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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Mole, dura, pontuda, redonda: descubra o que revela cada tipo de barriga

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Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

06/07/2022 04h00

Situada entre o tórax e a pelve, ou bacia, a popular barriga nada mais é que o abdome. Nele, ou nela, como preferir, estão presentes vários órgãos, como estômago, intestinos delgado e grosso, fígado, rins, que são sustentados por músculos e, em parte, ossos, como as costelas, na parte posterior.

Também há nela presença de gordura, que se acumula, e tudo isso influencia no seu formato final, sujeito ainda a alterações hormonais e de idade, estilo de vida e doenças.

Quando a barriga aumenta de tamanho, em geral, tem a ver com ganhos calóricos, mas outras causas para se desconfiar incluem: retenção de líquidos; distensão por comilanças em excesso, constipação intestinal; barriga d'água (ascite), relacionada a disfunções renais, cardíacas, hepáticas, ou ainda verminoses.

Agora, sendo "magro", mas com alto percentual de gordura, acima do ideal e localizado na barriga, pode ser por sedentarismo, genética e má alimentação.

Barriga inchada e dura é sintoma de intolerância alimentar, gases ou consumo de álcool. Nos homens, costuma ser mais predominante, mas quando não passageira, tem a ver com retenção de gordura visceral, relacionada a estresse (cortisol), colesterol alto, hipertensão e síndrome metabólica.

Em mulheres, barriga dura e inchada como uma característica pessoal, costuma aparecer mais após a menopausa, com a queda de hormônios, principalmente o estrógeno.

Barriga mole é um pouco menos grave

Umbigo, barriga - iStock - iStock
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Se barriga inchada, dura e permanente aponta presença de gordura visceral, que é perigosa, (pois leva a problemas como infarto, AVC, trombose, resistência à insulina, dando origem a diabetes, além de câncer), barriga mole, por outro lado, é um pouco menos preocupante.

Não que seja saudável, mas essa gordura, periférica, protetora contra traumas e responsável pelos pneus laterais, oferece riscos mais baixos de complicações metabólicas e mortes prematuras.

Esse é também o tipo de gordura que se acumula nos glúteos e nas laterais das coxas, por exemplo. Quanto à moleza, está relacionada à flacidez, falta de fortalecimento muscular na região abdominal, além de muitas variações de peso, o famoso efeito sanfona, que ainda pode provocar lesões na pele.

Esses são motivos que levam ao problema e que com o avanço da idade tende a se intensificar, pois ocorre uma diminuição gradual da produção de colágeno.

Tem mais. Barriga mole, sobretudo com pele solta e sobrando, pode ser consequência de uma grande perda de quilos, como ocorre após alguém ser submetido a uma cirurgia bariátrica. Ou então de uma diástase, condição comum na gestação, quando a musculatura da região é muito distendida, afastada para que o bebê tenha espaço na barriga da mãe, e acaba enfraquecida. Se não tratada o quanto antes, facilita hérnias locais, além de dores e incontinência urinária.

Pontuda é menino, redonda é menina?

mulher grávida, gestante, gravidez - iStock - iStock
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Apontados alguns porquês da flacidez, continuemos a respeito das gestantes, pois há muito o que esclarecer a respeito da barriga delas. O primeiro ponto é sobre o formato, que se for pontudo e mais abaixo, no útero, indicaria que o sexo do bebê é masculino e quando redonda e para o alto, feminino. Mas a verdade é que tudo isso não passa de especulação, pois não há estudos científicos robustos que provem a relação entre gênero e formato da barriga.

É algo muito individual, que depende de genética, estrutura corpórea, presença, ou não, de diabetes, e quantidade de líquido amniótico. A barriga também não é imutável, ela se transforma até a hora do parto. Os órgãos e a posição do bebê, que também se desenvolve, muda de tamanho, se alteram o tempo todo e se a mãe for "de primeira viagem" também influencia. Com músculos fortalecidos, a barriga fica mais alta, do contrário, tende a cair mais.

O recomendável é que se a gestante perceber algum tipo de alteração atípica no organismo ou no processo da gestação, consulte o ginecologista ou obstetra, para saber se está tudo normal ou se há algum problema, que inclusive pode comprometer a gravidez.

Sinais a se prestar atenção são: barriga dura, que pode ser desde uma distensão muscular, até contrações pré-parto ou um possível aborto, dores fortes e constantes na parte inferior, febre e sangramento.

Para cada barriga, um tratamento

Em se tratando de uma barriga que aumentou e não por acúmulo de gordura, é necessário investigar a causa e tratá-la. Retenção de líquidos exige redução do consumo de sal, hidratação (pois a retenção é uma forma de o organismo compensar a falta de água), atividades físicas, avaliação médica dos níveis hormonais e de eventuais problemas cardiovasculares, renais ou hepáticos.

Com distensão e constipação, aumentar ainda a ingestão de fibras e comer devagar.

Barriga flácida/ Barriga após emagrecer  - iStock - iStock
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Quanto à flacidez abdominal, é combatida com prática de exercícios, fortalecimento muscular local e reeducação alimentar, sem dietas muito restritas e emagrecimento acelerado. Os médicos da área de endocrinologia e nutrição podem ser os mais indicados e, havendo excesso de pele, o cirurgião plástico.

Mas há técnicas não invasivas, alternativas a abdominoplastia, como radiofrequência, com ou sem ultrassom, laser infravermelho e ultrassom microfocado.

No que compete às gestantes, o tratamento de diástase (afastamento dos músculos retos abdominais e do tecido conjuntivo) varia a depender do grau. Ele se divide em exercícios de alongamento e fortalecimento, fisioterapia ou, em último caso, cirurgia, também indicada havendo consequentes hérnias, sobretudo quando o espaçamento ultrapassa 2,5 cm e só o tratamento conservador (exercício e fisioterapia) não é suficiente para corrigir o afastamento.

Fontes: Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra dos Hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein (SP); Guillermo Tierno, coordenador do serviço de ortopedia do Hospital Cárdio Pulmonar, em Salvador (BA); Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); e Wendell Uguetto, cirurgião plástico da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e do Hospital Albert Einstein.