Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Renata Capucci revela Parkinson aos 45 anos; há sintomas além dos tremores?

Renata Capucci detalhou o diagnóstico da doença e os sintomas Imagem: Reprodução/Instagram

Do VivaBem*, em São Paulo

27/06/2022 11h47

A jornalista Renata Capucci, repórter do Fantástico (TV Globo), contou que foi diagnosticada com a doença de Parkinson. Capucci falou em episódio do podcast "Isso é Fantástico" os sintomas que levaram à descoberta.

"Chegou a minha vez de me libertar. Porque viver com esse segredo é ruim. Você se sente vivendo uma vida fake, porque parte de você é de um jeito e você fica escondendo a outra parte de outras pessoas, no meu caso, a maioria das pessoas, porque eu sou uma pessoa pública. Eu fui diagnosticada com doença de Parkinson em outubro de 2018, quando eu tinha 45 anos. Hoje, eu tenho 49", afirmou.

Segundo Capucci, ela começou a mancar enquanto participava do reality "Popstar" e não notou inicialmente. Mesmo com fisioterapia e osteopatia o sintoma não melhorou. O alerta ligou um dia em que o seu braço subiu sozinho.

"Em um dado momento, no meio do 'Popstar', depois do sexto programa, eu estava em casa e o meu braço subiu sozinho, enrijecido. E o meu marido, que é médico, logo depois do programa, me levou para um hospital que tinha emergência neurológica e eu fui diagnosticada com Parkinson. Aquilo caiu como uma bigorna em cima da minha cabeça", relembrou.

Por mais que os sintomas motores sejam os mais característicos da doença, existem outros que costumam aparecer entre 10 e 15 anos antes, fase conhecida como pré-motora.

"Os sintomas desta fase são principalmente a hiposmia [redução no olfato do paciente cronicamente], a constipação, com uma redução no número de evacuações, podendo passar vários dias sem ir ao banheiro, e o chamado transtorno comportamental do sono REM, um distúrbio em que os pacientes se movimentam muito durante o sono, como se estivessem 'vivenciando os seus sonhos'", explica o neurologista Marcos Eugenio Ramalho Bezerra, do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco).

Bezerra explica que para os sintomas motores surgirem, é preciso que mais da metade dos neurônios dopaminérgicos da substância negra cerebral tenham sido perdidos, por isso eles demoram mais.

Veja os sintomas da doença de Parkinson

1. Sintomas motores

São as alterações musculares que ocorrem nessa doença, afetando a musculatura corporal, principalmente as fibras lisas. Os principais deles são:

  • Bradicinesia: lentidão geral dos movimentos e suas derivações tais como as alterações da escrita (micrografia), da fala (hipofonia), da marcha (marcha em bloco) e da mímica facial (hipomimia);
  • Tremor de repouso: que ocorre quando o membro está parado e não durante uma postura ou movimento;
  • Rigidez: aumento da resistência da articulação ao movimento.

Hoje, de acordo com Movement Disorders Society, o diagnóstico do Parkinson se dá obrigatoriamente com a presença da bradicinesia, acompanhada da rigidez ou do tremor em repouso.

2. Dificuldades na fala e escrita

Esse sintoma, na verdade, é uma derivação da bradicinesia, já que a lentidão dos músculos da fala o deixa com a voz mais baixa, lenta e sem prosódia (ou seja, sem variação de entonação).

Esse sintoma afeta também a escrita: a letra pode se tornar cada vez menor e ter uma compreensão ainda mais difícil. Ou seja, a comunicação é dificultada de diversas maneiras.

3. Redução das expressões faciais

A lentificação dos movimentos e rigidez afeta também as expressões de quem tem Parkinson. "O nome desse sintoma é a hipomimia —redução na expressão da musculatura facial, sendo classicamente comparada a uma 'face em máscara', visto que o paciente tende a perder sua expressividade espontânea e reduzir o número de piscadas", explica Bezerra. Esse sintoma pode ser reduzido com tratamento medicamentoso.

4. Lentificação dos pensamentos

O neurocirurgião Carlos Melro explica que essa lentificação está relacionada a alguns outros sintomas, como a dificuldade motora de se expressar, aliada à depressão (muito comum ao parkinsoniano) e à demência, que pode acompanhar o quadro, já que ele é considerado neurodegenerativo.

5. Redução do olfato

Muito antes de a covid-19 afetar a capacidade de seus pacientes sentirem odores, esse sintoma já estava associado ao Parkinson. "Ocorre por envolvimento da região chamada bulbo olfatório, sendo uma das regiões afetadas muitas vezes antes mesmo da substância negra, portanto antes do surgimento dos sintomas motores", explica Bezerra.

No entanto, ela ocorre de forma gradual e lenta, sendo imperceptível para o paciente. Na anamnese, podem ser feitos testes com estímulos como hortelã, café, chocolate e baunilha.

6. Constipação

O intestino é composto de uma musculatura lisa, que é bastante afetada pela degeneração motora causada pelo Parkinson. Além disso, o intestino possui uma quantidade de neurônios equiparável ao próprio cérebro, eles agem controlando o peristaltismo intestinal e a formação do bolo fecal.

"Na doença de Parkinson, estes neurônios intestinais também estão frequentemente afetados, levando a uma lentidão do funcionamento intestinal, e daí a constipação", explica Bezerra.

O tratamento costuma ser feito com os medicamentos pró-motores e mudanças na dieta para melhorar o quadro. Laxantes não costumam ser recomendados de forma corriqueira, pois podem piorar o quadro em longo prazo.

7. Distúrbios do sono

É normal que o paciente com Parkinson tenha sintomas que atrapalhem seu sono, como insônia e agitação extrema. "Às vezes há comportamento violento sem que a pessoa acorde ou se lembre no dia seguinte, o chamado distúrbio comportamental do sono REM", ensina Melro.

Bezerra elenca outros sintomas como:

  • Noctúria: um aumento nos despertares à noite para urinar;
  • Sonolência excessiva diurna;
  • Síndrome das pernas inquietas: mal-estar inespecífico nas pernas durante a noite, que apenas melhoram quando o paciente se levanta e se movimenta.

8. Demência

Como o quadro de Parkinson também é neurodegenerativo, pode acontecer de a doença avançar para regiões cerebrais como o córtex, trazendo sintomas mais relacionados à demência como:

  • Déficits de memória;
  • Delírios e alucinações;
  • Disfunção executiva;
  • Apraxia;
  • Distúrbios de linguagem.

O quadro, no entanto, é diferente de doenças como o Alzheimer, até porque os sintomas motores costumam aparecer primeiro.

9. Depressão e ansiedade

Esses são alguns dos sintomas que mais afetam a qualidade de vida do parkinsoniano. "Transtornos do humor (depressão e distimia) e ansiedade são bastante comuns entre pacientes com doença de Parkinson, atingindo uma parcela significativa dos pacientes", explica Bezerra.

10. Hipotensão

Carlos Melro explica que a neurodegeneração pode levar a um comprometimento das regiões do sistema nervoso que regulam as funções do sistema nervoso autônomo, como a temperatura do corpo, batimentos cardíacos e pressão arterial, entre outros. "Pode ser tão intensa que provoca o desmaio (síncope) em algumas pessoas", descreve o neurocirurgião.

11. Problemas urológicos

Além da já citada noctúria, é comum que o parkinsoniano tenha incontinência urinária, urgência miccional e até problemas com ereção. Isso está muito ligado a bradicinesia, conforme explica Schmidt.

*Com informações de reportagem publicada em 24/09/2021.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Renata Capucci revela Parkinson aos 45 anos; há sintomas além dos tremores? - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Saúde