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Filha de Cazarré nasce com anomalia de Ebstein; entenda condição rara

Juliano e Leticia Cazarre? com a filha, Maria Guilhermina  - Reprodução/Instagram
Juliano e Leticia Cazarre? com a filha, Maria Guilhermina Imagem: Reprodução/Instagram

Luiza Vidal

De VivaBem, em São Paulo

23/06/2022 15h05Atualizada em 24/06/2022 09h50

Juliano e Leticia Cazarré usaram as redes sociais para contar aos seguidores sobre o nascimento de quinta filha, Maria Guilhermina. Ela nasceu na terça-feira (21) e, logo após o parto, precisou passar por uma cirurgia para corrigir uma anomalia rara em seu coração. Agora, o quadro da criança é estável.

"Maria Guilhermina chegou com um coração especial, dilatando também os nossos corações e os de todos ao seu redor!", diz o texto publicado pelos pais no Instagram.

Segundo o casal, a anomalia de Ebstein foi identificada ainda nos exames pré-natais: "Ao longo da gestação, os médicos perceberam que o caso dela seria um dos mais raros e graves dentro da anomalia e, por isso, decidimos vir para São Paulo para que ela pudesse nascer com a equipe mais especializada".

O que é anomalia de Ebstein?

É uma cardiopatia congênita (quando a criança já nasce com o problema) que afeta a válvula tricúspide, responsável por separar o átrio direito do ventrículo direito do coração, segundo Juliana Rodrigues Neves, especialista em cardiologia pediátrica e diretora do Departamento de Intervenções em Cardiopatia Congênitas da SBHCI (Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista).

"A válvula tricúspide é a porta de entrada do coração, que permite que os vasos que trazem o sangue já usado (retirado o oxigênio pelo corpo), retorne ao coração, passando pela válvula tricúspide e seguindo para o pulmão, que vai receber esse oxigênio de volta", explica.

De acordo com a médica, a anomalia de Ebstein é considerada uma cardiopatia congênita rara e, na sua forma neonatal como foi o caso da Maria Guilhermina, é extremamente rara.

"A cardiopatia congênita do tipo anomalia Ebstein ocorre em 1 a cada 20 mil recém-nascidos. Então, é extremamente raro. Em relação às cardiopatias congênitas corresponde a 0,5 % entre as diagnosticadas na infância", diz.

Como é feito o diagnóstico e tratamento

José Cícero Stocco Guilhen, cirurgião cardiovascular pediátrico do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP) explica que a suspeita do problema pode ser feita durante a gestação pelo ultrassom morfológico.

"Toda gestante deve fazer para avaliar a anatomia ou se existem anomalias no desenvolvimento do feto. Se houver alguma suspeita de alteração no coração, essa gestante deve ser encaminhada para fazer um exame chamado ecocardiograma fetal, quando a anomalia de Ebstein é diagnosticada e avaliada", afirma o médico.

A cirurgia de reparação vai depender do grau da anomalia, segundo Guilhen. "Nos casos graves e mais extremos, essa criança pode ser operada inclusive no período neonatal", diz. Ele explica que essa situação é ainda mais rara.

Neste caso, é realizada uma cirurgia paliativa, já que a válvula ainda é muito fina e pequena. "A cirurgia consiste no fechamento dessa válvula com um retalho de um tecido inorgânico. A gente reduz o tamanho do átrio direito, abre um buraco entre os átrios, para que o sangue misture do lado direito e esquerdo e, depois, coloca um tubo para passar o sangue pro pulmão", explica o cirurgião.

Por volta dos 6 meses, os médicos retiram esse retalho e realizam a cirurgia de plástica na válvula tricúspide, para que ela passe a funcionar adequadamente. "Claro que tudo depende do grau da doença e de cada apresentação, mas essa criança pode, sim, levar uma vida normal ou muito próximo disso, após a reparação", conta Guilhen.