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Tive herpes-zóster e comecei a sentir dor nos nervos. Qual a relação?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

14/06/2022 04h00

Essa dor pode ser a chamada neuralgia pós-herpética. Esse sintoma, também conhecido como dor neuropática, geralmente surge como uma queimação, ou formigamento, e pode durar meses ou até anos. Ela acontece porque a inflamação causada pelo vírus pode gerar uma fibrose, que deixa os nervos da região acometida pelo herpes mais enrijecidos, levando ao incômodo.

Mas há tratamento. A terapia consiste em administrar medicamentos para reduzir a dor e manter a qualidade de vida do paciente. É de extrema importância buscar ajuda médica quando o problema começar, para que o profissional da saúde possa indicar o melhor tratamento e acompanhar a regressão da doença.

O herpes-zóster é causado por um vírus chamado varicela-zoster, que é o mesmo microrganismo que causa a varicela, popularmente conhecida como catapora. Após o primeiro contato com esse agente infeccioso, o vírus fica alojado nos gânglios (que fazem parte do sistema nervoso) de uma forma latente, ou seja, adormecida, e pode permanecer assim por anos.

Quando o sistema imunológico está mais fraco, o herpes pode voltar à ativa e se manifestar principalmente no rosto, tórax e nas costas. Os sintomas iniciais são: coceira, queimação, dor ou formigamento. Após alguns dias, o problema evolui para as famosas bolhas que causam dor intensa. Posteriormente, essas lesões se transformam em feridas abertas, que duram de sete a 10 dias até a cicatrização.

Após as lesões da pele desaparecerem com o uso de medicamentos antivirais e analgésicos, algumas pessoas relatam dor ou desconforto no mesmo local onde as bolhas saíram —a neuralgia pós-herpética que já citamos.

Não deixe de seguir corretamente a terapia indicada pelo médico. Isso porque, caso você não faça o tratamento conforme prescrito pelo especialista, além da dor crônica, que pode permanecer por vários meses e até anos, outras complicações graves também podem ocorrer. Entre os principais problemas estão: deficiências visuais e auditivas, lesão nos vasos sanguíneos cerebrais, inflamação na medula e nos nervos cranianos.

E as pessoas imunossuprimidas, aquelas em que o sistema de defesa do corpo está debilitado, precisam ficar ainda mais alertas. O que acontece é que esse grupo apresenta um risco maior da infecção pelo vírus se dar em outros órgãos, como pulmão e cérebro. Por isso, não deixe de buscar ajuda médica caso perceba o aparecimento dessas lesões na pele.

Fontes: Gabriela Baron, neurologista do centro médico do Hospital Baía Sul, em Florianópolis (SC); Marcelo Ducroquet, infectologista e professor de medicina da Universidade Positivo, em Curitiba (PR); Pedro Braga, chefe do serviço de neurologia do Complexo Hospitalar da UFC (Universidade Federal do Ceará), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Thaís Leite Secchi, neurologista do serviço de neurologia e neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

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