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Rinite atacada? Alimentação pode ajudar; veja o que comer e o que evitar

Não aguenta mais o nariz entupido? Cuide da alimentação - Getty Images
Não aguenta mais o nariz entupido? Cuide da alimentação Imagem: Getty Images

Rebecca Vettore

Colaboração para VivaBem

31/05/2022 11h00

É só o tempo mudar, que a rinite já ataca. Se você tem alergia, já deve ter tentado muita coisa para melhorar. Mas existe um caminho, geralmente pouco explorado, que ajuda: a alimentação.

Apesar de a comida não resolver sozinha a causa dos espirros, uma dieta equilibrada potencializa o tratamento correto, feito por otorrinolaringologista ou alergista, ameniza os sintomas e evita crises alérgicas —na maioria dos casos, ela é provocada por uma reação do sistema imune a algum agente.

Pessoas com rinite podem ter uma resposta exagerada a certos alimentos ou aditivos presentes em sua composição. Então, escolher bem pode fazer toda a diferença para tornar o organismo mais resistente a inflamações e contribui para estabilizar os sintomas.

Se você faz parte da metade da população adulta do país que sofre com a alergia, mantenha-se hidratado (a média recomendada é de 2 litros de água por dia) e anote quais alimentos podem ajudar:

  • Abacaxi: a enzima bromelina, presente no miolo da fruta, possui ação mucolítica, ou seja, ajuda a dissolver o muco ou o catarro, além de ter vitamina C e bastante água;
  • Alho: é um tempero considerado um anti-inflamatório natural, que melhora o sistema imunológico, elimina toxinas e combate os sintomas da rinite, além de possuir ação expectorante e descongestionante devido a uma substância chamada alicina;
  • Cúrcuma (açafrão-da-terra): é um alimento anti-inflamatório que ajuda a aliviar os sintomas de inflamação e minimizar o inchaço e a irritação causados pela alergia, além de ajudar a melhorar a imunidade;
  • Mel: possui propriedades bactericidas, anti-inflamatórias e fungicidas, e ainda auxilia na expectoração;
  • Maçã: possui polifenóis, que atuam no alívio dos sintomas da rinite; quercetina, que impede as membranas celulares de liberar histamina (que causa resposta inflamatória no organismo); e pectina, que melhora o sistema imunológico e ajuda a remover as toxinas do organismo;
  • Peixes: além de fortalecer o sistema imunológico, os animais de água fria como salmão, atum e sardinha, têm ômega 3 e funcionam como anti-inflamatório e antioxidante;
  • Grãos e sementes: contêm flavonoides, que tem efeito anti-inflamatório e emoliente, ou seja, ajudam a amolecer as mucosas e diminuem a sensação de entupimento nasal;
  • Gengibre: o alimento tem propriedades descongestionantes, que ajudam a limpar as vias respiratórias.

O que evitar

  • Alimentos refinados: podem ocasionar inflamações, então dê preferência aos integrais;
  • Alimentos industrializados: as substâncias presentes, como conservantes e corantes, podem desencadear reações inflamatórias no organismo e, consequentemente, agravar quadros de doenças respiratórias;
  • Alimentos processados: ricos em gordura, conservantes e açúcar, podem intensificar crises respiratórias;
  • Bebidas fermentadas: vinho tinto e cerveja, queijos envelhecidos e embutidos podem desencadear uma reação do sistema imune que provoca a congestão;
  • Alimentos altamente calóricos: o ganho de peso decorrente da alimentação desequilibrada exige mais do pulmão, já que requer mais oxigênio para produção de energia, e enfraquece a musculatura das vias respiratórias devido ao acúmulo de gordura;
  • Pimenta: podem desencadear as crises de rinite por conterem uma substância chamada capsaicina, que é responsável pela sensação de queimação e pode irritar as mucosas nasais;
  • Chás e alimentos muito quentes: podem provocar a rinite gustatória, uma reação local ao estímulo exagerado, e agravar a espirradeira;
  • Embutidos: possuem conservantes, como sulfitos ou flavorizantes, capazes de intensificar sintomas de rinite, e podem conter alergênicos.

E o leite?

Alguns estudos mostram que o consumo de leite leva ao aumento do muco nas vias áreas, mas não existe consenso sobre o assunto.

Um artigo publicado no periódico Archives of Disease in Childhood reuniu as evidências existentes sobre o tema e concluiu que algumas pessoas podem mesmo sentir que o catarro está mais espesso depois de consumir leite, mas não há evidências de que ele leve ao aumento da secreção ou piora de sintomas.

O texto também reforça que o leite é um alimento rico em vitaminas, cálcio e outros nutrientes essenciais para as defesas do corpo, que não deve ser retirado da dieta sem que haja real necessidade disso.

Empiricamente, contudo, especialistas ouvidos pela reportagem observam que alguns indivíduos sentem melhora quando reduzem os laticínios do cardápio.

Fontes: Fernando Lundgren, pneumologista da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia); Maria Cristina Gaspar, mestre em ciências pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Renata Cocco, da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia); Cícero Matsuyama e Marcelo Mello, otorrinolaringologias do Hospital Cema, em São Paulo; Eline de Almeida Soriano, da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Hugo Leite, professor de otorrinolaringologia da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro); Nayara Oliveira, médica de família do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Luciana Perdiz, nutricionista do Hospital Samaritano de Botafogo (RJ); Hugo Fraga Barbosa Leite, professor de otorrinolaringologia da Unirio; e Karla Palma Portes, professora do curso de medicina da Uninove (Campus - Mauá).