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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Após os 40, mudanças hormonais afetam região íntima feminina; saiba quais

Imagem: iStock

Alexandre Raith

Colaboração para VivaBem

04/07/2022 04h00

A partir dos 40 anos, o corpo feminino inicia um processo de alterações hormonais que afeta não somente o metabolismo, a massa muscular e a densidade óssea, mas também a região íntima.

Ao longo do climatério, período de transição da fase reprodutiva para não reprodutiva, há uma diminuição das funções ovarianas. Com isso, a queda nos níveis dos hormônios femininos estrogênio e progesterona —e também do masculino testosterona e de colágeno— causa flacidez, ressecamento, entre outros efeitos na genitália.

A presença de receptores de estrógeno em todo o corpo é uma das explicações para a série de modificações. "Em relação à região íntima, eles estão na vagina, no sistema urinário e no assoalho pélvico. Por isso, quando começa a diminuir a produção do hormônio, a mulher diz 'estou seca, não tenho mais lubrificação vaginal'. O que mais se percebe é a dor na hora da penetração", afirma Dolores Pardini, chefe do Ambulatório de Climatério e Menopausa da disciplina de endocrinologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e representante da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional São Paulo).

Luciano de Melo Pompei, presidente da Comissão Nacional Especializada em Climatério da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), acrescenta que a mucosa vaginal é composta por diversas camadas de células, que se multiplicam.

Esse processo, no caso da vagina, é estimulado pelo estrogênio. "Com a falta dele, a velocidade de fabricar células novas diminui. Com isso, essa camada se torna mais fina, o que propicia o surgimento de fissuras, causando dor, coceira e ardor."

Pompei integrou um estudo internacional que avaliou 504 mulheres brasileiras. A análise mostrou que 56% delas tinham sintomas vaginais relacionados à falta de hormônios. Dentre as que relataram os efeitos, 77% citaram secura vaginal, seguida por dor na relação (47%), coceira (29%), ardor (26%) e incontinência urinária (23%).

Além disso, 44% delas referiram que as mudanças na região íntima traziam prejuízo para autoestima e 90%, para a vida em geral, e não somente sexual.

Saiba, a seguir, quais são os principais impactos causados pelas alterações hormonais na região íntima feminina:

  • Flacidez

Imagem: Doucefleur/ iStock

A baixa nos níveis de hormônios provoca, consequentemente, a diminuição na produção de colágeno. A proteína é responsável pela manutenção do trofismo e da força muscular. Por isso, a carência gera flacidez.

"A queda do estrógeno e da testosterona altera o metabolismo. É o mecanismo de absorção, metabolização e fixação da proteína na musculatura que diminui", explica Cristina Noronha, ginecologista do Hospital Aliança (BA), da Rede D'Or. Perda de urina, folga vaginal ao coito e flatos são as complicações mais comuns.

  • Prolapso dos órgãos pélvicos

Perder musculatura faz parte do processo de envelhecimento. Somado a isso, a deficiência hormonal faz com que os ligamentos —estruturas que mantêm os órgãos pélvicos (útero, vagina, bexiga, uretra, intestino e reto) em sua posição— fiquem mais frágeis e percam força e capacidade de sustentação. O que causa a protrusão de um órgão no canal vaginal.

No caso da bexiga, existe ainda o fator obstétrico, já que a gestação é um fator de risco, sobretudo em mulheres que realizaram partos vaginais. A consequência mais comum da popularmente conhecida bexiga caída é a incontinência urinária.

Já no caso de prolapso uterino intenso, uma parte do colo do útero se exterioriza e fica envolvido pela mucosa da vagina. A situação impede a relação sexual e pode provocar lesões e sangramento por causa do contato com a roupa íntima.

"Existem mulheres que precisam colocar o dedo na vagina e suspender a bexiga ou o reto para conseguir urinar ou defecar. Como os órgãos estão caídos, eles fazem uma dobra e as fezes e as urinas não saem. São casos extremos que são resolvidos somente com cirurgia", conta Noronha.

  • Ressecamento

Imagem: iStock

Devido ao baixo nível de estrogênio, a renovação celular da pele não acontece em um ritmo adequado. Assim, a mucosa vaginal, que não está coberta integralmente pelas células, apresenta fissuras.

Segundo o presidente da Febrasgo, este seria o motivo da dor, enquanto o processo de cicatrização teria relação com a sensação de coceira. A secura vaginal também causa desconforto no ato sexual, mas não somente pela baixa produção hormonal. Existe uma questão anatômica.

"A anatomia da vagina da jovem é enrugada e tem pregas vaginais que seguram a lubrificação. A partir do momento em que a mulher madura vai perdendo o pregueamento e tendo diminuição da produção de muco, a relação sexual fica muito desconfortável. Além disso, o afinamento da pele e o aparecimento de fissuras podem gerar processos infecciosos e inflamatórios", completa Noronha.

Ela acrescenta que uma vida sexual ativa —seja com um parceiro ou algum sex toy— auxilia na lubrificação e no combate ao ressecamento, pois o estímulo faz a mulher produzir substâncias que ativam a produção hormonal local.

  • Alteração no pH

A queda dos níveis hormonais gera menos produção de ácido lácteo e, portanto, a mucosa vaginal apresenta menos acidez. A alteração no pH deixa a região íntima feminina mais propensa à proliferação de bactérias patogênicas causadoras de infecções vaginais (alguns tipos de corrimento) e urinárias. A mudança na microbiota provoca ainda uma secreção amarelada que causa mau cheiro.

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É comum as alterações hormonais acarretarem queda de desejo sexual. Primeiramente, o desconforto gerado pela falta de lubrificação e pelo ressecamento vaginal faz com que a mulher perca a vontade de manter relações sexuais.

Segundo, após os 40 anos, cai a produção não somente do estrogênio, mas também da testosterona, hormônio masculino que tem ação direta no sistema nervoso central.

Para aumentar a libido e a resposta à atividade sexual, pode-se acrescentar a testosterona no tratamento de reposição hormonal em níveis compatíveis com o fisiológico da mulher.

Tratamentos

Para retardar esta série de efeitos, a fórmula mágica é a prevenção, com o início da reposição hormonal no momento certo. Mas como cada caso é um caso, a avaliação médica decidirá as terapias mais indicadas.

Entre elas está a aplicação de hormônio na própria vagina. Com ação local, o método recupera a mucosa vaginal ao estimular a produção de colágeno. O que ajuda a dar firmeza e a aumentar a lubrificação.

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Já os hidratantes vaginais possibilitam uma maior retenção de líquido na mucosa e, assim, garantem maior lubrificação.

Atenção: lubrificante tem outra função e não é indicado para este tipo de tratamento. Existe ainda o uso de laser, radiofrequência e ultrassom focado, para estimular a produção de colágeno e o aumento da espessura.

Outra indicação é a fisioterapia uroginecológica, que consiste em exercícios perineais que atuam na musculatura do canal vaginal e auxiliam no tratamento de incontinência urinária.

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