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Caso de leishmaniose visceral em Sorocaba deixa autoridades em alerta

O mosquito-palha, transmissor da leishmaniose - Reprodução
O mosquito-palha, transmissor da leishmaniose Imagem: Reprodução

Felipe de Souza

Colaboração para VivaBem, em Campinas (SP)

09/09/2022 16h26

A confirmação de um caso de leishmaniose visceral em Sorocaba, interior de São Paulo, chamou a atenção de autoridades médicas. A doença, comumente associada a cachorros e transmitida pelo mosquito-palha, está se expandindo no estado, segundo infectologistas.

A paciente é uma mulher, de 54 anos, moradora da cidade. Ela está internada em um hospital do município, sendo acompanhada por equipes da Vigilância Epidemiológica de Sorocaba.

Não houve a confirmação se ela contraiu a doença no município ou se veio de viagem recente. Mas esse é o primeiro caso em humano notificado em Sorocaba. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, de janeiro a julho deste ano foram registrados 33 casos de leishmaniose visceral, mas o número de mortes não foi informado. No mesmo período de 2021, foram 43 casos —também sem número de mortes.

A doença está em expansão no estado de São Paulo, especialmente em cães. O primeiro registro foi em 1999, mas até hoje foram poucos casos em humanos. A região oeste, onde ficam cidades como Presidente Prudente e outras próximas à divisa com Paraná e Mato Grosso do Sul, é a que concentra as principais ocorrências.

Doença não é silenciosa, mas pode enganar

Geralmente, a leishmaniose visceral ataca cães, que, em geral, precisam ser sacrificados se não forem tratados a tempo. Em humanos, os primeiros sintomas são um tanto inespecíficos, como fraqueza, perda do apetite, emagrecimento e mal-estar —a paciente de Sorocaba, segundo a Vigilância Epidemiológica, teve exatamente essa mesma lista.

Com o passar do tempo, a pessoa começa a apresentar febre baixa, aumento do volume abdominal devido ao aumento do fígado e do baço e piora da fraqueza por causa da anemia.

Se não diagnosticado ou tratado, o paciente pode progredir para uma diminuição importante da imunidade, levando a infecções bacterianas.

A leishmaniose visceral é geralmente uma doença grave e progressiva que, se não tratada, tem taxa de letalidade de 90%. Na forma avançada, o paciente não consegue se curar sozinho e precisa ser medicado.

O tratamento é feito com medicamentos injetáveis, geralmente no hospital. As medicações mais utilizadas são a anfotericina B (combinada com outros medicamentos para evitar sobrecarga no sistema renal) e o antimonial pentavalente.

O cão transmite a leishmaniose visceral?

O cão não transmite a doença diretamente para os humanos. A doença, na verdade, é transmitida por um inseto chamado flebotomíneo, que é muito parecido com um pernilongo, chamado o mosquito-palha.

Como se prevenir?

A melhor forma de prevenção é evitar que o mosquito se aproxime da sua casa. As dicas são as mesmas de prevenção para o Aedes aegypti, que transmite dengue, zika vírus, febre amarela e chikungunya: não deixar água parada em recipientes, proteger janelas com telas contra entrada de mosquitos.

O mosquito-palha vive em locais úmidos com sombra e acúmulo de material orgânico, como restos de comida, frutas apodrecidas e fezes de animais.

No caso de cães, é possível evitar a doença usando uma coleira com inseticida chamado "deltametrina a 4%". No mês passado, a cidade de Bauru (que fica no oeste do Estado) começou a usar as coleiras após confirmações de casos em cães.

Fontes: André Giglio Bueno, graduado com residência em infectologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), professor de infectologia da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas (SP); Felipe Tuon, graduado em medicina pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), residência em clinica médica e em infectologia pela USP (Universidade de São Paulo), coordenador do Antimicrobial Stewarship Program do Hospital Universitário Cajuru e infectologista do Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR); Camila Lopes Ahrens, graduada em medicina pela UCPel (Universidade Católica de Pelotas) e infectologista do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR).

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, o caso relatado na matéria não é o primeiro no Estado de São Paulo neste ano e, sim, o primeiro em Sorocaba. A matéria foi atualizada.