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Estudo: DNA tumoral circulante pode indicar se quimioterapia é necessária

Quiometerapia é tratamento eficaz e seguro, mas efeitos colaterais impactam a qualidade de vida - Willowpix/iStock
Quiometerapia é tratamento eficaz e seguro, mas efeitos colaterais impactam a qualidade de vida Imagem: Willowpix/iStock

Do VivaBem, em São Paulo

06/06/2022 18h00

Um estudo conduzido por pesquisadores do Hospital Johns Hopkins (EUA) indicou que analisar um DNA "oculto" pode ajudar pacientes com câncer a evitar o tratamento sem necessidade com quimioterapia.

A pesquisa foi apresentada durante o congresso da Asco (Sociedade de Clínica Oncológica Americana), o evento mais importante sobre a doença no mundo, e publicada no periódico New England Journal of Medicine no domingo (5).

A equipe acompanhou 455 pacientes com câncer colorretal tipo 2 entre 2015 e 2019, sendo que o período compreende intervalo de cerca de 37 meses após o fim do tratamento contra a doença.

No tipo de tumor analisado, a doença atinge as camadas musculares do cólon, mas não está presente em demais órgãos. Por isso, a abordagem geralmente envolve cirurgia para remoção do câncer e, depois, o médico determina se o paciente vai ou não precisar de quimioterapia. Mas, por mais que o tratamento seja eficaz e seguro contra o câncer, traz impactos à qualidade de vida devido aos efeitos colaterais.

O estudo indica que no câncer colorretal em estágio 2, normalmente apenas 25% das pessoas realizam tratamento quimioterápico posterior.

Os pesquisadores propuseram, então, uma análise do ctDNA (DNA tumoral circulante), quantidade do material genético com pequenas porções do tumor em circulação no sangue. Aqueles que tivessem resultado negativo, não precisariam da terapia adicional pós-cirurgia.

"Uma abordagem guiada por ctDNA para o câncer de cólon em estágio 2 reduziu o uso de quimioterapia sem comprometer a sobrevida", escreveram no estudo.

Resultados

Segundo os dados preliminares, dos 455 participantes, 302 passaram pelo modelo de testagem com ctDNA, enquanto o restante recebeu a abordagem padrão —baseada, por exemplo, em avaliar se o tumor tem aparência microscópica anormal ou se espalhou para mais tecidos.

Os modelos não apresentaram diferenças discrepantes, considerando as taxas de sobrevida e recorrência do câncer. Foram 92,4% contra 93,5%, a última porcentagem referente à abordagem focada no ctDNA.

No tratamento padrão, 27,9% dos participantes fizeram quimioterapia (percentual que excede os 25% que geralmente precisam da terapia, de acordo com os índices apresentados no estudo), e 15,3% receberam a indicação no grupo de análise do ctDNA.

Agora, a ideia é expandir a análise para outros tipos de tumores, incluindo demais estágios do câncer colorretal, na tentativa de ajudar os pacientes. "Temos a oportunidade de mudar a prática clínica", disse em comunicado o engenheiro biomédico Joshua Cohen, da Universidade Johns Hopkins.