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6 sinais que indicam que você está usando um sutiã errado e como escolher

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Imagem: iStock

Janaína Silva

Colaboração para VivaBem

08/08/2022 04h00

Parte do vestuário feminino, o sutiã proporciona beleza ao visual —a depender de seu tecido e adereços— e conforto na sustentação das mamas, porém a peça já foi dispensada por muitas durante a pandemia, que trocaram o modelo com aros —conhecidos, também, por aspas e, até mesmo, ferrinhos— por tops e regatas.

Surgido no início dos anos de 1900, criado pela nova-iorquina Mary Phelps, que patenteou a invenção, após ter reproduzido o protótipo que usava lenços e faixas às amigas, o sutiã, diferente do que é repetido quando é associado ao feminismo, nunca foi queimado em praça pública, segundo a história.

Para todas as ocasiões —academia, dia a dia, momentos íntimos e festas, além dos especiais para amamentação e pós-cirúrgicos—, eles são encontrados em diferentes materiais, como renda, algodão e elastano, cores, modelos —com bojo, com enchimento, meia-taça, com armação, sem alça— porém, apesar de todas essas opções, são capazes de provocar dores nas costas e até marcas nos ombros e na região abaixo dos seios.

Entre as causas, certamente está o exemplar eleito, que deve ser proporcional ao tamanho das mamas e ao biotipo da mulher. Contudo é bom ficar atenta às orientações dos especialistas consultados por VivaBem, que elencaram os principais incômodos e como solucioná-los.

  • 1) Ombros marcados no fim do dia

Mulher gorda usando sutiã - iStock - iStock
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Se o sutiã não for adequado ou estiver mal ajustado, todo o peso das mamas incide no sentido vertical, impacta diretamente os ombros, deixa sulcos pela pressão, tendo como consequência, também, lesões de nervos e dores nos braços.

"Para evitar a marca nos ombros, é necessário optar por exemplares com laterais mais altas e deixando-os mais ajustados, aumentando a pressão dos seios contra o tórax. Quanto mais volumoso, mais larga precisa ser a lateral do bojo", ensina Beatriz Lassance, cirurgiã plástica.

As alças finas devem ser evitadas. Além disso, a parte que engloba a circunferência do tórax não deve ser aperada, pois deixa marcas vermelhas na pele sob os seios, e nem muito larga, que faz com que o sutiã fique suspenso na parte das costas e sobrecarregue as alças.

  • 2) Dores constantes nas costas e na cervical

O uso inadequado do sutiã leva à sobrecarga na coluna dorsal e a dores na cervical, que se relacionam à fadiga muscular e ao aumento da solicitação ligamentar, comuns em mulheres que têm um maior volume das mamas.

Na opinião de Marcelo Risso, ortopedista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), isso não significa que toda mulher que tem seios maiores terá dor. "Elas serão mais comuns quando se associa obesidade, sedentarismo e outros distúrbios."

Para amenizar esses sintomas, o tipo mais indicado é o que possui laterais e alças mais largas, que proporcionam mais conforto. "O ideal é sustentar a mama numa posição mais elevada, diminuindo a sobrecarga dorsal", afirma Risso.

Outro cuidado é em relação à postura. Os seios maiores exigem fortalecimento da musculatura das regiões vertebral e dorsal para contrabalancear o peso, mantendo os ombros para trás e a coluna vertebral torácica bem posicionada.

"Mulheres com mamas avantajadas, ao contrário, tentam esconder o tamanho colocando ombros para frente e curvando a coluna. Com o tempo há desgaste do local e dor", exemplifica a cirurgiã plástica.

  • 3) Incômodo nas mamas

Três tipos, modelos de sutiã - iStock - iStock
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A dor mamária —mastalgia— pode ter relação com o uso inadequado da peça. De acordo com Cristiane Coutinho, coordenadora do serviço de mastologia da MEAC (Maternidade Escola Assis Chateubriand), do CH-UFC (Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará), ligada à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), ela é cíclica quando tem relação com o período menstrual e seus hormônios ou acíclica, cujas causas relacionam-se à atividade física, pancadas, infecções e tamanho.

"A mastalgia não é fator de risco ou sintoma de câncer de mama", assegura.

O melhor modelo para reduzir possíveis dores é o que proporciona boa sustentação, não é aconselhado o uso de aspas (aros) e os pequenos. Taças menores que não cobrem todo o seio chegam a provocar desconfortos. Já os bojos maiores exigem atenção, pois não dão o apoio necessário.

Se houver dor mamária, o uso do sutiã durante à noite, para dormir, é recomendado.

  • 4) Flacidez e estrias

A mama é composta por tecido glandular e gordura, que são sustentados por ligamentos e pele. Segundo Lassance, a qualidade e a quantidade dessas estruturas variam muito e, portanto, a necessidade de suporte é muito diferente. A ação da gravidade estira a pele e os ligamentos para baixo e ocasiona, naturalmente, a flacidez.

"O surgimento de estrias e perda da firmeza envolvem aspectos que são inerentes à mulher e de difícil controle, como predisposição genética, volume e envelhecimento", esclarece Patrícia Mircea Rodrigues Brasileiro Machado, médica mastologista da MCO-UFBA (Maternidade Climério de Oliveira, da Universidade Federal da Bahia), ligada à rede Ebserh.

Para ela, existem hábitos saudáveis que ajudam a retardar a flacidez, como boa alimentação, controle do peso e evitar o tabagismo. "O uso do sutiã parece ser menos importante nessa busca para manter o tônus, embora seja recomendado pelo conforto que promove."

No período de amamentação, é aconselhável o uso dos de maior contenção.

  • 5) Mamilos e área sob os seios coçando ou irritados

Mulher usando sutiã - iStock - iStock
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Os mamilos podem sofrer escoriações se o tecido for muito duro ou com fibra muito áspera. As alergias, em geral a dermatite atópica, não são tão frequentes e são desencadeadas pelo material, seu tingimento e, até mesmo, pelo amaciante usado na lavagem.

A solução é adotar os feitos de algodão, que ajudam, também, na evaporação da transpiração, e, de preferência, na cor branca.

Mais comum que as alergias são o aparecimento de fungos e as infecções no sulco mamário —região abaixo do seio. "Na pele das mamas, existem glândulas sudoríparas e sebáceas. Quando a sustentação não é suficiente, no caso das mais volumosas, o suor fica acumulado no sulco, contribuindo para a proliferação de microrganismos", descreve Lassance.

  • 6) Dor após fazer ginástica ou correr

Devido à repetição do impacto durante as atividades físicas, que pode provocar dor mamária e acelerar a flacidez, o recomendado são tops que sustentem as mamas de forma mais firme e compacta, associados a alças mais largas.

Contudo, os especialistas alertam que os modelos não precisam apertar demais e os tecidos devem permitir a transpiração.

Quando ir ao médico

Ao sentir algum sintoma diferente nas mamas, sejam dores localizadas persistentes, nódulos, áreas endurecidas, hiperemia (vermelhidão), manchas nas roupas, feridas nos mamilos, alterações no formato e no posicionamento do seio, é aconselhado consultar-se com médicos para investigar as causas.

Além disso, vale ressaltar, os especialistas afirmam que sutiã apertado não provoca câncer, bem como o uso de desodorantes antitranspirantes. São mitos: o câncer é provocado por alterações celulares.

Fontes: Beatriz Lassance, cirurgiã plástica formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC, atuou no OLVG (Onze Lieve Vrouwe Gusthuis), em Amsterdam, Holanda, e é membro titular da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery), da ASPS (American Society of Plastic Surgery), do ACLM (American College of LifeStyle Medicine) e do CBMEV (Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida); Cristiane Coutinho, médica mastologista e coordenadora do serviço de mastologia da MEAC (Maternidade Escola Assis Chateubriand), do CH-UFC (Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará), ligada à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Marcelo Risso, ortopedista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP); e Patrícia Mircea Rodrigues Brasileiro Machado, médica mastologista da MCO-UFBA (Maternidade Climério de Oliveira, da Universidade Federal da Bahia), ligada à rede Ebserh.