Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Hipermonitoramento da saúde pode levar a erros e danos aos pacientes

Svitlana Hulko/iStock
Imagem: Svitlana Hulko/iStock

Do VivaBem, em São Paulo

17/10/2021 14h26

A atenção aos sinais do corpo é essencial para o rastreamento precoce dessas doenças e garante tratamentos menos agressivos. No entanto, a má interpretação de sinais e a falta de conhecimentos sobre as recomendações médicas podem levar pacientes a exames, cirurgias e outros tratamentos desnecessários. É o que conta Gustavo Landsberg, médico e líder de Gestão de Saúde Populacional da Sami, operadora de saúde de São Paulo.

"Percebemos muitas vezes em mulheres jovens que a densidade das mamas pode atrapalhar o diagnóstico e gerar resultados incorretos de câncer de mama. Antes dos 25 anos, as infecções por HPV e as lesões de baixo grau no colo do útero podem regredir espontaneamente na maioria dos casos. Ambos os casos podem ser apenas acompanhados clinicamente", conta o médico.

Em muitos casos, a prevenção desordenada pode gerar situações de sofrimento desnecessário ao paciente, porque exames realizados fora da idade recomendada podem gerar falsos positivos, ou gerar resultados para pacientes que não tem mais idade recomendada para tratar o problema. "Nós sempre reforçamos a importância de se manter uma vida saudável e buscar fazer os exames de rotina dentro dos prazos recomendados. Nossa preocupação é não expor pacientes a risco de hipermedicalização nem recomendar práticas sem base científica", diz Landsberg.

Além disso, entender qual a rotina a ser seguida para os exames de prevenção ao câncer de mama e o câncer de colo de útero é uma boa forma de poupar recursos e tempo das pacientes.

Em vídeo publicado no Youtube neste domingo (17), a médica de família e comunidade Júlia Rocha, colunista do UOL, aponta que existe uma cultura que incentiva intervenções médicas como sinônimo de saúde, mas nem sempre elas são.

Rocha comenta que essa cultura diz que "quanto mais exames, médicos e consultas, melhor", mas que a ciência vem cada vez mais nos pedindo cuidado e lidar de forma mais crítica. "Intervenções podem até gerar danos a pessoas saudáveis", explica a médica, explicando que, quando recebem resultados de exames desnecessários pode ser medo de morrer, ansiedade, medo na família e até mesmo a morte —quando cirurgias para problemas não graves são feitas e tem desfechos trágicos.

"São tantas as possibilidades que se torna uma obrigação ética dos profissionais da saúde estudar os reais impactos disso na população", afirma.