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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Veja sinais relacionados à osteoporose e como controlar a doença

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Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

31/03/2022 04h00

A osteoporose, que se refere a "osso poroso", ocorre quando há uma desorganização da estrutura óssea e, consequentemente, predisposição a fragilidade e aumento no risco de fraturas. Se você está à procura de seus sinais característicos, já adiantamos que não é tão simples, pois trata-se de uma doença pouco sintomática e que pode permanecer por vários anos completamente assintomática. O diagnóstico tende a acorrer após uma quebra de osso.

"Uma queixa clínica possível é a dor lombar (na parte inferior da coluna), que é consequência de uma fratura do corpo vertebral, por compressão, causada por uma sobrecarga mecânica, ou até mesmo trauma. Essa dor se manifesta com piora durante a movimentação e melhora com o repouso", inicia Moisés Cohen, ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein e diretor do Instituto Cohen, em São Paulo.

O médico, que também é especialista em traumatologia, reabilitação e medicina do esporte, continua que, além da coluna vertebral, quadris, punhos e ombros também são locais comuns para ocorrerem fraturas por fragilidade óssea. Mas nem sempre há dor. Em se tratando das fraturas na coluna vertebral, por exemplo, podem ocorrer de forma assintomática e o paciente referir diminuição na própria altura, com cifose, uma acentuação de sua curvatura para frente.

Alterações e hábitos para se atentar

Esqueleto humano, ossos, corpo humano - iStock - iStock
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Algumas doenças também podem predispor o aparecimento da osteoporose, ou até mesmo se apresentar com diminuição da densidade mineral óssea.

"A osteoporose pode ser dividida em primária, quando a perda óssea é associada a idade, e secundária, quando decorre de doenças sistêmicas ou condições de saúde que aceleram a perda óssea", esclarece Kayson Lima Dias, reumatologista do Hospital Santa Izabel, parceiro da Central Nacional Unimed, em Salvador.

Por trás do segundo tipo estão osteogênese imperfeita (ossos de vidro) e doenças endócrinas, como diabetes tipos 1 e 2; deficiência ou produção excessiva do hormônio do crescimento GH; hipercortisolismo (hipersecreção autônoma de cortisol); hiperparatireoidismo (excesso do hormônio paratormônio, responsável pela regulação e o equilíbrio de cálcio, vitamina D e fósforo no sangue); hipertireoidismo (produção hormonal excessiva pela glândula tireoide).

Mas tem mais: doenças do aparelho digestivo (cirrose hepática, obstrução crônica das vias biliares); cânceres (mieloma, leucemia, linfoma); doenças inflamatórias autoimunes (artrite reumatoide, espondilite anquilosante, lúpus eritematoso sistêmico), distúrbios genéticos (síndromes de Marfan e de Ehlers-Danlos); anorexia nervosa e insuficiência renal crônica.

Em se tratando de hábitos ruins, aumentam a incidência de osteoporose o sedentarismo —sem fortalecimento de músculos e ossos, facilitamos as fragilidades—, dieta nutricional e de cálcio empobrecidas, falta de exposição solar adequada, tabagismo e alcoolismo.

Além de uso prolongado de medicamentos, a exemplo de inibidores de bomba de prótons (omeprazol), antidepressivos, contraceptivos, anticoagulantes (varfarina) e antirretrovirais.

Não afeta só os idosos

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Ao contrário do que muitas pessoas pensam, explica Cohen, a osteoporose não é típica dos idosos (em que a causa da perda de massa óssea é menos evidente, por estar relacionada a inatividade, alterações hormonais, envelhecimento), podendo acometer crianças, adolescentes e adultos jovens.

De maneira semelhante com o que ocorre nos idosos, tem evolução assintomática e, quando surgem os sintomas, já está em estágio avançado.

A presença comum de cáries pode ser um sinal precoce da diminuição da densidade mineral óssea, sendo as fraturas de repetição, limitações e deformidades, sinais de doença avançada. É sempre importante estar atento ainda a crianças alérgicas a leite, que sejam intolerantes à lactose, com problemas gastrointestinais, e para o uso de medicações na fase infantil, pois algumas estão relacionadas com a diminuição da formação óssea, entre as quais corticoides.

"Atenção obrigatória igualmente com jovens portadores de doença celíaca. Ela pode causar osteoporose por prejudicar a absorção do cálcio e outros nutrientes pelo organismo", informa Paulo Camiz, geriatra e professor do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), apontando também a menopausa precoce, cuja queda brusca do hormônio estrogênio afeta o processo de remodelação e reparação óssea.

A osteoporose acomete preferencialmente mulheres idosas, após a menopausa e cerca de um terço das mulheres na fase pós-menopausa, em virtude do predomínio da perda e reabsorção sobre o ganho e a formação do tecido ósseo. Entretanto, não é exclusiva do gênero feminino, o mau funcionamento testicular (hipogonadismo) é um fator de baixa massa óssea em homens.

Como evitar e tratar a osteoporose

Musculação, idoso - iStock - iStock
Musculação, idoso
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Em uníssono, os especialistas concordam que pessoas com qualquer doença, alteração ou sintoma entre os citados —e mais, com histórico familiar de osteoporose e que façam uso de medicações— devem ser acompanhadas por profissionais, para prevenir o surgimento desse distúrbio esquelético silencioso.

Mas é fundamental que todos realizem exames de rotina, pois, como reforça Camiz, nos jovens é preciso agir cedo, senão os ossos ficam muito frágeis.

Existem diversos exames que podem ser solicitados para avaliação de osteoporose, sendo eles de sangue ou imagem. Entre os primeiros, dosagens dos hormônios da tireoide e paratireoide, vitamina D e cálcio. As radiografias têm função limitada, desde que não se apresente alguma fratura.

O exame "padrão ouro" no diagnóstico é a densitometria óssea e ele se dá quando o valor de referência para densidade mineral óssea atinge um valor menor ou igual a -2,5.

"Este exame é indicado para pessoas que fazem uso prolongado de corticoides, ou que apresentem anormalidades na coluna, fraturas, mulheres com deficiência de estrogênios e com fatores de risco e no controle da osteoporose", indica o ortopedista Moisés Cohen, acrescido pelo reumatologista Kayson Dias: "Ainda homens com 70 anos ou mais, ou entre 50 e 70 anos que apresentem condições associadas a baixa massa óssea ou perda óssea".

No que compete a tratamento, Camiz garante que se antes só impedia a piora, hoje recupera massa óssea. Deve ser direcionado para o ganho de massa óssea, por meio de exercícios físicos de fortalecimento, dieta balanceada e rica em cálcio e vitamina D e medicamentos, inclusive que previnam fraturas.

"Mas, independentemente disso, não se trata osteoporose por conta própria, mesmo que você compre remédios sem receita", relembra o geriatra, alertando que algumas intercorrências por fragilidade necessitam de intervenção cirúrgica de urgência.