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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Pulmão, esôfago, ovário e mais: veja quais são os tumores mais silenciosos

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Patrícia Beloni

Colaboração para VivaBem

13/05/2022 04h00

O câncer por si só já é uma doença perigosa que pode levar à morte. Mas ele se torna ainda mais sério quando não dá sinais durante suas fases iniciais. Os tumores mais silenciosos impedem que um diagnóstico precoce seja realizado, prejudicando o tratamento rápido e interferindo na cura.

Outro fator complicador é o fato de alguns tumores possuírem sintomas comuns aos de outras doenças. Daí a necessidade de se realizar exames de imagens e sempre fazer acompanhamento médico.

Mas independente do tipo, é importante dizer que as causas dos tumores não são bem definidas. Eles estão associados a diversos hábitos e fatores de risco, entretanto, não há conclusões definitivas sobre o que efetivamente leva ao desenvolvimento da célula cancerígena.

Por isso, a orientação médica é sempre manter hábitos saudáveis de vida, evitando abuso de bebidas alcoólicas e cigarro, bem como investir em alimentação balanceada, prática de exercícios e acompanhamento médico periódico.

Abaixo listamos cinco tipos de cânceres silenciosos, considerados alguns dos mais perigosos por médicos oncologistas:

  • Câncer de pulmão

Alvéolos pulmonares, pulmão, pulmões - iStock - iStock
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A última estatística mundial de 2020 apontou incidência de 2,2 milhões de casos novos de câncer de pulmão, sendo 1,24 milhão em homens e 583 mil em mulheres, além de 1,8 milhão de óbitos pela doença.

No Brasil, o câncer de pulmão é o terceiro mais incidente nos homens e o quarto em mulheres, com 17.760 e 12.440 casos novos, respectivamente, sem contar o câncer de pele não melanoma. No entanto, quando se fala de mortalidade, o câncer de pulmão corresponde a principal causa de óbito por câncer no país.

Trata-se de um câncer silencioso e perigoso porque só apresenta sintomas em estágios mais avançados, quando já está comprometendo grande parte do pulmão ou outros órgãos. Além disso, pode ser confundido com outras doenças respiratórias, como bronquite, pneumonia e tuberculose, por exemplo.

Sintomas

  • Mudanças no padrão de tosse;
  • Escarro com sangue;
  • Perda de peso;
  • Rouquidão;
  • Falta de ar;
  • Cansaço
  • Dor nas costas.

Normalmente, está associado ao uso de cigarro, à poluição, à exposição a compostos químicos (radiação, asbestos, amianto, cromo, radônio) e histórico familiar. É possível identificar através de tomografia de tórax de rastreamento em pacientes de alto risco e grandes fumantes. A confirmação vem com a biópsia de lesão feita por broncoscopia e guiada por tomografia.

Para tratar, é indicado cirurgia quando não existem metástases (quando as células cancerígenas já se espalharam), e é possível fazer a remoção completa do tumor seguido ou não de quimioterapia ou terapia alvo.
A combinação de terapia alvo, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia vai depender de o tumor estar em metástase ou não.

Se for diagnosticado precocemente e operado, tem cura. A chance depende do estágio da doença e da resposta individual aos tratamentos indicados para cada caso.

  • Câncer de pâncreas

Pâncreas, câncer de pâncreas - iStock - iStock
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O tumor no pâncreas acomete mais de 490 mil pessoas por ano no mundo, segundo o Observatório Global do Câncer. No Brasil, são 11.893 mortes por ano.

"Os sintomas do câncer de pâncreas só ocorrem quando o tumor está comprimindo a via biliar", explica a médica oncologista Clarissa Mathias, do Hospital Santa Izabel e da NOB Oncoclínicas Bahia, em Salvador, e membro da Esmo (Sociedade Europeia de Oncologia Médica).

Ou seja, não existem sintomas precoces que alertem para um possível diagnóstico. Isso só vai acontecer num estágio mais avançado da doença e podem gerar sintomas comuns de outras patologias, como obstrução biliar por pedras ("pedra na vesícula") e dispepsia.

Sintomas

  • Icterícia (olhos amarelos);
  • Enjoo;
  • Vômitos ou compressão de nervos, levando a dores;
  • Dor no abdome;
  • Dor nas costas;
  • Perda de peso;
  • Diabetes;
  • Trombose.

As causas estão associadas ao cigarro, obesidade, pancreatite, diabetes e álcool. Muito raramente, existe uma hereditariedade. Para descobrir a doença, é preciso realizar exames de imagem (tomografia, ressonância e pet scan), seguidos por biópsia para confirmação diagnóstica.

Para tratar pode ser recomendado cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. Se for diagnosticado precocemente e operado, tem cura. A chance depende do estágio da doença e da resposta individual aos tratamentos indicados para cada caso.

  • Câncer de ovário

ovário, sistema reprodutor feminino, câncer - iStock - iStock
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A incidência, segundo o Inca, é de aproximadamente 6.000 casos novos de câncer de ovário por ano no Brasil. No mundo, é a oitava neoplasia mais comum e estima-se 300 mil novos casos por ano.

A doença em estágio inicial também não causa sintomas, somente quando já está avançada, acometendo outros órgãos abdominais, é que se manifesta. É considerado um dos mais perigosos também porque não existe um exame para rastreamento e detecção precoce adequado.

Os sintomas podem ser confundidos com os de doenças do trato gastrointestinal como refluxo, prisão de ventre e intolerâncias alimentares.

Sintomas

  • Dor e aumento do abdominal;
  • Má digestão;
  • Constipação;
  • Vômitos;
  • Alteração do ritmo intestinal.

As causas e os fatores de risco não são bem definidos, mas estão associados à idade avançada, histórico familiar de câncer, síndromes genéticas, infertilidade, obesidade e também ao uso de anticoncepcionais e laqueadura tubárias. Para identificar, é necessário exames de imagem como ultrassonografia, tomografia ou ressonância que geralmente são solicitados para investigações dos sintomas das pacientes.

Infelizmente, não há como prevenir porque não há rastreamento, mas hábitos de vida saudáveis são sempre recomendados. Para pacientes com risco genético, existem programas de rastreamento.

O tratamento, em geral, envolve a cirurgia com retirada dos ovários e do útero e muitas vezes quimioterapia. Atualmente, drogas orais após a quimioterapia, como tratamento de manutenção, podem ser utilizadas em alguns cenários. Se for diagnosticado precocemente e operado, tem cura. A chance depende do estágio da doença e da resposta individual aos tratamentos indicados para cada caso.

  • Câncer de fígado

Fígado - mi-viri/iStock - mi-viri/iStock
Imagem: mi-viri/iStock

No mundo, são mais de 800 mil casos por ano, de acordo com a Estatística Global de Câncer. No Brasil, estima-se que aconteça cerca de 6.000 casos por ano, com mais de 50% de óbitos, segundo dados do Inca e do Atlas de Mortalidade por Câncer.

A doença só traz sintomas em estágios mais avançados, por isso é um dos tumores mais silenciosos. O câncer primário do fígado geralmente ocorre conjuntamente com outras doenças do fígado como hepatites crônicas, cirroses ou fígados gordurosos (esteatoses).

Pacientes com esses diagnósticos devem ser acompanhados pelos especialistas, gastrohepatologistas, e realizar exames de imagem e laboratório regularmente, independente até do surgimento de sintomas.

Quando o câncer de fígado vem associado com outra doença hepática de base como cirrose, os sintomas se somam e podem ser confundidos com os de doenças do trato gastrointestinal como refluxo, prisão de ventre e intolerâncias alimentares.

Sintomas

  • Perda de peso;
  • Dor abdominal;
  • Olhos amarelos (icterícia);
  • Aumento do volume abdominal por acúmulo de líquido (ascite).

As causas estão associadas a ingestão de bebidas alcoólicas, hepatites e acúmulo excessivo de gordura no fígado. Para identificar, é necessário exames de imagem como ultrassonografia, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética do abdome.

Para prevenir, importante tomar a vacina contra hepatite, evitar consumo abusivo de álcool e manter hábitos saudáveis de alimentação e prática de exercícios.

O tratamento depende do estágio da doença. Pode ser desde cirurgia, tratamentos intervencionistas de quimioterapia direto no tumor, remoção do tumor, até tratamentos sistêmicos com medicações específicas, incluindo imunoterapia. Se for diagnosticado precocemente e operado, tem cura. A chance depende do estágio da doença e da resposta individual aos tratamentos indicados para cada caso.

  • Câncer de esôfago

Esôfago, câncer de esôfago, sistema digestivo - iStock - iStock
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No mundo, em 2020 foram diagnosticadas cerca de 600 mil pessoas no mundo com câncer do esôfago, sendo 11.360 no Brasil. De acordo com dados do Inca, na população masculina o câncer de esôfago ocupa a 6ª posição dos tumores mais frequentes e, nas mulheres, a 15ª.

É silencioso porque os sintomas só começam a aparecer a medida que o tumor vai crescendo. A perda de peso é sinal comum de muitas outras doenças. E, às vezes, a dificuldade em alimentar-se também pode ser atribuída a outras causas e subestimada.

Sintomas

  • Desconforto ou dificuldade para deglutição;
  • Azia;
  • Dores;
  • Perda de peso;
  • Fraqueza;
  • Rouquidão;
  • Tosse;
  • Sangramento.

As causas estão associadas ao tabagismo, álcool, alimentos quentes, infecção pela bactéria H. pylori, gastrite, refluxo gastroesofágico e esôfago de Barrett, síndrome de Peutz-Jeghers, infecção pelo vírus HPV (papilomavírus humano), ingestão de bebidas muito quentes, má higiene oral e gastrectomia parcial (retirada de parte do estômago).

Para identificar, o melhor exame é endoscopia, e está indicada sempre que surgirem sintomas de dificuldade de deglutição, dor ao ser alimentar, azia, ou em população de risco.

Para prevenir, é recomendado evitar ingestão abusiva de bebidas alcoólicas, não fumar, cuidar da alimentação, evitar bebidas muito quentes e procurar orientações para o tratamento das outras condições associadas.

O tratamento depende do estágio da doença. Pode variar entre retirada da lesão através de procedimento endoscópico ou cirúrgico, rádio e quimioterapia, imunoterapia ou a combinação de uma ou mais dessas opções Se for diagnosticado precocemente e operado, tem cura. A chance depende do estágio da doença e da resposta individual aos tratamentos indicados para cada caso.

Fontes: Aknar Calabrich e Anelisa Coutinho, médicas oncologistas da Clínica AMO/Dasa, em Salvador; Artur Malzyner, médico oncologista, diretor científico da Clinonco (SP); Clarissa Mathias, médica oncologista do Hospital Santa Izabel e da NOB Oncoclínicas Bahia, em Salvador, e membro da Sociedade Europeia de Oncologia Médica; Gustavo Leme Fernandes, médico ginecologista, chefe do setor de oncologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, professor colaborador da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenador médico do núcleo de neuropelveologia do Instituto de Cuidados, Reabilitação e Assistência em Neuropelveologia e Ginecologia (Increasing); e Lilian de Albuquerque Carrano, médica oncologista da Clinonco.