgada em suas redes sociais, Anderson Leonardo já deu início ao tratamento e não irá interromper a agenda com o grupo musical. "Ele conta com apoio e orações de todos", acrescentou o comunicado.

Tem como prevenir?

Segundo Pinheiro, não existem grupos de risco específicos para o tumor primário oculto. Além de fatores genéticos, contudo, sabe-se que alguns hábitos predispõem ao desenvolvimento de qualquer tipo de câncer, como o tabagismo, a obesidade e o sedentarismo.

Para diminuir o risco de ter a doença, a medicina recomenda, por exemplo, não fumar, não consumir álcool em excesso, ter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física com frequência e realizar exames periódicos e preventivos —como a mamografia (no caso do câncer de mama) e colonoscopia (no caso do câncer colorretal), por exemplo.