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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Precisa perder peso para engravidar, como quer Jojo Todynho? Saiba mais

Jojo Todynho diz que pretende emagrecer 40 kg para engravidar Imagem: Reprodução/Instagram

Janaína Silva

Colaboração para VivaBem

29/06/2022 04h00

O peso é assunto frequente ao se falar em gravidez, afinal é preciso atenção para não engordar além do recomendado pelos médicos durante a gestação para evitar uma série de intercorrências que podem colocar em perigo a vida da mãe e do recém-nascido.

No mês passado, a cantora Jojo Todynho divulgou seus planos para o próximo ano: ser mãe. Para tanto, pretende emagrecer 40 quilos, nas palavras dela para "poder engravidar melhor".

Os fãs da série "This is Us" lembram bem dos percalços pelos quais a personagem Kate —uma pessoa com obesidade—, nas segunda e terceira temporadas, passou ao descobrir a primeira gravidez e, depois, durante o tratamento para engravidar de novo, envolvendo suas condições físicas —além das emocionais.

As situações reforçam as preocupações relativas ao peso. Porém, não apenas ele e nem somente o da mãe impactam. De acordo com os especialistas consultados por VivaBem, a composição corporal de massa magra e de gordura do casal influenciam a concepção, a gestação, o parto e, inclusive, as condições de saúde do recém-nascido, muitas delas sendo observadas apenas na idade adulta, como disfunções metabólicas e infertilidade.

Segundo Daniel Suslik Zylbersztejn, coordenador médico do Fleury Fertilidade, a obesidade está relacionada também a alterações epigenéticas —na expressão de proteínas pelos genes existentes que são capazes de desencadear doenças variadas na mulher.

"Esses genes, com a função alterada ao serem passados para a prole, representam as mais variadas ameaças para a saúde futura das crianças. Contudo, a perda de peso e o ganho de saúde, em geral, podem restaurar a função dos genes e a expressão normal das proteínas."

O momento da gravidez é o mais oportuno para agir em prol dos filhos porque é possível realizar uma programação metabólica fetal por meio do estilo de vida, como prevenção de patologias no futuro. "Não é mudar a genética, mas, sim, um estímulo que favorece a melhor ou pior expressão dos genes", aconselha Carla Delascio, ginecologista e obstetra especializada em nutrologia do Centro de Medicina Integrativa do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista (SP).

Preocupações em relação à mãe

A personagem Kate, da série "This is Us", sofreu com estigma em relação ao seu peso ao tentar engravidar Imagem: Reprodução

Os dados sobre sobrepeso e obesidade na população são preocupantes. O peso aumentado leva a uma reação inflamatória generalizada que dificulta, por exemplo, o transporte dos gametas femininos (os óvulos) e masculinos (os espermatozoides), e do ovo, chamado também zigoto e formado pela junção entre eles, pelas trompas de falópio até atingir o útero.

Fatores hormonais alteram o ciclo menstrual, como a androgenização ovariana que simula a presença de ovários policísticos e gera ciclos anovulatórios ou até mesmo a ausência de menstruação.

"Um estudo sobre estilo de vida realizado pela Associação Americana de Medicina Reprodutiva mostrou que mulheres com obesidade com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 35 aumentam o tempo de concepção em mais de 2 vezes, além de apresentarem maiores riscos de abortamento precoce, em até 10 semanas", relata Zylbersztejn.

Além disso, as taxas de gravidez natural e por técnicas de reprodução assistida são reduzidas, assim como a segurança dos tratamentos reprodutivos. "Há maiores porcentagens de abortamento em mulheres obesas, principalmente nas que tentaram engravidar por reprodução assistida, comparadas as com o peso gestacional adequado para a estatura", explica Ádyla Keila Lopes Silva Oliveira, obstetra, diretora técnica da MCO-UFBA (Maternidade Climério de Oliveira da Universidade Federal da Bahia), ligada à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

Por ser uma gestação de risco, é preciso que seja acompanhada por uma equipe multidisciplinar —obstetra, nutricionista, fisioterapeuta e educador físico— para que receba orientações para um ganho adequado de peso. "A gestante acima do peso ou em obesidade tem menor índice para engordar", informa Oliveira.

A obesidade materna está associada a complicações no parto como o distorce de ombro quando o bebê tem dificuldade ao passar pelo canal vaginal. Há ainda complexidade na realização de procedimentos anestésicos, maiores índices de hemorragia no pós-parto, de trombose venosa profunda, infecções puerperais e, no caso de cesárea, na ferida operatória.

E o bebê?

Imagem: iStock

Os especialistas explicam que o feto de uma mãe com obesidade cresce pouco ou muito dentro do útero, pode nascer prematuro, em vários graus, com a necessidade, muitas vezes, de internação em unidades de tratamento intensivo neonatal, privados do convívio familiar e com lesões que chegam a afetar o desenvolvimento corporal e intelectual.

"Se a grávida desenvolve diabetes e hipertensão, o feto na vida adulta terá mais risco de manifestar as mesmas enfermidades", alerta Sérgio Hecker Luz, ginecologista, professor adjunto do departamento de ginecologia e obstetrícia da Faculdade de Medicina da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e membro da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Engravidar na melhor forma

Para ficar grávida, o peso considerado ideal é aquele que possibilita bem-estar e a saúde adequada, variando o IMC entre 18,5 a 24,9. "Se estiver abaixo ou acima desse intervalo, as chances de gravidez reduzem objetivamente", afirma Zylbersztejn.

Mas a boa notícia é que a redução de 10% do peso, segundo Luz, melhora todos os prognósticos gestacionais já mencionados.

"A composição corporal, ou seja, a quantidade de massa magra e de gordura dita o estado de saúde da pessoa. E ao se almejar engravidar, deve-se avaliar os envolvidos, como um conjunto. Quanto mais adequada estiver essa composição corporal, a qualidade dos gametas será muito melhor", esclarece a ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista.

Muitas vezes, o foco recai apenas sobre a mulher, mas o embrião é constituído de gametas masculinos e femininos. Para exemplificar, um homem que está sedentário, obeso, fumante e que tem o hábito de consumir bebida alcoólica, certamente produzirá um espermatozoide ruim que influenciará na formação de um embrião de má qualidade, sendo até responsável por interromper a gestação.

Extremo: níveis baixos de gordura

A blogueira fitness Gabriela Pugliesi Imagem: Reprodução/Instagram

Outra questão, que também esteve entre os assuntos mais comentados no mesmo período, foi a divulgação da gravidez da blogueira fitness Gabriela Pugliesi, de forma natural —ela já havia recorrido a técnicas de reprodução assistida antes, sem sucesso. Entre os comentários que ela mesma fez em sua rede social foi que o fato de não estar tão magra teria ajudado na concepção.

Segundo o coordenador médico do Fleury Fertilidade, apesar de associarmos pessoas magras a uma boa saúde, nem sempre ter um corpo muito magro traz benefícios, em especial na gestação. "É importante lembrar que as magras são capazes de ter gordura corporal, inclusive acima do normal, e que mulheres com IMC normal ou até acima podem apresentar níveis mínimos de gordura corporal."

Esses patamares reduzidos de gordura representam colesterol baixo e má absorção de algumas vitaminas, que necessitam da gordura para serem processadas. O resultado são a nutrição e o metabolismo de alguns órgãos, entre eles o ovário, prejudicados.

Zylbersztejn comenta que para ovular e menstruar de forma regular é importante que haja colesterol em quantidade suficiente para gerar androgênios dentro do próprio ovário, hormônios que, presentes em concentrações adequadas, permitem o correto recrutamento folicular, ovulação adequada e a formação de um robusto corpo lúteo para sustentar a gravidez inicial.

"Gordura corporal menor que 16%, comumente encontrado em atletas profissionais ou adeptas de atividade físicas rigorosas, impactam, de forma negativa, o metabolismo ovariano."

É preciso planejar

Engravidar está nos seus planos, assim como nos de Jojo Todynho? Estar bem nutrida, com estresse sob controle, dormindo bem e fazendo atividade física regular são as recomendações.

De forma individualizada, os profissionais realizam uma avaliação reprodutiva inicial do casal, que inclui, também, a parte nutricional e a bioimpedância para estimular a composição corporal, para então, corrigir o necessário e liberar para ficar grávida.

Delascio comenta que há casos em que são necessários de seis meses a um ano, por exemplo, e outros em que dois a três meses são suficientes.

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