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Diabetes tipo 2 pode acelerar envelhecimento do cérebro, diz estudo

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Imagem: iStock

Letícia Naísa

De VivaBem, em São Paulo

25/05/2022 18h15

Um grupo de cientistas descobriu que o diabetes tipo 2 pode acelerar o envelhecimento do cérebro e o declínio cognitivo. A equipe reuniu dados neurais de 20 mil pacientes e, em um artigo publicado na terça-feira (24) na revista científica eLife, concluiu que a doença pode afetar a estrutura cerebral.

Para analisar os impactos do diabetes no cérebro, foram usados dados do biobanco do Reino Unido de pessoas entre 50 e 80 anos que foram diagnosticadas com a doença e de pessoas saudáveis.

Por meio de ressonância magnética, a equipe pôde observar uma diminuição de massa cinzenta do cérebro conforme as pessoas envelhecem, especialmente em uma região chamada estriado ventral, que é essencial para funções executivas. Os pacientes com diabetes apresentaram reduções mais acentuadas nessa área neural.

Na comparação, o estudo mostrou que os pacientes doentes têm uma diminuição de 13,1% nas funções executivas avaliadas (memória de trabalho, aprendizado e pensamento flexível), e a velocidade de processamento entre eles é 6,7% menor do que entre pessoas sem diabetes tipo 2.

Os cientistas apontam no estudo que os efeitos da doença no cérebro são ainda mais graves com o aumento da duração da doença. A progressão do diabetes foi associada a uma aceleração de 26% do envelhecimento cerebral.

"Nossas descobertas sugerem que o diabetes tipo 2 e sua progressão podem estar associados ao envelhecimento cerebral acelerado, potencialmente devido ao comprometimento da disponibilidade de energia, causando mudanças significativas na estrutura e na função do cérebro", explica Lilianne Mujica-Parodi, uma das autoras da pesquisa e diretora do Laboratório de Neurodiagnóstico Computacional da Universidade Stony Brook (EUA).

Segundo a pesquisadora, quando o diabetes é diagnosticado, os danos cerebrais podem já estar em curso. "Exames de imagem cerebral podem fornecer uma métrica clinicamente valiosa para identificar e monitorar esses efeitos neurocognitivos associados", afirma.

É muito comum que exames de sangue sejam feitos periodicamente por quem tem diabetes, com foco em medidas de glicose e insulina, mas ressonâncias magnéticas do cérebro podem mostrar outros efeitos adversos da doença.

"No entanto, os efeitos neurológicos podem surgir muitos anos antes de a doença ser detectada. Quando o diabetes tipo 2 é diagnosticado por testes convencionais, os pacientes já podem ter sofrido danos cerebrais irreversíveis", afirma Botond Antal, co-autor do estudos e estudante do departamento de engenharia biomédica da Universidade Stony Brook.