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Primeiros sintomas de HIV/Aids: saiba os sinais iniciais da doença no corpo

Saiba quais são os primeiros sintomas ligados à Aids Imagem: iStock

Nathalie Ayres

Colaboração para VivaBem

24/06/2022 04h00

Na década de 1980 o vírus do HIV e a Aids foram considerados uma ameaça mundial: de repente diversas pessoas estavam com essa doença, apresentando uma aparência muito mais magra, fraqueza, diarreia e diversos sintomas. No entanto, quando o assunto é primeiros sintomas de HIV, na verdade eles são bem diferentes desses.

"A infecção aguda se manifesta depois de 15 dias do contato com o vírus, entre 2 e 4 semanas. Nessa hora, pode não surgir sintoma nenhum —até dois terços das pessoas podem não tê-los", explica o infectologista Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury e professor adjunto da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo).

Quando aparecem, os primeiros sintomas de HIV são muito semelhantes a uma virose:

"São sintomas inespecíficos e que muitas vezes a pessoa tem e nem pensa que pode ser HIV e não chega a buscar atendimento", considera Rico Vasconcelos, do SEAP/HIV, o ambulatório especializado em HIV do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e colunista de VivaBem.

Fase de latência e novos sintomas

Depois dessa primeira manifestação, que pode nem acontecer, o vírus costuma ficar quieto por um tempo, na chamada fase de latência. "Ele continua se multiplicando de forma lenta, sem causar sintomas, mas comprometendo o sistema imune a longo prazo", alerta o infectologista Jaime Araújo, gerente de atenção à saúde do Huac-UFCG (Hospital Universitário Alcides Carneiro da Universidade Federal de Campina Grande), que faz parte da rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

Muitas pessoas com HIV não apresentam sintomas por 10 anos ou mais. Mas, quando o sistema imune é comprometido, doenças oportunistas começam a aparecer. São elas que vão determinar os diferentes problemas que podem surgir nessa fase, como:

1. Diarreia

"O vírus HIV causa um processo inflamatório crônico no intestino, destruindo as vilosidades e células intestinais", ensina Araújo. Com isso, a absorção de água e nutrientes pelo órgão é prejudicada, o que causa as diarreias.

"No intestino, temos muitos linfócitos TCD4 (os mais atacados pelo HIV) nas chamadas placas de Peyer, elas são infectadas e destruídas, fazendo com que o intestino perca a capacidade de funcionar como uma barreira imune", elucida Vasconcelos.

2. Emagrecimento

Com o processo explicado acima, aliado à perda de apetite e à alta atividade inflamatória da infecção (que aumenta a queima calórica do corpo), é comum que a pessoa perca peso muito rapidamente. "O paciente está tanto se consumindo mais rapidamente como está se alimentando pior", resume Vasconcelos.

3. Sarcoma de Kaposi

Esse tumor é causado pelo vírus da herpes tipo 8, que pode estar presente em pessoas imunocompetentes, mas se manifesta em quem possui HIV devido ao enfraquecimento do sistema imunológico. "É uma doença oportunista que costumava ser muito comum nas pessoas com Aids, que é uma neoplasia de vasos sanguíneos", considera o infectologista.

De acordo com Granato, a infecção é bastante rara fora de quem tem HIV, tanto que o vírus herpes tipo 8 foi descoberto pela ciência depois da alta desta doença. "Normalmente é preciso estar com a imunidade muito baixa, com uma contagem de menos de 50 mil células T4 por mm³ de sangue", explica o especialista, que reforça que hoje esse quadro é bem menos encontrado.

4. Manchas brancas na boca e língua

Esses sintomas ocorrem devido a candidíase oral: "Todos temos o fungo Candida na boca, mas apenas quem está com o sistema imunológico enfraquecido apresenta o desenvolvimento desse quadro", reforça Vasconcelos. Ou seja, sua presença mostra como a imunidade do paciente já está comprometida.

5. Tosse e suores noturnos

Tosse e suores noturnos são sintomas são típicos da tuberculose, "uma doença oportunista muito típica e muito frequente nas pessoas com Aids", aponta Vasconcelos.

6. Perda de memória

O Sistema Nervoso Central também costuma ser afetado pelo vírus. "Existe até uma categoria de doenças chamadas de alterações neuropsiquiátricas associadas ao HIV que podem ter várias manifestações, perda de memória é uma delas", reforça Vasconcelos. Podem até surgir manifestações de demências em pessoas não tratadas.

Mas é muito importante ressaltar que quando a pessoa segue o tratamento adequado, esse tipo de sintoma não aparece e ela leva uma vida normal. "Quando médico e paciente encontram a melhor combinação de medicamento, a pessoa vai viver até a velhice. Mas é preciso seguir o tratamento certinho", explica Granato.

Como ter um diagnóstico mais precoce?

Para Rico Vasconcelos, para se ter um diagnóstico precoce é muito importante as pessoas terem uma rotina de testagem anualmente. Todas as pessoas com vida sexual ativa ou com exposições de risco devem fazer o teste periodicamente, segundo os médicos.

Granato reforça também que os médicos estejam atentos a pacientes sintomáticos na fase aguda (ou seja, inicial). "Os sintomas são muito semelhantes à mononucleose, que é uma doença mais comum em crianças. Ou seja, se um adulto aparece com eles, é importante ter uma história bem tirada e então testar para HIV", reforça o especialista.

Quando o quadro é diagnosticado precocemente, o paciente precisará usar o antirretroviral, medicamento que impede a replicação e multiplicação do vírus HIV no corpo.

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