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Com Duda Reis, evento de VivaBem fala sobre saúde mental dos jovens

Duda Reis é uma das convidadas da 2ª Semana da Saúde Mental VivaBem - Reprodução Instagram / @dudareisb
Duda Reis é uma das convidadas da 2ª Semana da Saúde Mental VivaBem Imagem: Reprodução Instagram / @dudareisb

Bárbara Therrie

Colaboração para VivaBem

13/10/2021 04h00

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), metade dos transtornos mentais começa na adolescência, mas a maioria dos casos não é detectada nem tratada. Isso porque, muitas vezes, os sintomas apresentados pelos jovens são considerados pelos pais e responsáveis como um comportamento comum dessa fase da vida.

Mas precisamos ficar atentos aos sentimentos dos jovens, para ajudá-los a identificar e tratar problemas. Esse será um dos temas discutidos na 2ª Semana da Saúde Mental VivaBem, evento que será transmitido ao vivo amanhã (14), a partir das 14h —confira aqui a programação completa e os convidados dos 5 painéis.

"Hoje em dia sabemos que os transtornos mentais não acontecem 'do nada'. Pelo contrário, eles tendem a surgir de forma gradual, desde muito cedo na vida. Os quadros mais comuns na adolescência são os transtornos de ansiedade, caracterizados por um estado de alerta aumentado que leva a pessoa a apresentar preocupações e medos desproporcionais, mais frequentes e intensos, em relação a uma série de coisas. O adolescente pode passar a demonstrar insegurança, indecisão excessiva, grande desconforto, evitar situações e, em alguns casos, ter crises de pânico", explica Gustavo Estanislau, psiquiatra da infância e da adolescência, pesquisador do Instituto Ame Sua Mente e co-autor do livro "Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber". Ele estará presente no painel "Saúde mental dos jovens: como identificar e falar sobre o problema", que acontece às 17h25.

O outro quadro, acrescenta o médico, é a depressão, que está associada à tristeza e ao desânimo físico e mental intensos e duradouros, e à redução na capacidade de se sentir prazer. "A depressão leva o adolescente a ter percepções negativas sobre si e as coisas ao seu redor, causando baixa autoestima, maior sensibilidade a frustrações, isolamento social, pessimismo, alteração nos padrões de sono e apetite e ainda pensamentos de morte", diz.

Diagnosticada aos 20 anos com depressão, síndrome do pânico, bulimia e anorexia, a atriz e influenciadora digital Duda Reis, que também participará do painel, conta quais foram os primeiros sinais que seu corpo e mente deram de que algo na sua saúde mental não estava bem:

Eu não conseguia mais comer, não conseguia dormir, estava tendo insônia crônica e sentia dores no peito, dor física mesmo"

Se, para muita gente, falar sobre o assunto ainda difícil, Duda, por outro lado, consegue conversar abertamente sobre o assunto. "Tomei essa decisão porque muita gente deve passar por isso e talvez nem saiba. Não acho que seja um tabu. Ter falado me ajudou a me libertar um pouco mais e a não fingir nada, eu não gosto de fingir", conta.

A atriz, que tem mais de 9,2 milhões de seguidores no Instagram, afirma que ter exposto seus problemas de saúde mental teve o lado positivo e negativo. "Às vezes é difícil pela exposição. Mas, ao mesmo tempo que é difícil, eu sei que posso ajudar outras pessoas, então fica mais leve", acredita.

Saúde mental dos jovens piorou na pandemia

Os transtornos mentais em adolescentes ficaram ainda mais evidentes com a pandemia do novo coronavírus. Um recente levantamento feito pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) mostrou que metade dos participantes, jovens entre 18 e 24, classificou sua saúde mental durante a pandemia como ruim (39%) ou muito ruim (11%). Esse percentual ficou acima da média geral, de 5% e 25%, respectivamente.

Quando se fala em saúde mental dos jovens é comum que muitos adolescentes demorem a receber ajuda dos seus pais e cuidadores dada a dificuldade em diferenciar um comportamento típico da idade de algo mais sério, de ordem psicológica/psiquiátrica.

"Alguns sinais conhecidos podem indicar um problema, como as mudanças notáveis de comportamento, o surgimento de angústia que não se dissipa e pensamentos excessivamente negativos que se mantém de forma desproporcional ao que o jovem está vivendo. Neste sentido, é importante compreender que eventos complicados, como a perda de um ente querido ou o fim de um relacionamento amoroso tendem a ocasionar um certo grau de tristeza e ansiedade, mas que, na maioria dos casos, se resolvem em um período de tempo", afirma o psiquiatra Gustavo Estanislau.

Uma vez identificado os sinais, é importante buscar tratamento, ajuda e uma rede de apoio, formada por profissionais da área da saúde, familiares e amigos, e fazer atividades que visam o equilíbrio. A prática de atividades física também é importante para a recuperação e manutenção da saúde mental — como mostra Duda Reis, que mantém o corpo ativo. "Faço exercícios cardiorrespiratórios, jogo futevôlei, musculação, ioga e meditação", revela.