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Jogadores do PSG não podem tomar Coca e Ice Tea; bebidas afetam atletas?

Neymar e Mbappé em jogo do PSG contra o Metz pelo Campeonato Francês - Tim Clayton/Corbis via Getty Images
Neymar e Mbappé em jogo do PSG contra o Metz pelo Campeonato Francês Imagem: Tim Clayton/Corbis via Getty Images

Do VivaBem, em São Paulo

18/08/2022 11h35

O Paris Saint-Germain (PSG) tem uma nova diretriz nutricional: é proibido beber Coca-Cola e Ice Tea. As duas bebidas açucaradas foram cortadas da dieta de Neymar, Mbappé e seus colegas de time. Segundo a imprensa francesa, a decisão do nutricionista parte do princípio de que esse tipo de bebida não é compatível com esportes de alto rendimento, como o futebol.

"Essas bebidas são uma forma muito fácil e rápida de consumir quantidade de carboidratos muito grande, e são carboidratos vazios, não são alimentos funcionais", explica Guilherme Giorelli, nutrólogo e coordenador da pós-graduação em nutrologia do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Apesar de atletas, especialmente os de alto rendimento, precisarem de uma grande quantidade de calorias para performar em suas áreas de atuação, esse consumo deve ser rico em outros nutrientes, como vitaminas e proteínas, que os refrigerantes e outras bebidas industrializadas não têm. "Essas bebidas têm muito corante e poucos nutrientes, são só calorias e não têm nenhum benefício nutricional", diz Franciele Gouveia, nutricionista esportiva do Hospital Universitário Cajuru (PR).

Na composição de um refrigerante, há uma concentração de 10% a 12% de carboidratos em 1 litro de bebida, explica Vanessa Lobato, nutricionista clínica esportiva, especialista em fisiologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e professora da Faculdade Santa Marcelina. "As pessoas precisam de água e carboidrato, mas não nessa concentração", afirma.

Em comparação, bebidas voltadas para o público que pratica esporte têm entre 6% e 8% de carboidratos na concentração, e são produtos de rápida absorção, diferentemente dos refrigerantes, que têm uma absorção mais lenta pelo organismo. Os refrigerantes e bebidas similares também podem alterar a microbiota intestinal, diz Lobato. "Por causa da alta intensidade de treino, um atleta já pode ter alteração na microbiota, com o consumo de refrigerantes fica mais difícil ainda ele ter uma recuperação diária", explica.

Jogadores de futebol treinam de forma muito intensa e em uma frequência maior do que outros tipos de atleta, por isso têm menos tempo de recuperação do corpo após o treino, e as bebidas com alta concentração de açúcar podem atrapalhar esse processo.

"Muitos atletas gostam de tomar refrigerante por conta da cafeína e dos carboidratos, mas primeiro que é uma concentração errada presente na composição, segundo que pode gerar gases que causam desconforto gástrico. Tem bebidas que são de melhor qualidade para atletas", diz a nutricionista.

E quem não é atleta?

Refrigerantes e chás industrializados fazem parte de uma categoria de alimentos chamada pelos cientistas de ultraprocessados. O consumo desse tipo já foi associado em diversos estudos ao aumento de obesidade, doenças cardíacas, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer, depressão e até declínio cognitivo.

"Se tivesse que escolher uma coisa para poder reduzir a obesidade no mundo inteiro, seria retirar as bebidas ricas em açúcar do mercado", afirma Giorelli. A obesidade é uma doença que pode ocasionar diversos outros tipos de problemas, como hipertensão e diabetes.

O nutrólogo explica que esse tipo de alimento não precisa ser encarado como um veneno, mas é um problema quando consumido de forma excessiva.

Outro problema apontado por Lobato é que os refrigerantes e bebidas similares contêm corantes que já foram associados a maior incidência de câncer. No Brasil, a legislação ainda permite que os refrigerantes tenham uma quantidade maior de corantes do que em outros países, por isso, o consumo desse tipo de produto feito no país deve ser menor, seja a pessoa atleta ou não.

"São muitos carboidratos concentrados em forma de açúcar. Se uma pessoa que fica a maior parte do tempo sentada e não necessita de tanto carboidrato consome muito, essa energia vai virar gordura", diz Lobato. "Por isso, o peso aumenta, o corpo começa a diminuir a metabolização, além de começar a criar resistência periférica à insulina", completa. Esses problemas, ressalta a nutricionista, acontecem no consumo a longo prazo.