Essencial para grávidas, ingestão de folato pelos brasileiros é deficiente
Pesquisa da FSP (Faculdade de Saúde Pública) da USP analisou a ingestão de folato (vitamina B9) pela população brasileira e concluiu que há uma deficiência no consumo alimentar desse nutriente.
Baixos níveis de folato no organismo materno podem resultar em complicações tanto para a gestante como para o feto, como parto prematuro, baixo peso ao nascer e defeitos de fechamento do tubo neural, que comprometem o desenvolvimento da coluna vertebral/medula espinhal e do cérebro da criança.
O folato é encontrado em alimentos como feijões, vegetais verde-escuros, frutas cítricas como a laranja, ovos, fígado, carnes, frutos do mar, entre outros. No Brasil, é realizada a fortificação mandatória (obrigatória) das farinhas de trigo e milho com ácido fólico, que é a forma sintética do folato.
Assim, alimentos à base destas farinhas como pães, massas, bolos, pizzas, sanduiches, salgados, bolachas, biscoitos também são fontes desta vitamina.
A pesquisa foi realizada durante o projeto de pós-doutoramento da nutricionista Cecilia Zanin Palchetti, que comparou a ingestão alimentar de folato pela população brasileira em 2008/09 e 2017/18.
Segundo o trabalho, aumentou a porcentagem de pessoas que não atingiram as necessidades diárias deste nutriente, estabelecidas de acordo com sexo e idade. Entre as mulheres em idade reprodutiva, que são o público-alvo da fortificação de alimentos com ácido fólico, aproximadamente 30% em 2008/09 e 40% em 2017/18 não atingiram a recomendação de ingestão desta vitamina.
A região Norte do Brasil foi a que apresentou maior porcentagem de pessoas que não atingiram a ingestão necessária de folato, tanto para os homens quanto para as mulheres, nos dois períodos do estudo.
Importância das fontes naturais de folato
De acordo com a pesquisa, os grupos alimentares que mais contribuíram para a ingestão de folato no Brasil foram feijões, pães, massas e pizza, bolos e biscoitos, e bebidas não alcoólicas nos dois períodos estudados.
Em ambos os períodos, os alimentos fortificados representaram aproximadamente 40% da ingestão total do nutriente pela população brasileira, enquanto as fontes naturais representaram aproximadamente 60%, destacando-se o grupo dos feijões.
"Sem dúvida, a fortificação mandatória de alimentos com ácido fólico contribuiu para aumentar a ingestão alimentar desta vitamina não apenas nas mulheres em idade reprodutiva, como também na população em geral.
Entretanto, é importante destacar que alguns dos alimentos à base de farinhas fortificadas com ácido fólico também possuem alto teor de gorduras e/ou açúcares em sua composição e, portanto, devem ser consumidos com moderação", alerta Cecília.
De acordo com a pesquisadora, é preciso estimular o consumo de alimentos naturalmente fontes de folato, como o feijão, tradicionalmente utilizado na culinária brasileira.
"Apesar de ser um dos alimentos mais consumidos pela nossa população, houve redução do consumo de feijões em 12,8% comparando os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 com os da (POF) 2008-2009", diz a nutricionista.
Os órgãos de Saúde recomendam que mulheres em idade fértil e que desejam engravidar façam suplementação com ácido fólico. Entretanto, muitas gestações não são planejadas.
Desta forma, a fortificação de alimentos com ácido fólico é uma estratégia global para diminuir a ocorrência de defeitos de fechamento do tubo neural.
A pesquisa foi realizada sob supervisão da professora Dirce Marchioni, do Departamento de Nutrição da FSP, dentro do Programa de Pós-Graduação em Nutrição em Saúde Pública da FSP. Cecília foi bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
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