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Cardi tem intoxicação alimentar; veja doenças causadas por comida estragada

Mayra Cardi sentiu-se mal e precisou ser internada - Reprodução Instagram / @mayracardi
Mayra Cardi sentiu-se mal e precisou ser internada Imagem: Reprodução Instagram / @mayracardi

Danielle Sanches

Do VivaBem, em São Paulo

25/09/2021 14h17

Mayra Cardi compartilhou em seu Instagram que está internada com intoxicação alimentar. A influenciadora precisou ser internada na madrugada de sexta-feira (24) após sentir-se mal. "Desde ontem estou muito mal. Estou com calafrio, muito fraca, não tem jeito", contou ela, que acredita que o quadro tenha sido provocado após ela consumir um peixe cru durante uma viagem.

Cardi disse ainda que estava fazendo vários exames e, como ainda se sentia mal, estaria um pouco ausente das redes sociais. "Estou muito mal e vou ficar internada", compartilhou.

O quadro de intoxicação provocado pela ingestão de alimentos contaminados parece pouco importante dentre tantas outras doenças, mas é um dos problemas que tem a atenção especial da ONU (Organização das Nações Unidas), que instituiu o dia 7 de junho como o Dia Mundial da Segurança dos Alimentos.

De acordo com o órgão, as DTAs (doenças transmitidas por alimentos) provocam o adoecimento de cerca de 600 milhões de pessoas todos os anos no mundo. Os sintomas mais comuns desse quadro são mal-estar, náuseas com ou sem vômitos, diarreia, dor e inchaço abdominal, além de perda de apetite e febre.

Microrganismos provocam doenças

Mas as DTAs não são uma única enfermidade. Na verdade, existem mais de 250 tipos de doenças transmitidas por alimentos no mundo, a maioria causada por bactérias (e suas toxinas), vírus e parasitas —que ingerimos em comidas mal higienizadas, mal cozidas ou que são contaminadas após estarem prontas, devido à falta de refrigeração adequada ou cuidados básicos de higiene.

A boa notícia é que a maior parte dessas doenças provoca quadros considerados leves a moderados. É o caso das infecções causadas pela bactéria Escherichia coli, uma das mais comuns no Brasil e que pode, ainda, induzir ao aparecimento de sangue nas fezes. A principal via de contaminação são as carnes mal passadas ou as saladas mal higienizadas (veja como é o jeito certo de higienizar os vegetais).

Já a infecção causada pelo Staphylococcus aureus também é bastante comum no país e ocorre principalmente via embutidos como salsichas e linguiças —alimentos com muito sódio, que favorecem a proliferação desse microrganismo. Em contato com o sistema gastrointestinal, a toxina da bactéria provoca uma inflamação na mucosa, causando náusea, vômito e diarreia.

Considerada uma das mais conhecidas quando falamos em intoxicação alimentar, a infecção por Salmonella se dá pela ingestão da bactéria presente em alimentos mal cozidos geralmente provenientes de animais criados em fazendas. Isso inclui carnes de vaca, porco, frango, ovos e até leite. Comidas sensíveis ao calor (como maionese) também favorecem a proliferação dela quando ficam muito tempo fora do refrigerador. Náuseas, dores abdominais, diarreia, febre alta, dores no corpo e na cabeça são sintomas comuns a esse tipo de infecção.

Algumas doenças, no entanto, podem evoluir para quadros graves. É o caso do botulismo, uma infecção considerada rara e provocada pela toxina das bactérias Clostridium botulinum e Clostridium pa-rabotulinum, que comumente podem serem encontradas em alimentos em conserva (como palmito e picles); no mel, em queijos e em carnes curadas de forma artesanal (como salsichas, linguiças e presunto).

O grande perigo da doença é que a toxina produzida pela bactéria ataca o sistema nervoso, impedindo a comunicação nas terminações nervosas. Por isso, os sintomas mais comuns da infecção também incluem paralisia muscular, que começa na região craniana e vai descendo para o corpo. Se não tratado rapidamente, há risco de morte.

Como é o tratamento?

A maioria das DTAs costuma evoluir de forma leve a moderada. Portanto, os cuidados mais recomendados são manter o corpo bem hidratado com a ingestão de líquidos; fazer refeições leves, sem alimentos gordurosos ou de difícil digestão; e ainda fazer uso de medicamentos para reduzir náuseas e vômitos.

Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de antibióticos e até internação. O que determina o tratamento são as manifestações clínicas e o agente causador, fatores que devem ser avaliados por um especialista.

Intoxicação alimentar x virose: tem diferença?

Sim. Mesmo com sintomas bastante parecidos, os dois problemas têm causa distinta: enquanto a virose, como o próprio nome diz, é provocado por um vírus (e, neste caso, o microorganismo tem como alvo o sistema gastrointestinal), a intoxicação alimentar geralmente é provocada por bactérias ou fungos que se multiplicaram em alimentos mal conservados.

"O quadro é mesmo bastante semelhante nos dois casos, e geralmente precisamos ouvir a história do paciente para conseguir fazer o diagnóstico", afirma Lígia Brito*, médica clínico-geral do Hospital Edmundo Vasconcelos.

Segundo ela, enquanto na virose é comum o paciente dizer que alguém da família estava doente há alguns dias, na intoxicação ele já chega dizendo que comeu algo que não fez bem. "A intoxicação costuma aparecer rápido, entre três e seis horas após a ingestão do alimento contaminado", afirma a especialista.

Outra diferença está na intensidade e duração dos sintomas. "A virose costuma ser mais branda e dura entre dois a cinco dias", explica o médico Alexandre Sakano*, gastrocirurgião da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. "Já a intoxicação alimentar demora mais a passar e os sintomas são mais fortes", afirma.

Segundo o médico, enquanto na virose as fezes costumam ser mais pastosas, na intoxicação alimentar a diarreia quase sempre se apresenta de forma aquosa. "A virose também pode dar uma febre baixa, enquanto a intoxicação deixa a temperatura bastante elevada e isso pode durar alguns dias", alerta o especialista.

*em entrevista para reportagem feita em 19/06/2020. Com informações de reportagem publicada em 29/03/2021.