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Quem pegou covid no começo do ano pode pegar de novo? Entenda a reinfecção

Saiba se quem teve covid-19 há poucos meses pode pegar de novo e quanto dura a imunidade Imagem: iStock

Bárbara Therrie

Colaboração para VivaBem

23/05/2022 04h00

O Brasil registrou uma avalanche de casos de covid-19 entre o fim de 2021 e o início deste ano, principalmente com a chegada da variante ômicron. Agora, meses mais tarde, o país experimenta um leve aumento de casos, o que já faz alguns especialistas ligarem o sinal de alerta.

Com disso, pode vir a pergunta: quem teve covid-19 no começo do ano já pode ter a doença novamente? Como está nossa imunidade e quantos meses ela dura?

Alguns casos de reinfecção entre quem teve a covid-19 recentemente já acontecem —é o caso da apresentadora da TV Globo Maju Coutinho, que testou positivo para o coronavírus em janeiro e novamente em abril.

A resposta sobre a reinfecção é: sim, é possível quem pegou a doença no início do ano ter covid novamente. O tempo para reinfecção pode ser tão precoce quanto até 40 dias após a primeira infecção, de acordo com Antonio Carlos Bandeira, professor de Infectologia na UNI-FTC Salvador.

"Há relatos de reinfecção comprovada, ainda em 2020, nesse intervalo curto de tempo. Isso decorre do fato de algumas pessoas, embora minoria, não estruturarem uma resposta imune duradoura", diz.

Proteção cai com o passar dos meses

De forma geral, acredita-se que a pessoa está protegida contra a covid-19 por pelo menos três meses depois de uma infecção. "Mas temos visto casos, principalmente com as subvariantes da ômicron, de reinfecções acontecendo num período mais curto. É difícil de caracterizar, mas é algo que deve ser atentado e já é bem documentado", relata André Siqueira, epidemiologista e pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Um estudo feito na Universidade Stellenbosch, na África do Sul, mostrou que a reinfecção de covid-19 ficou mais comum com a ômicron e que ela poderia ocorrer num intervalo de 90 dias entre uma infecção e outra —com as variantes beta e delta raramente havia reinfecção. O estudo, contudo, avaliou a possibilidade de reinfecção na chegada da ômicron e não entre quem já teve a ômicron.

Um fator que pode favorecer a reinfecção é que a proteção adquirida por meio da doença e do esquema vacinal completo vai caindo com o passar do tempo.

"Essa queda na proteção tem velocidade diferente em cada pessoa, mas, segundo estudos mais recentes, idosos e imunodeprimidos apresentam redução mais rápida, em geral, de quatro a seis meses a partir da doença ou vacinação", comenta Wladimir Queiroz, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia)

Quem pegou ômicron está protegido contra as novas subvariantes?

Após a chegada da ômicron, não houve nenhuma nova variante registrada pela OMS. O que ocorreu foram subvariantes —ou seja, derivações da ômicron com mudanças genéticas mais leves na sua estrutura, que não as fazem ser consideradas uma variante totalmente nova.

Por ser derivada da versão inicial da ômicron (BA.1), uma questão que tem sido investigada é se quem pegou a variante original está protegido contra a subvariante BA.2. "Não necessariamente, porque a BA.2 tem alterações em relação à BA.1. Já têm sido documentadas pessoas que pegaram a BA.1 e, posteriormente, a BA.2. Não existe uma proteção absoluta", afirma Siqueira.

A subvariante BA.2 se tornou predominante no mundo, correspondendo a 86% dos casos sequenciados, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Ela foi responsável pelo aumento no número de infecções de covid-19 nos Estados Unidos e em países da Europa.

Em nenhum desses países, contudo, a curva de casos chegou próxima ao pico registrado pela ômicron no início do ano, mantendo-se em patamares baixos —o que indica uma possível proteção contra a subvariante entre a população. O número de mortes, que já havia ficado mais baixo com a ômicron, também segue pequeno em relação a outras ondas —mostrando uma proteção robusta na população advinda principalmente graças à vacinação.

De acordo com o infectologista Wladimir Queiroz, cada nova variante ganhou apenas maior poder de transmissibilidade, mas não de provocar mortes ou internações. "Observamos isso com relação às mais recentemente detectadas, sem que haja, necessariamente, maior gravidade nos novos casos", diz o professor do Unilus (Centro Universitário Lusíada).

Além da BA.2, a ômicron já possui outras subvariantes, como a BA.3, BA.4, BA.5, e as recombinantes: XE, XQ, XG, entre outras.

Covid-19 não irá desaparecer e vacinação pode ser anual

Para o epidemiologista Siqueira, é muito provável que tenhamos que lidar com o SARS-CoV-2, vírus que causa a covid-19, como um agente causador de infecção que persistirá na comunidade, algo parecido com o que já ocorre com o vírus influenza, da gripe.

"É possível que haja necessidade de vacinas constantes ou a geração de uma vacina universal contra o coronavírus, que seria suficiente para a proteção contra diversas variantes ou subvariantes que apareçam."

O médico infectologista Bandeira vai na mesma linha e diz que a covid-19 não irá desaparecer. "É importante que a gente entenda que esse vírus não irá sumir, ele continuará a circular de forma endêmica. A nós cabe nos vacinarmos anualmente para que tenhamos uma infecção branda e leve."

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