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Estudo identifica biomarcadores que podem indicar maior risco de suicídio

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Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

19/05/2022 17h59

O suicídio é uma das principais causas de mortalidades no mundo todo, segundo relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde). Pensando nisso, pesquisadores tentaram identificar possíveis biomarcadores associados a maior risco de suicídio. Os resultados deste estudo foram publicados no dia 14 de maio, no periódico Translational Psychiatry, da Nature.

Na pesquisa, os autores incluíram pessoas que tinha diagnóstico de transtorno depressivo maior, o tipo de depressão mais frequente e conhecido. Caracteriza-se por um quadro de humor deprimido, perda de interesse e de prazer, energia reduzida, diminuição das atividades e, em casos mais graves, sofrimento, melancolia e incapacidade temporária, especialmente quando não tratado.

De acordo com os autores, esse tipo de transtorno é o mais comum em casos de suicídios e, por isso, é importante identificar as pessoas com maior risco.

Como o estudo foi feito

Os pesquisadores analisaram amostras de sangue e de parte do cérebro de 45 pessoas adultas, diagnosticadas com transtorno depressivo, sendo que uma parte delas morreu por suicídio e a outra por "outros meios", além do grupo de controle.

No total, havia 53 amostras de sangue e 69 de tecido do córtex pré-frontal do cérebro, que foram coletadas da Universidade da Califórnia, Irvine, nos Estados Unidos.

A ideia dos pesquisadores era encontrar características em comum nas expressões gênicas dessas pessoas.

Quais foram os achados do estudo

No sangue, os investigadores identificaram 14 genes que diferenciam significativamente entre os dois grupos (com diagnóstico de transtorno que se suicidaram e as que morreram por "outras causas").

Essa "assinatura" inclui genes envolvidos em mudanças de resposta ao estresse, incluindo metabolismo de poliaminas, ritmo circadiano, desregulação imune e manutenção de telômeros, cuja função principal é proteger o material genético que o cromossomo transporta.

Os seis principais genes expressos no sangue foram: PER3, MTPAP, SLC25A26, CD19, SOX9 e GAR1. Veja explicação de cada um deles abaixo.

O PER3 é um gene do ritmo circadiano relacionado a distúrbios do sono. Segundo os autores, acredita-se que ele aumente a suscetibilidade ao transtorno depressivo maior. Mutações neste gene (PER3) já demonstraram alterar vários sistemas, incluindo resposta a antidepressivos.

Também houve níveis significativamente mais elevados de dois marcadores inflamatórios —os genes CD19 e CD6— no sangue de pacientes que morreram por suicídio em relação ao grupo que teve morte por outras causas.

Outra descoberta foi o envolvimento de vários genes mitocondriais no suicídio, segundo os pesquisadores. Dois genes nucleares que codificam para proteínas localizadas em mitocôndrias (MTPAP) e o transportador de poliamina mitocondrial (SLC25A26) apareceram em níveis aumentados no sangue naqueles que morreram por suicídio em relação aos outros dois grupos.

De acordo com os autores, o resultado sugere que alterações mitocondriais podem ser usadas como assinaturas potenciais para diferenciar pacientes com maior risco de suicídio.

"Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a analisar amostras de sangue e de cérebros em uma população bem definida com transtorno depressivo maior, demonstrando diferenças significativas na expressão gênica associada ao suicídio consumado", explicou o autor do estudo Adolfo Sequeira, da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, em um comunicado à imprensa.

Para os pesquisadores, identificar possíveis biomarcadores sanguíneos é um importante passo para o desenvolvimento de exames de sangue para evitar que mais pacientes, principalmente os que estão em maior risco, pratiquem o suicídio.

Procure ajuda

Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.