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Não consigo emagrecer nem ganhar músculo. Preciso fazer reposição hormonal?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

03/05/2022 04h00

Sou homem cisgênero, tenho mais de 50 anos e estou com dificuldade de queimar gordura e aumentar a massa muscular. Preciso fazer reposição hormonal?

Só se você tiver algum transtorno que prejudique sua produção hormonal. Por isso, o primeiro passo é marcar uma consulta com um endocrinologista, ou médico do esporte, para que o profissional da saúde possa realizar o pedido de exame de testosterona no sangue e, assim, identificar se existe, ou não, um déficit na quantidade do hormônio circulante no seu organismo.

Vale saber que, no geral, são considerados normais os valores entre 300 ng/dl a 1.000 ng/dl (nanogramas por decilitro de sangue) de testosterona no sangue. É uma faixa bem extensa, os níveis ideais do hormônio variam com a idade e outros fatores, que devem ser avaliados individualmente pelo profissional da saúde.

Alguns sintomas podem indicar redução na produção hormonal, como baixa libido, diminuição das ereções matinais, perda de pelos do corpo, baixa densidade mineral óssea, ginecomastia e testículos pequenos. O que pode causar essa deficiência são infecções, diabetes, tumores, obesidade, doenças inflamatórias, outros distúrbios hormonais, doenças genéticas, entre outros.

Além disso, o risco de ocorrer deficiência de testosterona aumenta após os 50 anos, já que, com o passar do tempo, é normal o corpo produzir menos hormônios. Esse déficit ainda se acentua quando o homem tem outras doenças, como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e do fígado, e até transtornos psíquicos, como depressão. O estilo de vida, ou seja, a alimentação, prática de exercícios físicos, qualidade do sono, consumo de álcool e tabagismo, também tem forte influência na quantidade de testosterona no sangue.

Se for indicada a reposição hormonal devido alguma deficiência, o uso desses tipos de medicamentos pode sim ajudar no aumento de massa magra (músculos) e na diminuição da gordura corporal. Mas é importante saber que esse tratamento pode levar a alguns efeitos colaterais.

As reações são variadas e podem incluir desde aumento da oleosidade da pele, acne, queda de cabelo, passando por doenças cardiovasculares, cânceres de próstata e de mama e risco de hepatotoxicidade (danos no fígado causado por substâncias químicas).

Também pode ocorrer aumento do colesterol "ruim" (LDL) e diminuição do colesterol bom (HDL), transtorno de humor, com crises de irritabilidade, nervosismo e até depressão, assim como infertilidade e hemoconcentração —quando o sangue fica mais grosso, o que pode ser fator de risco para doenças vasculares, como trombose e AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Para homens acima dos 40 anos, a reposição de testosterona pode estimular o aumento do tamanho da próstata, levando à chamada hiperplasia prostática benigna, que pode alterar o fluxo da urina, com jato mais fraco, já que o canal da uretra está estreitado. Esse problema pode causar desconforto e dificuldade para urinar.

Então, já sabe: o primeiro passo é marcar uma consulta médica. As características de maior ou menor facilidade de gastar energia (queimar gordura) e ter ganho de músculos são principalmente determinadas pela genética de cada pessoa. Se não houver deficiência hormonal, às vezes, uma simples mudança de hábitos pode ajudar na definição corporal.

Invista na adoção de bons hábitos como alimentação saudável, prática regular de exercícios, boa quantidade e qualidade do sono, moderação na ingestão de álcool e abolição do tabagismo, assim como controle do diabetes e distúrbios dos lipídios (gorduras e colesterol). Jamais faça uso de hormônios por conta própria.

Fontes: Bruno Geloneze, professor em endocrinologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e coordenador do LIMED (Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes), também da Unicamp; Felipe Henning Gaia Duarte, diretor da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) Regional São Paulo; Roberta Maria Duailibe, endocrinologista do HU-UFMA (Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

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