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Depois do 'novo normal', a pergunta da vez é: como voltar ao normal?

Lia Rizzo

Colaboração para VivaBem

18/10/2021 04h00

Avanço da vacinação, retomada de atividades presenciais, a rotina cada vez mais próxima do que se conhecia como normalidade. A sensação é de ter a vida voltando, da forma como a conhecíamos antes da covid-19 chegar ao Brasil, há quase dois anos.

Porém, conforme lembrou Mariana Ferrão, jornalista e CEO da Soul.Me e apresentadora da 2ª Semana da Saúde Mental realizada por VivaBem na última semana, o isolamento, o home office, a perda de pessoas queridas e tantas outras circunstâncias pandêmicas fizeram com que o Brasil se tornasse o país com mais casos de depressão e ansiedade crônica no mundo inteiro.

Na abertura da programação, Mariana atentou ainda para a necessidade de se falar mais e com maior naturalidade sobre esses transtornos e os cuidados que muitos de nós precisaremos ter para que também a saúde mental se restabeleça.

Mariana Ferrão - Mariana Pekin/UOL - Mariana Pekin/UOL
Mariana Ferrão foi a apresentadora da 2ª Semana da Saúde Mental de VivaBem
Imagem: Mariana Pekin/UOL

O primeiro painel do dia, "Volta ao Normal, como lidar com a ansiedade, o medo e o estresse ao encarar a vida lá fora e novas mudanças", teve participação da psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association no Brasil, do médico Kalil Duailibi, presidente do Departamento Científico de Psiquiatria da APM (Associação Paulista de Medicina) e da atriz e influenciadora digital Kéfera Buchmann.

Vivendo em mundos particulares

Ana Maria Rossi explicou que os níveis de estresse dos brasileiros sempre foram considerados altos. "Em 2017, a OMS (Organização Mundial de Saúde) apontou que o Brasil era o país mais ansioso da América Latina. E a pandemia só acentuou o que já era muito alto", disse a psicóloga.

"O que ocorre hoje é que, ainda que a situação da covid esteja mais controlada, a insegurança persiste." Neste novo contexto, em que muitos deixam de viver em seus mundos particulares depois de tanto tempo, Ana Maria acredita que será preciso adotar estratégias para estabelecer limites para esta tensão e então retornar ao trabalho e à rotina de antes.

O médico Kalil Duailibi lembrou que, além da ansiedade, aumentou por partes dos brasileiros os episódios de insônia e o consumo de substâncias, sobretudo álcool e cannabis. "E isso é uma grande bomba-relógio para que doenças mentais apareçam ao longo do tempo", atentou.

Em outro aspecto, Duailibi ressalta que a vida foi modificada e impactada de forma definitiva, o que pode levar, também conforme pareceres da OMS, a uma nova epidemia, agora de saúde mental.

Novas perspectivas possíveis

Embora tenha ficado mais conhecida como influenciadora, Kéfera Buchmann sempre teve a meta de trabalhar como atriz. Com os planos impactados pela crise sanitária, foi preciso rever a rota e criar novas possibilidades. Com projetos adiados ou frustrados em função da pandemia, buscou se reinventar, criando uma série em formato de monólogo com base nas reflexões que tinha consigo mesma durante o isolamento.

"Estamos todos vivendo uma época histórica e muito angustiante, em que sempre nos lembraremos do medo que sentimos, mesmo depois que as coisas voltarem", disse a influenciadora, acrescentando que ainda percebe tanto em seu público quanto entre pessoas próximas um receio deste retorno.

Para Duailibi, a reinvenção, como aconteceu no caso de Kéfera e de muitas outras pessoas, e um olhar diferente para as novas perspectivas que se apresentam, podem ser um bom caminho para lidar com a ansiedade pós-pandemia.

É um momento de buscar os valores internos, incorporar práticas que possam melhorar o nosso dia a dia, estabelecer novos vínculos. Quem sabe, redescobrir coisas para que essa volta possa ser mais interessante. Kalil Duailibi

Saúde mental em foco

A 2ª Semana da Saúde Mental VivaBem tem como objetivo estimular que as pessoas falem abertamente sobre transtornos mentais, pois esse é o primeiro passo para tratar esses problemas e trilhar o caminho do equilíbrio. Ela começou no último dia 14 de outubro, com um evento ao vivo, que debateu em 5 painéis temas como o impacto da pandemia na saúde mental do brasileiro, luto, depressão, ansiedade, saúde mental dos jovens e como o preconceito aumenta o risco de transtornos.

O evento pode ser assistido na íntegra aqui. A 2ª Semana da Saúde Mental VivaBem tem o patrocínio de Libbs Farmacêutica.