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Arboleda rompe os ligamentos do tornozelo: qual é o tempo de recuperação?

Sarah Alves Moura

De VivaBem, em São Paulo

24/06/2022 17h27

O zagueiro são-paulino Robert Arboleda deixou o gramado chorando durante a vitória do time sobre o Palmeiras, em partida de ontem (23) pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Imagens mostraram uma torção no tornozelo do jogador. Nesta sexta-feira (24), o São Paulo informou que ele teve lesão ligamentar e fratura, sem dar mais detalhes.

Arboleda deve passar por cirurgia. Há apreensão de que o equatoriano de 30 anos perca a Copa do Mundo, que começa em novembro. Nas redes sociais, o perfil oficial da seleção do Equador desejou "muita força" ao zagueiro.

Segundo o ortopedista Rodrigo Alvarenga Nunes, especializado em pé e tornozelo, normalmente o retorno aos gramados após uma cirurgia para reparar os ligamentos leva de nove meses a um ano. Isso porque, a recuperação é lenta, medida dia a dia, para evitar mais desgastes.

"O tempo de recuperação é prolongado. Normalmente, de seis a oito semanas apenas a cicatrização, mais a readaptação e fisioterapia, porque ele precisa voltar a pisar andar, ganhar força", explicou Nunes, que também é diretor da regional de Goiás da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé).

Também é preciso entender se há lesão além dos ligamentos, porque as imagens podem indicar mais gravidade ao caso do jogador, pontua o ortopedista.

O que é ruptura de ligamento?

Os ligamentos conectam tíbia e fíbula aos ossos dos pés (tálus e o calcâneo). Eles são flexíveis até certo ponto, aguentando movimentos comuns, como caminhar, e leves entorses. Porém, quando a pressão é muito forte, os ligamentos podem romper.

"Pode acontecer no meio do ligamento, ele arrebentar e ficar solto, o que gera instabilidade do tornozelo", diz Nunes.

Em outros casos, é frequente romper próximo ao osso, levando fragmentos dele. "Esse pedaço, muitas vezes de milímetros ou centímetros, precisa ser colocado no lugar e é por isso que chamamos de uma fratura luxação por lesão ligamentar", comenta o médico ortopedista.

Precisa de cirurgia?

O tratamento é cirúrgico em um primeiro momento e, depois, é essencial seguir com a fisioterapia. Como Arboleda é um atleta de alto rendimento, a orientação é restabelecer a anatomia normal do tornozelo o quanto antes, ajudando a diminuir o período fora dos gramados.

Ter certeza da melhor intervenção cirúrgica, no entanto, só é possível quando a equipe analisa as estruturas para entender o que é possível recuperar, isso durante a cirurgia. Mas algumas técnicas são tradicionais no reparo dos ligamentos, como a ligação por suturas e a reconstrução usando tecidos do próprio pé.

Em alguns casos, principalmente se houver fratura, pode-se usar parafusos para fixar melhor os ossos —as peças são retiradas após seis ou oito semanas, em geral.

"A reconstrução de casos agudos, se você encontrar os pontos dos ligamentos com estrutura boa, consegue ser feita com suturas e podem ser utilizados fios de tecidos sintéticos para reforçar a estabilidade e evitar novas rupturas, aumentando a força do ligamento. Assim como estruturas do próprio pé, como reforço suturado por cima do ligamento", indica o ortopedista Rodrigo Alvarenga Nunes.

Arboleda sofreu lesão depois de se antecipar a Rafael Navarro durante São Paulo x Palmeiras - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Arboleda sofreu lesão depois de se antecipar a Rafael Navarro durante São Paulo x Palmeiras
Imagem: Reprodução/Twitter

Recuperação

Já a recuperação segue algumas etapas e precisa ser acompanhada diariamente, em especial no caso de atletas. Primeiro, a pessoa usa gesso e, após retirar os pontos, passa para a bota ortopédica.

"Usa muletas como apoio e devagar vai colocando o peso, a amplitude de movimento aumenta a cada dia. E, conforme passa a fase mais aguda de risco de machucar o reparo feito pela cirurgia, ele vai para a fisioterapia mais intensa", orienta Nunes.

Neste momento, os exercícios costumam ocorrer em academia, hidroginástica, esteira aquática, por exemplo. O aumento gradual de peso e intensidade vão até à pessoa conseguir andar com tornozeleira e, depois, passar para o campo, no caso de jogadores.

"Mas é algo progressivo, analisado no dia a dia. Não tem uma regra, por isso que é preciso acompanhar sempre. Existem períodos em que pode evoluir melhor e em outros piorar, ter edema e dor", destaca o médico.