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Alho-poró faz bem ao intestino e aos olhos; veja benefícios e como consumir

Paolo Martinez Photography/Getty Images
Imagem: Paolo Martinez Photography/Getty Images

Cecilia Felippe Nery

Colaboração para o VivaBem

25/04/2022 04h00

Pertencente à família do alho e da cebola, mas com sabor mais leve, o alho-poró é, além de tudo, muito saudável. Ele contém minerais essenciais para a saúde da estrutura óssea, muscular e do sistema cardiovascular; vitamina C, que fortalece a imunidade, faz bem para a saúde da pele e auxilia na absorção do ferro; e vitaminas do complexo B, que atuam no sistema nervoso, cardiovascular e digestivo.

Pesquisadores sugerem que ele é originário do leste do Mediterrâneo e Oriente Médio, mas se disseminou pelo mundo ao longo dos anos. "Em alguns países e regiões, a hortaliça é conhecida como alho-francês, alho-macho ou alho-porró", diz Hellen Suleman, nutricionista e instrutora de gastronomia do Senac EAD (Serviço Nacional do Comércio Educação a Distância). No Brasil, a produção de alho-poró está concentrada nos estados das regiões Sul e Sudeste.

Benefícios do alho poró

Uma colher (sopa) de alho-poró tem cerca de 4,8 kcal, 1,04 g de carboidratos, 0,21 g de proteínas, 0,38 g de fibras alimentares e 0,01 g de gordura. A seguir, veja seus principais benefícios à saúde:

1. Ajuda no funcionamento do sistema digestório

Com alto teor de fibras, o alho-poró ajuda a manter o bom funcionamento do aparelho digestivo. A hortaliça possui ainda inulina, um composto prebiótico, ou seja, serve de alimento para as bactérias boas no intestino, ajudando-as a se reproduzirem e contribuindo para a saúde da flora intestinal.

2. Combate o envelhecimento precoce e tem ação anti-inflamatória

O alho-poró é rico em antioxidantes, como flavonoides e polifenóis, substâncias que inibem a ação oxidante dos radicais livres, combatendo o envelhecimento precoce da pele, dos cabelos e do corpo em geral. Em estudo que avaliou o conteúdo de polifenóis totais e atividade antioxidante na cebola, alho e alho-poró, este último mostrou mais atividade antioxidante do que o alho.

O alho-poró também auxilia na prevenção de doenças inflamatórias e na calcificação das artérias, em razão da presença da vitamina K.

3. Evita a retenção de líquidos

A hortaliça tem poder diurético, que combate a retenção de líquidos, ajudando assim a amenizar inchaços pelo corpo e a eliminar toxinas.

4. É bom para a saúde do coração

O alho-poró diminui risco de doenças cardíacas, fortalece o sistema imunológico e evita picos de açúcar no sangue.

5. Faz bem aos olhos

O alho-poró contém luteína e zeaxantina, substâncias que protegem o olho da oxidação e do envelhecimento.

Como consumir

"A palavra de ordem sobre alho-poró é versatilidade", afirma Eva Andrade, nutricionista materno-infantil, mestre em nutrição pelo PPGNUT-UFRN (programa de pós-graduação em nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), pós-graduanda em ciências e tecnologia dos alimentos do IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte e consultora de segurança de alimentos.

O alho-poró pode ser consumido cru, grelhado, cozido, assado ou frito. A parte branca fatiada vira recheio de torta, salada, dá sabor para o arroz e risoto. Como tem um leve ardido, casa perfeitamente com ingredientes neutros, como queijos, ovo e batata. "Dá também para fazer uma combinação ousada e cheia de personalidade, juntando o alho-poró a ingredientes marcantes, como queijo azul, castanhas e mostarda", indica Andrade.

"Já as folhas são duras e de difícil consumo, mas são aromáticas e podem contribuir com sabor em caldos e sopas", sugere Audie Nathaniel Momm, médico nutrólogo do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual).

A hortaliça pode ser armazenada em saco plástico dentro da geladeira ou congelada. "Quando bem embalado, o alho-poró dura mais ou menos cinco dias na geladeira", afirma o nutrólogo.

Conforme Suleman, para congelar, deve-se remover as folhas verdes, raízes e a parte verde do talo. Corte a parte branca ao meio no sentido do comprimento e separe os pedaços. Lave bem em água corrente, eliminando toda a sujeira aderida ao talo. Coloque em água fervente por dois a três minutos e em seguida em água com gelo por dois a três minutos (branqueamento). Escorra o excesso de água e faça pequenas porções, acondicionando em embalagens para o congelamento (pacotes plásticos, potes de vidros) etc. Ele dura até três meses no freezer.

Veja uma receita com a hortaliça:

Sopa Vichyssoise

Ingredientes:

  • 40 g de manteiga
  • 8 talos de alho-poró
  • 2 batatas médias
  • 900 ml de caldo de frango
  • 450 ml de creme de leite fresco
  • Noz-moscada, sal e pimenta-do-reino a gosto
  • 4 talos de cebolinha verde

Modo de preparo:

  1. Coloque a manteiga na panela e derreta em fogo médio ou baixo. Quando estiver derretida, adicione o alho-poró cortado em fatias finas (só a parte branca) e refogue por 5 minutos, sem dourar.
  2. Acrescente a batata em cubos pequenos e cozinhe por 1 a 2 minutos. Mexa de vez em quando.
  3. Coloque o caldo de frango e espere levantar fervura. Diminua o fogo e cozinhe por 30 minutos. Após esse tempo, apague o fogo e deixe esfriar por alguns instantes.
  4. Bata a sopa aos poucos no liquidificador ou com um mixer até virar um creme. Acrescente o creme de leite e a noz-moscada e misture com um batedor de arame. Tempere com sal e pimenta.
  5. Ferva a sopa novamente, diminua o fogo e cozinhe por 5 minutos. Se necessário, adicione um pouco mais de caldo para afinar a sopa.
  6. Deixe esfriar e, quando estiver em temperatura ambiente, cubra com papel filme. Guarde na geladeira e sirva no dia seguinte.
  7. No momento de servir, ajuste o tempero, salpique a cebolinha picada e sirva em recipientes gelados.

*A sopa também pode ser servida quente.

Riscos e contraindicações

Praticamente não há contraindicações absolutas, no entanto, de acordo com Momm, alguns cuidados devem ser tomados. "Por ser rico em potássio, pode ser conveniente que pessoas que necessitam evitar esse nutriente não o consumam", adverte o nutrólogo. Quem tem doença renal crônica, por exemplo, precisa limitar o consumo desse mineral, porque os rins não conseguem processá-lo adequadamente, fazendo com que se acumule no sangue. Medicamentos usados para tratar a doença renal também podem elevar os níveis de potássio.

O consumo excessivo de alho-poró também pode causar problemas digestivos, como flatulência (por sua contribuição de compostos de enxofre) e diarreia. "Grandes quantidades de alho-poró diariamente ainda podem causar uma sensação de mal-estar e uma diminuição da pressão arterial", acrescenta Andrade.

As espécies da família Allium, lembra Suleman contém níveis altos de componentes baseados em enxofre, que são conhecidos por reduzir a coagulação sanguínea. Assim, pode ser contraindicado para indivíduos que têm problemas de coagulação sanguínea, tomam remédios anticoagulantes, têm trombose ou suspeitam de trombos não consolidados, sofrem de hemorragias e possuem menstruação muito abundante. "O consumo em excesso poderá potencializar o efeito anticoagulante, fluidificando o sangue, o que é muito benéfico em alguns casos, mas pode ser prejudicial nos casos citados", conclui Suleman.