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Mãe de 3, ela engravidou de gêmeos aos 42 anos: 'Fiquei em pânico'

Lucas e Rafael vieram da segunda gestação gemelar de Nathália, que já tinha outros três meninos - Arquivo pessoal
Lucas e Rafael vieram da segunda gestação gemelar de Nathália, que já tinha outros três meninos Imagem: Arquivo pessoal

Danielle Sanches

Do VivaBem, em São Paulo

03/10/2021 04h00

Uma gestação de gêmeos não é algo que aconteça com toda mulher. Imagine, então, passar por isso duas vezes —uma delas, depois dos 40 anos?

Foi isso o que aconteceu com Nathália Gomes Lima, 42, psicóloga e influencer, autora do perfil Kids2gether. Mãe de três meninos —os gêmeos Gabriel e Matheus, de 11 anos, e João, de 5— e desejando aumentar a família mais uma vez, ela teve a surpresa de engravidar, de forma natural, de mais dois meninos. "Jamais imaginei que isso seria possível, ainda mais na minha idade", afirma. "Só Deus sabe como aconteceu", diz, bem humorada. Confira o depoimento que ela deu a VivaBem:

"Minha primeira gestação foi aos 31. Gabriel e Matheus foram totalmente planejados, mas concebidos de forma natural, o que já foi uma surpresa na época, já que não temos casos de gêmeos na família. A gravidez foi tranquila e correu normal, eles nasceram bem de 37 semanas.

Mas eu e meu marido ainda desejávamos aumentar a família. Então, aos 36 anos, engravidei novamente, de forma natural. João veio ao mundo após 41 semanas de outra gestação tranquila. Desde então, decidi tomar remédio para evitar a concepção.

Só que, um pouco antes da pandemia, decidi levar uma vida mais saudável e resolvi parar com a medicação. Estava em busca de uma vida mais natural e pensei em tentar novos métodos contraceptivos. Verdade seja dita, eu e meu marido não tomamos nenhuma precaução para evitar uma nova gravidez. Fizemos tabelinha, mas sabendo que esse método pode falhar.

Para falar a verdade, eu já estava com 42 anos e achava que nem era mais tão fértil. Passei a vida inteira ouvindo que mulheres nessa idade não engravidam mais, é uma coisa que a minha geração cresceu ouvindo. E eu acreditei.

Pois bem, em agosto de 2020, eu engravidei. Não vou dizer que fiquei surpresa porque, como disse, a tabelinha era o único método que estávamos fazendo e ele é falho. Sabíamos que estávamos correndo risco.

O susto veio depois: no ultrassom de oito semanas, a médica de repente ficou muda durante o exame. Fiquei preocupada, entendi que havia alguma coisa acontecendo. Foi quando olhei para a tela e vi os dois sacos gestacionais. Nisso, a médica disse: 'Parabéns, você está grávida de gêmeos!'. Na hora, comecei a suar frio, achei que fosse uma brincadeira. Pensei: 'Não é possível, ninguém engravida de gêmeos duas vezes!'.

Saí da sala em pânico, comecei a chorar copiosamente e a tremer. Saí totalmente desnorteada, sem saber o que fazer. Mas resolvi ter um pouco de compaixão comigo mesma e acolhi esse sentimento. Saí de lá processando tudo e me preparando psicologicamente para viver aquilo e ainda contar para o resto da família que teríamos gêmeos de novo.

Meu marido na hora ficou chocado, mas a ficha mesmo só caiu perto do parto. Ali ele entendeu a responsabilidade, como o nosso trabalho iria aumentar. Os meninos ficaram animados com mais dois irmãos chegando.

João, o menor, ficou um pouco confuso, afinal, só ele não é gêmeo, rolou um questionamento sobre isso. Mas ele se envolveu em todos os preparativos.

Nathália e família - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Nathália e a família no chá de bebê dos meninos; gêmeos nasceram em maio de 2021
Imagem: Arquivo pessoal

Lucas e Rafael nasceram em maio de 2021 de forma tranquila. Tínhamos a esperança de ter uma menina dessa vez, mas não foi assim; e tudo bem, acredito que nasci para ser mãe de menino. Nada disso foi planejado e confesso que nunca pensei que minha história seria desse jeito. Mas descobri no processo uma força que não sabia que tinha.

As pessoas me perguntam: 'Nossa, como você vai dar conta?'. E como não dar? Não vou cuidar? Damos um jeito.

Graças a Deus temos condições financeiras para criar todos eles bem e oferecer coisas boas. Antes dos bebês, nós viajávamos muito. Agora, não vejo a hora de podermos viajar todos juntos e viver novos momentos em família."

O que diz a medicina?

Algumas estatísticas indicam que a ocorrência de gêmeos em uma gestação é de uma em cada 80; no entanto, um estudo recente feito pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, mostrou que a ocorrência de gravidez com mais de um bebê aumentou consideravelmente desde a década de 1980, quando o estudo começou: eles estimam que foi de nove para 12 nascimentos a cada mil partos.

Existem dois tipos de gêmeos: os univitelinos (ou idênticos), quando um mesmo óvulo dá origem a dois ou mais bebês; e os bivitelinos (ou fraternos), quando dois ou mais óvulos são fecundados e originam os embriões. Neste caso, as mulheres com histórico na família, ou que tenham passado por tratamentos para engravidar têm mais chance de vivenciar a situação.

Curiosamente, e diferente do que Nathália e muitas mulheres acham, a idade da mulher também tem um papel importante nessa ocorrência. "O organismo da mulher mais velha tende a aumentar o estímulo hormonal para liberar mais óvulos", afirma Geraldo Caldeira, ginecologista, obstetra e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo. "Embora a qualidade dos óvulos seja menor, é como se o organismo quisesse dar uma 'última chance' de conseguir fecundar esses óvulos", explica.

E, embora a gravidez de Nathália tenha sido tranquila, a gestação gemelar é sempre considerada de risco. "É mais delicada, há maior risco de desenvolver problemas como diabetes gestacional, hipertensão materna e ter um parto prematuro", alerta o especialista.

Além disso, a gestação de mulheres após os 40 anos também aumenta o risco para síndromes genéticas. Por isso, Caldeira recomenda que sejam feitos testes de rastreio genético para detectar qualquer problema ainda durante a gravidez.