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Semente de abóbora, abacaxi, ostra: quais alimentos influenciam na hora H

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Imagem: Getty Images

Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

29/03/2022 04h00

É bem provável que você já tenha ouvido falar que alguns alimentos influenciam positivamente a relação sexual, aumentando a libido, alterando o sabor do esperma ou retardando a ejaculação. Eles são conhecidos como afrodisíacos e o seu consumo pode fazer diferença (não milagre!) na hora H.

Isso ocorre porque determinados alimentos possuem nutrientes que ajudam a melhorar diversos aspectos do sexo. Mas como saber quais realmente surtem algum efeito e quais não alteram em absolutamente nada? VivaBem ouviu especialistas e explica, a seguir, o que é verdade e vale colocar no prato para turbinar a relação sexual, e o que não passa de mito.

Semente de abóbora aumenta a quantidade de esperma e previne a queda de testosterona: VERDADE.

A semente de abóbora (assim como a ostra) é uma excelente fonte de zinco, um nutriente importante para a produção de espermatozoide e de testosterona. Esse mineral aumenta a libido (inclusive nas mulheres) e a fertilidade masculina.

"Mas é muito difícil de dizer que, efetivamente, vai ajudar de alguma forma o ato sexual. É uma hipótese, mas não tem evidências definitivas", afirma Andressa Heimbecher Soares, médica endocrinologista, membro da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia);

A recomendação de consumo diário é cerca de 30 g, o equivalente a 3 colheres (sopa) crua ou em pó.

Sua ingestão aumenta a produção de neurotransmissores como dopamina, serotonina e endorfina, responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar - iStock - iStock
Chocolate amargo aumenta a produção de neurotransmissores como dopamina, serotonina e endorfina, responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar
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Chocolate amargo aumenta o desejo sexual: MITO.

Esse é um clássico muito difundido por aí, mas que não tem respaldo científico. Estudos apontam que o cacau aumenta o fluxo sanguíneo, mas não há comprovação relevante em relação ao desejo sexual.

"No contexto, o que faz aumentar o desejo sexual é a situação como, por exemplo, um jantar romântico à luz de velas e depois comer chocolate. A relação é mais cultural do que científica", explica a médica endocrinologista.

Ainda assim, é válido dizer que o alimento conta com feniletilamina, substância alcaloide que tem propriedades estimulantes que despertam a energia e a libido. O chocolate ainda é rico em magnésio, mineral que proporciona a sensação de relaxamento.

Além disso, a ingestão de chocolate amargo pode ser uma boa opção para quem tem problemas de circulação sanguínea e precisa relaxar os vasos. Mas perceba que o consumo não aumenta o desejo, apenas melhora um quadro que, consequentemente, vai garantir uma melhor relação sexual. Portanto, ele não pode ser considerado um alimento afrodisíaco.

Além de leve, saudável e gostosa, a ingestão de melancia pode dar aquela forcinha na hora H - iStock - iStock
Além de leve, saudável e gostosa, a ingestão de melancia pode dar aquela forcinha na hora H
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Melancia ajuda a melhorar a função erétil: VERDADE.

A melancia possui um aminoácido chamado citrulina, que estimula a produção de ácido nítrico, necessário para o relaxamento dos músculos do pênis.

Esse relaxamento enche o pênis de sangue (vasodilatação) e o deixa mais ereto. Estudos apontam que o consumo da fruta é indicado, inclusive, para auxiliar em um tratamento de disfunção erétil. Uma ingestão de 200 ml de suco de melancia já é o suficiente para conseguir tais benefícios.

Abacaxi altera sabor do esperma: VERDADE.

O esperma é composto por aminoácidos, enzimas e, principalmente, frutose (açúcar da fruta), que serve como fonte de energia. De acordo com Lorena Ellen da Silva Lima, nutricionista que atua na AmorSaúde Teresina Centro, rede de clínicas parceira do Cartão de TODOS, embora não haja estudos, a frutose aumenta o açúcar no sêmen, deixando-o com um sabor mais adocicado.

Comer romã antes do sexo aumenta prazer: MITO.

Não se iluda. Embora apontada como uma boa dica para melhorar o sexo, não há quaisquer comprovações científicas que sustentem o efeito da romã relacionado ao sexo.

Vale investir no abacaxi para ficar 'docinho' - iStock - iStock
Abacaxi altera sabor do esperma
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Álcool retarda a ejaculação: VERDADE.

A princípio, o álcool diminui a atividade cerebral e provoca, inicialmente, um relaxamento e bem-estar. Ao contrário dos alimentos, vários estudos já mostraram que o seu consumo melhora a excitação.

Mas aqui vai um alerta: o uso abusivo pode diminuir a excitação e a capacidade de ereção, ou seja, prejudicar o desempenho sexual. Nesse caso, manter o equilíbrio é sempre a melhor opção.

Amendoim melhora a função e o desempenho sexual: VERDADE.

O amendoim, que faz parte da dieta mediterrânea, contém um aminoácido chamado arginina, que aumenta a vasodilatação e, consequentemente, a produção de óxido nítrico, que é responsável por aumentar o prazer nas mulheres e a ereção nos homens.

Ele também é fonte de vitamina B3, que estimula a libido, e de vitamina E, cuja deficiência causa menor produção de hormônios sexuais, alterações no sistema reprodutivo, degeneração dos testículos e supressão da fertilidade.

Um estudo, publicado em 2019 na revista Nutrients, avaliou a dieta de 83 homens saudáveis com idade entre 18 e 35 anos, divididos em dois grupos. Durante 14 semanas, um grupo teve uma alimentação com muitos alimentos processados e sem oleaginosas (amendoim, castanhas, avelãs, nozes), enquanto o outro grupo comeu a mesma dieta, mas suplementada diariamente com 60 gramas de oleaginosas.

Em sua conclusão, o estudo sugere que a adesão a uma dieta saudável suplementada com oleaginosas pode ajudar a melhorar a função erétil e desejo sexual.

Dieta mediterrânea tem efeitos afrodisíacos: VERDADE.

Popular e bem avaliada pela maioria dos especialistas, a dieta mediterrânea tem como princípio a manutenção de um estilo de vida mais saudável. Por isso, pode-se dizer que, sim, ela tem benefícios afrodisíacos. Mas é o estilo de vida que se relaciona diretamente com o sexo, não o consumo do alimento A ou B.

Nesse sentido, um pequeno estudo concluiu que pessoas com diabetes tipo 2 que consumiam a dieta mediterrânea tiveram uma menor prevalência de disfunção sexual feminina. Outro encontrou uma ligação entre seguir a dieta e melhorar a função sexual entre mulheres com síndrome metabólica.

Por fim, uma dieta que contempla frutos do mar, carnes magras, oleaginosas, frutas, legumes e cereais integrais ajuda no sistema nervoso, no fluxo sanguíneo e na produção de hormônios.

Quais os benefícios da alimentação para o sexo

Determinados alimentos melhoram a circulação sanguínea, aumentam a energia e a quantidade espermatozoides, auxiliam na lubrificação, regulam hormônios e estimulam alguns neurotransmissores essenciais que atuam na sensação de prazer e bem-estar. Esses são alguns dos benefícios alimentícios relacionados ao sexo.

Segundo a nutricionista Vanessa Lobato, os alimentos fontes de triptofano (relacionados ao humor e bem-estar), como ovos, leite e chocolate têm potencial para melhorar o sexo.

"Mas não precisa se entupir deles, basta adicioná-los a sua rotina alimentar, porque o processo de relaxamento vai estar mais presente no corpo naturalmente, por ter os nutrientes necessários para a produção desses neurotransmissores", diz a nutricionista.

Fontes: Andressa Heimbecher Soares, médica endocrinologista, membro da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia); Lorena Ellen da Silva Lima, nutricionista que atua na AmorSaúde Teresina Centro, rede de clínicas parceira do Cartão de TODOS; Vanessa Lobato, nutricionista e professora convidada do SENAC.

USP realiza pesquisa sobre comportamento sexual

Para entender o comportamento sexual em diversas regiões do mundo, o IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP), ao lado de outros 45 países, está realizando um grande estudo sobre o tema. A ideia é examinar diferentes comportamentos sexuais, incluindo aspectos positivos, como a satisfação e o desejo sexual, e os negativos, como os riscos e problemas do funcionamento sexual.