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Tenho refluxo crônico e vivo tossindo ou com pigarro. Tem relação?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

14/09/2021 04h00

Resumo da notícia

  • A tosse é um sintoma comum do refluxo e pode ocorrer devido à aspiração do ácido gástrico, ou quando o líquido entra no esôfago
  • Para que a tosse e outros sintomas diminuam, é necessário seguir o tratamento corretamente
  • A terapia envolve medicas farmacológicas e não farmacológicas, como evitar o tabagismo, o consumo de álcool e de alguns alimentos

Sim. A tosse é um sintoma muito comum do refluxo. Ela pode acontecer por dois fatores: quando ocorre a aspiração do ácido gástrico, ou quando o líquido entra no esôfago. Quando ela está associada à doença, em geral, ela tem uma duração maior que dois meses e vem acompanhada dos sintomas típicos, que são a pirose, também conhecida como azia, que é a sensação de queimação no meio do peito, e a regurgitação.

O refluxo gastroesofágico é um problema muito comum e se caracteriza pelo retorno do conteúdo do estômago, que em geral é ácido, para o esôfago, causando lesão na mucosa e sintomas. Isto se deve pela perda de força do esfíncter inferior do esôfago, que não se fecha adequadamente. Essa faixa muscular funciona como uma barreira para a passagem do conteúdo gástrico para o esôfago. Quando essa barreira não está íntegra, o que está dentro do estômago retorna de forma muito mais fácil, o que causa inflamação na mucosa esofágica. Já o refluxo crônico ocorre quando o conteúdo gástrico causa sintomas frequentes e complicações que afetam o bem-estar do paciente.

Para que os sintomas, inclusive a tosse, diminuam, o ideal é seguir o tratamento corretamente. A terapia envolve medidas não farmacológicas e farmacológicas. No primeiro caso, o ponto principal é a mudança do estilo de vida. A pessoa deve evitar cigarro, bebidas alcoólicas, refeições volumosas e alguns alimentos, como frutas cítricas, molho de tomate, comidas apimentadas, chocolate, café, gorduras, menta, hortelã e bebidas gasosas. Para pacientes com sintomas noturnos, a elevação da cabeceira da cama em 15 cm pode ajudar, além de evitar se deitar nas 2 a 3 horas após as refeições.

Já o tratamento farmacológico envolve o uso de medicamentos que reduzem a acidez do suco gástrico e outros fármacos que aumentam o esvaziamento gástrico. Tudo isso com o objetivo de aliviar os sintomas do refluxo, a cicatrização de lesões e a prevenção de recidivas e complicações.

Seguir a terapia corretamente reduz os sintomas, mas não cura por completo. Por isso, a importância de não deixar de lado o tratamento. Estudos sugerem pelo menos três meses de terapia antirrefluxo. Além de outros fatores que também precisam ser controlados, como tabagismo, rinite, asma e distúrbios do sono.

Fontes: Heltia Pinto, gastroenterologista, endoscopista e médica do serviço de endoscopia do HUWC-UFC (Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) e Lívia Caprara Lionço, médica do serviço de gastroenterologia e cirurgia do aparelho digestivo do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

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