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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


É gripe ou covid-19? Sintomas são parecidos e só teste pode diferenciá-las

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Imagem: iStock

Cristina Almeida

Colaboração para VivaBem*

17/12/2021 11h00

Com um surto de gripe avançando no Brasil em meio à pandemia da covid-19, a pergunta que não quer calar é: ao sentir sintomas gripais, será que estou com covid-19 ou gripe? Quais são os sintomas de cada uma e como diferenciar o que estou sentindo? Ambos os vírus causam sintomas muito semelhantes no paciente. Por isso, para confirmar a suspeita de uma e outra enfermidade, só mesmo fazendo um teste —seja o de covid-19 ou o de gripe.

A gripe decorre de uma infecção pelo vírus influenza, e o que está em circulação no momento é o H3N2; já a covid-19 tem como causa o vírus Sars-CoV-2 —e, sim, é possível até contrair as duas doenças ao mesmo tempo. Mas é claro que não dá para fazer um diagnóstico somente baseando-se nessas informações.

É possível, no entanto, elencar algumas semelhanças e diferenças entre ambas as doenças. Confira abaixo:

Sintomas semelhantes entre covid-19 e gripe

O alvo da gripe e da covid-19 é o sistema respiratório, principalmente os pulmões, embora a covid-19 possa acometer outros órgãos.

Pode não haver sintomas nas duas enfermidades, mas, quando aparecem, eles podem ser moderados, graves e até fatais. Assim, você poderá observar as seguintes condições:

  • Tosse
  • Febre (sentir-se febril ou ter calafrios)
  • Coriza
  • Dor de garganta
  • Dor de cabeça
  • Dor muscular
  • Fadiga
  • Diarreia e vômito (às vezes)

Até a data do fechamento deste texto, a variante ômicron teve como sintomas mais frequentemente relatados: tosse, fadiga, nariz entupido e coriza. A gripe H3N2, segue com o padrão acima descrito.

Transmissão da gripe e da covid-19

Tratando-se de doenças respiratórias, elas são transmitidas por meio do contato de pessoa a pessoa e através da exposição a gotículas de saliva e aerossóis quando o indivíduo infectado tosse, espirra, fala, respira ou canta.

A porta de entrada para essas partículas podem ser os olhos, o nariz e a boca de quem esteja próxima da pessoa infectada —em geral, a 1 metro de distância, mas pode ser até mais. Daí a insistência das autoridades sanitárias na recomendação do distanciamento físico.

Você também pode ser infectado ao tocar seus olhos, boca ou nariz sem ter higienizado as mãos.

Grupos de risco da covid-19 e da gripe

Essas enfermidades podem acometer qualquer pessoa, independente da idade. No entanto, para alguns grupos, o risco de evolução para quadros graves e óbito é mais alto. Saiba quais são eles:

  • Idosos
  • Indivíduos de todas as idades que tenham doenças crônicas (no coração, sangue, fígado, pulmões, rins e metabólica)
  • Pessoas com condições imunossupressoras (com HIV, submetidas à quimioterapia ou tratamento com esteroides etc.)
  • Profissionais da saúde (maior risco de ser acometido por essas doenças)
  • Gestantes e mulheres no período pós-parto

Como se prevenir da gripe e da covid-19

Nas duas doenças, para se proteger é recomendado colocar em prática as seguintes medidas:

  • Mantenha distância das pessoas (ao menos 1 metro) e use máscaras;
  • Evite ambientes fechados ou sem ventilação e aglomerações;
  • Abra janelas e portas para manter o ambiente arejado;
  • Use a dobra do cotovelo ou lenços descartáveis para proteger a boca ao tossir. Jogue fora o lenço em uma lixeira com tampa;
  • Habitue-se a lavar as mãos com frequência;
  • Evite tocar os olhos, o nariz e a boca;
  • Fique em casa ao observar em si alguns dos sintomas descritos para evitar contaminar outras pessoas;
  • Consulte um médico para que ele possa avaliar o quadro e fazer o teste para tirar a dúvida entre gripe ou covid;
  • Busque ajuda médica imediata na presença de sintomas graves da covid-19 (dificuldade de respirar; perda do apetite; confusão; dor persistente ou pressão no peito; febre (acima dos 38°C).

Vacinação contra covid-19 e gripe

As vacinas para ambas as enfermidades podem evitar hospitalizações e óbito.

O imunizante contra o influenza é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para crianças, idosos, jovens, adultos, gestantes, profissionais da área da saúde e pessoas com doenças crônicas, e as doses devem ser tomadas anualmente. No entanto, a variante da gripe que atualmente circula no Brasil é nova e pode escapar dos imunizantes aplicados em meses recentes —ela estará já abrangida pela vacinação de 2022.

Já as vacinas disponíveis contra a covid-19 no país têm indicação para a maioria das pessoas, inclusive crianças a partir dos 5 anos [mas já estão em curso estudos que avaliam a segurança em crianças menores], e também para indivíduos com doenças preexistentes de todos os tipos (são exemplos a hipertensão, o diabetes, asma, doenças do fígado e rins etc.). No futuro, provavelmente serão necessárias doses anuais.

As vacinas contra essas enfermidades são consideradas seguras e efetivas e, além de proteger você, individualmente, reduz, e muito, as chances de infectar outras pessoas.

Complicações semelhantes de gripe e covid-19

As duas doenças podem evoluir para os seguintes quadros:

  • Pneumonia
  • Falência respiratória
  • Síndrome respiratória aguda grave
  • Sepse
  • Lesões cardíacas (infarto, AVC [Acidente Vascular Cerebral])
  • Falência múltipla dos órgãos
  • Piora de condições crônicas
  • Infamação do coração, cérebro ou tecidos musculares
  • Infecções secundárias (por fungos ou bactérias)

Diferença da covid-19 para a gripe

A gripe é uma doença endêmica, o que significa que ela está em circulação, mas a transmissão é baixa porque parte da população tem imunidade parcial.

A covid-19 é pandêmica, ou seja, antes, ninguém tinha tido contato com o vírus e nem desenvolvido defesas contra ele.

A doença endêmica aparece por meio de surtos, como o visto no Rio de Janeiro. A influenza apresenta mutações todos os anos e, a cada década, aparecem cepas mais transmissíveis para as quais a comunidade possui menor imunidade. É possível que o Sars-CoV-2 passe a ser endêmico após a pandemia.

Tempo de duração dos sintomas de gripe e covid-19

Na gripe, após a infecção, é esperado que os sintomas apareçam entre 1 e 4 dias; já na covid-19, esse período pode ser de 5 dias, mas também 2 ou 14 dias.

Tempo de contágio da gripe e da covid-19

Uma vez infectado com o vírus da gripe, é possível contagiar outras pessoas um dia antes do início da manifestação dos sintomas —e essa capacidade pode durar por até 7 dias (ou até mais, entre crianças e pessoas com o sistema de defesa do corpo enfraquecido [imunodeprimidos]), após o aparecimento dos sintomas.

Já na covid-19 esse tempo ainda está sob investigação. Até o momento, o que se sabe é que uma pessoa infectada é capaz de transmitir a doença dois dias antes do aparecimento dos sintomas (talvez até antes), e essa capacidade pode durar por até dez dias após o primeiro dia de sua manifestação.

Mesmo quem não tem sintomas, ou quando estes passam, o contágio pode ocorrer pelo menos por dez dias. Pessoas hospitalizadas e imunodeprimidas podem contagiar outras por 20 dias ou mais.

Transmissão da covid-19 é mais fácil

Geralmente, o vírus da covid-19 é considerado mais facilmente transmissível do que o da gripe. Mas isso pode mudar com o avanço da vacinação coletiva.

A grande transmissibilidade atual decorre do fato de que antes da presente pandemia ninguém tinha tido contato com esse vírus. No caso da gripe, grande parte da população possui alguma imunidade, então o vírus não encontra tanto espaço para a transmissão.

Tratamentos diferentes

No combate à covid-19, são utilizados medicamentos específicos (como os corticosteroides e antivirais) e oxigênio para controle de sintomas em pacientes graves. Pessoas que desenvolvem doença respiratória grave, além das medicações e da hospitalização, indica-se o uso de ventiladores mecânicos.

Outros possíveis tratamentos têm sido observados por meio de estudos clínicos ou aguardam aprovação junto às autoridades sanitárias, como o paxlovid e molnupiravir, que têm sido considerados promissores e podem vir a ser mais uma via de combate ao novo coronavírus.

Já para a gripe são utilizados antiviral específico (oseltamivir), no início da doença, e outros medicamentos para controle dos sintomas e redução do risco de complicações e óbito, especialmente em grupos mais suscetíveis a esses quadros.

Recuperação da covid-19 e da gripe

Na gripe, espera-se o restabelecimento de boa parte dos pacientes em poucos dias ou em até duas semanas. Alguns deles poderão requerer hospitalização. As infecções bacterianas são mais comuns nesse quadro.

Já a covid-19 pode ter outras complicações, além das já listadas: coágulos sanguíneos em veias e artérias, coração, pernas ou cérebro. Soma-se a isso a Síndrome Inflamatória Multissistêmica que pode acometer crianças e adultos.

Há ainda a possibilidade de que os sintomas permaneçam por semanas ou meses após a infecção pelo novo coronavírus, ou mesmo apareçam semanas depois dela. Os médicos chamam este quadro de covid longa, e ela pode acometer qualquer pessoa que teve covid-19, mesmo aquelas para as quais a doença foi leve ou sem sintomas.

Vacinas: cada doença tem a sua

As já disponíveis para prevenir a covid-19 não previnem contra a gripe e vice-versa. Para se proteger de uma e outra doença você deve ser imunizado com as respectivas vacinas.

A vacina hoje disponível no programa nacional de imunização contém a cepa H3N2, mas a que está aparecendo hoje no Rio e já em São Paulo não é a mesma. Daí a necessidade de seguir na prática de medidas de prevenção dessas doenças.

Consultoria e revisão médica: Bruno Spadoni, clínico geral e professor da Escola de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

Referências: OMS (Organização Mundial da Saúde); CDC (Centers for Disease Control and Prevention).

*Com informações de Giulia Granchi e Gabriela Ingrid.