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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Entenda o que fazer em diferentes situações de intoxicação e envenenamento

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Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

10/01/2022 04h00Atualizada em 10/01/2022 09h47

Medicamentos, alimentos, plantas, produtos químicos, animais peçonhentos, são muitas as possibilidades de alguém se intoxicar ou envenenar. Sintomas típicos desses quadros, como alterações de consciência, equilíbrio, visão, frequência cardíaca, respiração, temperatura corporal, além de dores, náuseas, diarreia, asfixia, irritação de pele e queimação em mucosas (boca, garganta, esôfago), em geral, ocorrem por ingestão, penetração, absorção e inalação.

Quando configuram acidentes, as principais vítimas são crianças, idosos, pessoas desavisadas ou com alterações psicológicas e trabalhadores fabris. Mas ainda podem ser deliberadas, caso se aceite o risco ou deseje intencionalmente, o que é mais fácil de ocorrer nas situações em que se atenta contra a vida alheia ou de suicídio, não excluindo a possibilidade, de novo, do agir de transtornos comportamentais, incluindo a existência de alguma dependência química.

Agora, para saber a gravidade e como agir, deve-se analisar, junto à presença dos sinais e sua intensidade, se possível: a duração do tempo de exposição ao agente (quanto maior, maiores os efeitos), sua concentração (se o dano se deu por muito ou por pouco), sua toxicidade (alguns agentes são mais tóxicos que outros, mesmo em iguais concentrações), sua natureza (se é gás, líquido, vapor), e a suscetibilidade individual (algumas pessoas são mais sensíveis que outras).

Como agir num primeiro momento?

Antes de ir direto ao hospital, a primeira conduta a ser tomada (com base nos fatores do processo de intoxicação e envenenamento citados), é verificar se de fato a pessoa está em perigo. Não é porque tenha simplesmente tido contato inadequado com alguma substância, que isso ocorrerá.

Algumas não são tão nocivas e não requerem tratamento. Entretanto, todo e qualquer sintoma não deve ser desprezado, como deve ser investigado o quanto antes pelo médico.

"Em caso de dúvidas sobre a gravidade ou como agir, melhor levar ao pronto-socorro. Em casa, às vezes, também mais importante do que fazer algo, é não fazer. Por exemplo, uma prática comum é as pessoas administrarem leite à vítima de envenenamento. No entanto, isso pode causar mais malefícios do que benefícios, inclusive, aumentar a absorção do agente tóxico", informa Cíntia Maria de Melo Mendes, toxicologista e coordenadora do curso de medicina do centro universitário Uninovafapi, do grupo Afya Educacional, no Piauí.

Mas enquanto a ajuda não chega, é possível realizar uma limpeza (com água corrente e, em áreas externas, sabão) da pele ou olho que teve contato com alguma toxina, assim como, porventura, a retirada de roupas contaminadas. Se o agente tiver sido inalado (gases tóxicos, aerossóis, fumaça), é possível levar a pessoa para um local bem ventilado, para facilitar sua respiração.

Nauseada e prestes a desmaiar, deitá-la de lado para não se engasgar. Com dores no peito, afrouxar suas roupas. Quem está junto também pode realizar de urgência uma reanimação cardiopulmonar.

Induzir vômito pode ser má ideia

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Quase qualquer substância química engolida ou inalada em superdosagens (produtos de limpeza, higiene e industriais, tintas, solventes, remédios) acaba sendo perigosa. Algumas, fora as alterações que causam no organismo, também podem queimar, desde lábios e vias aéreas até estômago e pulmões, e são classificadas como cáusticas ou irritantes. Provocam dores intensas, dificuldade em engolir, tosse, falta de ar, enjoo e queda de pressão arterial.

"Por isso, não se deve forçar o vômito, caso se tenha ingerido um ácido ou uma base forte, o que é muito mais passível de acontecer com crianças pequenas. Se os pais induzirem isso, além delas terem se queimado na entrada, se queimarão com a saída do conteúdo gástrico", alerta Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e da Academia Americana de Pediatria, acrescentando para se tomar muito cuidado com removedores, desengordurantes, desinfetantes e deixá-los longe do alcance dos pequenos.

Em se tratando da ingestão acidental de medicamentos, provocar sua expulsão é um tanto menos pior, mas não exclui a necessidade de se procurar um médico, ainda mais havendo risco de interação medicamentosa (isso pode ser checado em bula) e se as drogas forem fortes, para dormir, febre, inflamação ou agirem diretamente na circulação, podendo colocar a pessoa em risco de sofrer uma queda abrupta de pressão arterial, insuficiência respiratória, arritmia cardíaca e ir a óbito. Nessas ocasiões, também nada deve ser dado a ela para tomar em casa.

Correndo para o pronto-socorro

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Ser atendido logo por especialistas é necessário para passar por avaliações, exames, monitoramentos (pois o indivíduo pode ter algumas complicações de risco em questão de minutos ou poucas horas), receber antídotos, medicamentos para os sintomas, ou oxigênio se estiver com a saturação baixa, além de fazer uma lavagem gástrica ou desintoxicação. Casos graves podem exigir hemodiálise, tratamento para insuficiência hepática e até transplantes.

"É preciso agir contra o tempo para prevenir efeitos colaterais permanentes ou mesmo morte, na intoxicação ou envenenamento por monóxido de carbono, agentes corrosivos, inseticidas, medicamentos como diazepam e clonazepam, da classe dos benzodiazepínicos, além dos de coração e pressão", enumera Ricardo Cantarin, infectologista do Hospital HSANP, em São Paulo.

Também por ferro, chumbo, ingestão de peixes e mariscos, picadas de aranha, abelha, vespa, escorpião e serpente e plantas e arbustos (comigo-ninguém-pode, mamona).

Na correria pela sobrevivência, muitos também esquecem de fotografar ou levar consigo para o hospital, em segurança, aquilo que provocou o mal. Por exemplo, embalagens de produtos, amostras vegetais e medicamentos que devem ser entregues ao médico ou pessoal socorrista para identificação.

É de praxe os hospitais acionarem centros específicos de atendimento a intoxicados, vinculados ao Sinitox (Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas).