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Com leucemia, marido de Poppovic fará transplante; como é o tratamento?

Jornalista agradeceu o apoio dos seguidores em foto ao lado do marido, Marcello Bronstein - Reprodução/Instagram
Jornalista agradeceu o apoio dos seguidores em foto ao lado do marido, Marcello Bronstein Imagem: Reprodução/Instagram

Do VivaBem*, em São Paulo

04/07/2022 12h07

A jornalista Silvia Poppovic comunicou nas redes sociais que o marido, o médico Marcello Bronstein, vai fazer um transplante de medula óssea após não reagir bem aos tratamentos iniciais de uma leucemia descoberta há nove meses.

Poppovic contou que a filha do casal, Ana, será a doadora. "Um caminho difícil, mas temos esperança de que será salvador", disse. "Nossa filha Ana, muito generosa, foi a doadora; felizmente compatível."

No vídeo, a jornalista não especifica o tipo de câncer do marido, mas o transplante de medula costuma ser indicado para alguns casos de leucemias agudas —quando há rápida multiplicação de células anormais.

A leucemia é um tipo de câncer que afeta o sangue ou mais especificamente os leucócitos (também chamados de glóbulos brancos), responsáveis pela defesa do nosso organismo contra infecções.

O transplante ocorre após a quimioterapia e o paciente recebe células-tronco formadoras do sangue de um doador compatível (alogênico). Quando não há um irmão ou parente próximo compatível, pode-se tentar uma busca no Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea).

No transplante autólogo, são usadas células-tronco do próprio paciente. Um dos efeitos mais importantes a curto prazo dos transplantes é o risco de infecções graves, por isso é preciso tomar uma série de cuidados.

Como surge o câncer?

As células do nosso sangue são produzidas na medula óssea, um líquido gelatinoso que fica na parte interna e central dos ossos, popularmente chamado de tutano. Existem três tipos de células:

  • Hemácias, ou glóbulos vermelhos (contêm hemoglobina, que carrega oxigênio para o corpo);
  • Leucócitos, ou glóbulos brancos (protegem o corpo contra infecções e estruturas estranhas);
  • Plaquetas (responsáveis pela coagulação, evitam hemorragias).

A leucemia é uma doença dos leucócitos. Suas células progenitoras, na medula óssea, sofrem uma mutação, ou seja, uma alteração no seu DNA, e se transformam em células doentes (blastos), que passam a se multiplicar de forma anormal.

Existem diferentes tipos de leucócitos, com funções diferentes no sistema imunológico:

  • Linfócitos (se dividem principalmente em linfócitos B e as células T);
  • Granulócitos (há três tipos: neutrófilos, basófilos e eosinófilos);
  • Monócitos.

Os neutrófilos, basófilos, eosinófilos e monócitos surgem a partir de células-tronco mieloides. Já os linfócitos se originam a partir de células-tronco linfoides.

Quais os tipos de leucemia?

De acordo com a evolução, a doença pode ser aguda (quando a multiplicação de células anormais é muito rápida e os sintomas se agravam rápido) ou crônica (quando a multiplicação não é tão rápida e os sintomas se agravam gradualmente). Esta última é mais comum em adultos.

Além disso, quando as células linfoides é que são afetadas, as leucemias podem ser chamadas de linfoide, linfocítica ou linfoblástica. Já quando as células mieloides é que estão doentes, as leucemias são chamadas de mieloide ou mieloblástica.

Veja, a seguir, os tipos de leucemia mais comuns, suas características e prevalência:

- Leucemia linfoide aguda (LLA): mais comum em crianças e adolescentes (cerca de 70% dos casos são em pediatria). Os leucócitos alterados são os linfócitos, chamados de linfoblastos. Sua multiplicação desordenada é rápida e compromete todas a produção de células sanguíneas, por isso é importante que o diagnóstico seja rápido. Os sintomas também podem incluir dores de cabeça e vômitos. A boa notícia é que 90% das crianças em tratamento são curadas. Entre os adultos com a doença, o que é menos comum, cerca de 50% entram em remissão completa.

- Leucemia linfoide crônica (LLC): não acomete crianças e adolescentes, e é mais comum após os 50 anos. Os leucócitos alterados são os linfoblastos, mas sua multiplicação desordenada é lenta e não costuma afetar a produção de células normais. A maior parte dos casos afeta os linfócitos B, mas há subtipos mais raros que podem afetar também os linfócitos T (leucemia prolinfocítica ou linfocítica granular) ou as células pilosas (tricoleucemia).

- Leucemia mieloide aguda (LMA): pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum a partir dos 65 anos. Cerca de 25% dos casos são em crianças e adolescentes. Os leucócitos alterados são os granulócitos, chamados de mieloblastos. Sua multiplicação desordenada é rápida. Sangramentos persistentes podem ser um sintoma comum. Pacientes com mielodisplasia, mielofibrose e leucemia mieloide crônica têm mais risco de desenvolver a doença, bem como pacientes com doenças raras como a anemia de Fanconi. Existem 9 subtipos de LMA.

- Leucemia mieloide crônica (LMC): mais comum após os 50 anos; apenas 5% dos casos são em crianças e adolescentes. Os leucócitos alterados são os granulócitos, chamados de mieloblastos. Sua multiplicação desordenada é lenta. A diferença da LMC em relação às outras leucemias é a presença de uma anormalidade genética nos glóbulos brancos, denominada cromossomo Philadelphia (Ph+). Mesmo assim, não se trata de uma doença hereditária. Hoje, mais de 70% dos pacientes entram em remissão completa após tratamento.

Ainda existem outros tipos menos frequentes, como a leucemia mielomonocítica crônica (LMMC), mais comum após os 60 anos, e a leucemia bifenotípica (LAB).

A leucemia tem sintomas?

Além de favorecer infecções, o excesso de leucócitos doentes também compromete a produção dos glóbulos vermelhos, o que pode resultar em anemia, e de plaquetas, resultando em hematomas ou sangramentos. Assim, os sintomas mais comuns da leucemia são:

  • Febres de causa não explicada;

  • Infecções;

  • Anemia (palidez, cansaço, fraqueza ou tontura);
  • Sangramentos (por ex: no nariz ou nas gengivas);
  • Manchas roxas ou pontos vermelhos na pele;
  • Dor óssea;
  • Aumento dos gânglios linfáticos, baço e fígado.

Como é o tratamento da leucemia?

Para cada tipo de leucemia existem abordagens específicas, mas, em linhas gerais, o objetivo é destruir as células doentes para que a medula óssea volte a produzir células normais, ao mesmo tempo em que as complicações da doença são controladas.

Nos últimos anos foram obtidos grandes avanços com a quimioterapia, os transplantes de medula óssea e as terapias-alvo. Veja abaixo abordagens de tratamento além do transplante, já citado acima:

- Quimioterapia: costuma ser a principal forma de tratamento; grandes avanços para se obter a cura foram alcançados com a associação de medicamentos (poliquimioterapia). A administração é realizada em ciclos e os efeitos colaterais envolvem enjoo, diarreia, alteração no paladar, boca seca e queda de cabelo, entre outros.

- Medicamentos de suporte: para minimizar o surgimento de infecções e os efeitos colaterais da quimioterapia é comum a prescrição de antivirais, antibióticos, antifúngicos e anti-inflamatórios.

- Radioterapia: o uso de raios de alta energia para destruir células cancerosas é pouco comum na leucemia, mas pode ser empregado para tratar linfonodos ou baço aumentados, ou complicações como dores ósseas. Os efeitos colaterais podem incluir irritação na pele no local da aplicação.

- Terapia-alvo: medicamentos que atacam apenas as células doentes têm trazido resultados importantes para alguns tipos de leucemia. É o caso dos inibidores de tirosina quinase (como Imatinibe, Desatinibe e Nilotinibe).

- Transfusão de sangue: pode ser necessária para controlar o baixo número de plaquetas e hemorragias.

- Imunoterapia: medicamentos que permitem que o sistema imunológico reconheça as células doentes e as ataque. Alguns anticorpos monoclonais como Ribuximab, Obinutuzumab, Ofatumumabe e Alentuzumabe podem ser utilizados na leucemia linfoide crônica e aguda.

- Leucoferese: pode ser indicado em alguns casos de na leucemia linfoide crônica para remover o excesso de leucócitos.

*Com informações de reportagem publicada em 30/10/2018.