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Aplicar 2ª dose da Pfizer em quem tomou AstraZeneca é seguro, dizem estudos

Imagem: iStock

Danielle Sanches

Do VivaBem, em São Paulo

13/09/2021 12h16

A Prefeitura de São Paulo vai começar a aplicar doses da vacina da Pfizer em pessoas que estão com o esquema vacinal contra a covid-19 atrasado pela falta do imunizante de Oxford/AstraZeneca.

O intercâmbio de vacinas, como é chamada a troca entre os imunizantes para a aplicação da segunda dose, foi aprovado pelo Ministério da Saúde e pelo PEI (Plano Estadual de Imunização) e Comitê Científico do Estado, além da OMS (Organização Mundial da Saúde) e já era autorizada em casos específicos como o das grávidas que receberam a primeira dose da AstraZeneca.

Mas, como tudo relacionado à vacinação contra o novo coronavírus, é comum encontrarmos pessoas com receio de aceitar essa troca.

Faz mal?

Para começar, vamos deixar bem claro: não há problema em receber a vacina da Pfizer se você tomou a primeira dose do imunizante de Oxford/AstraZeneca. Já existem estudos que mostram que essa troca é segura para quem vai receber os imunizantes.

Um deles foi realizado no Reino Unido e comparou esquemas de vacinação com a aplicação das duas doses da mesma vacina e a mistura entre AstraZeneca e Pfizer com um intervalo de quatro semanas entre as doses.

Publicado no periódico Lancet em 9 de janeiro deste ano, o estudo contou com 830 adultos com mais de 50 anos, escolhidos aleatoriamente. Eles receberam ou a vacina Pfizer ou a da AstraZeneca, primeiro uma e depois a outra.

Os cientistas notaram que as pessoas que receberam doses mistas apresentaram maior probabilidade de desenvolver sintomas leves a moderados com a segunda dose da vacina, incluindo calafrios, fadiga, febre, dor de cabeça, dores nas articulações, mal-estar, dores musculares e no local da injeção, em comparação com aqueles que receberam vacinas da mesma empresa.

No entanto, essas reações foram de curta duração e não foram registrados outros problemas de segurança.

Recentemente, um estudo dinamarquês mostrou que combinar a vacina da AstraZeneca com uma segunda dose do imunizante da Pfizer (ou da Moderna) proporciona uma "boa proteção".

Medida não é ideal

Mesmo segura, a troca entre vacinas não é recomendada como padrão pelos especialistas e só deve ser autorizada em casos específicos, como o do Brasil. De acordo com o imunologista Gustavo Cabral, colunista de VivaBem, "o padrão recomendado é que quem toma a primeira dose de uma determinada vacina conclua a vacinação com o mesmo imunizante, para que se obtenha os resultados esperados e comprovados cientificamente."

Já Marcello Bossois*, imunologista responsável pelo projeto Brasil sem Alergia, explica que, diante da necessidade de troca, o melhor seria misturar vacinas com tecnologias iguais. No caso da AstraZeneca, seria a da Janssen, que é dose única —ambas utilizam um "vírus vivo", como um adenovírus (que causa o resfriado comum), que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde.

Mesmo diante da impossibilidade disso, ele concorda que a medida é acertada no momento. "Colocando na balança os riscos e benefícios, corroborados com os estudos científicos já publicados, isso realmente nos dá segurança de fazer isso e acabar logo com essa pandemia", diz o imunologista ao ressaltar que medidas como essas são acompanhadas pelos órgãos ao longo dos meses (e anos).

Mas a mistura de vacinas não é nova. Em 2020, em entrevista ao VivaBem, Renato Kfouri, infectologista e diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), já tinha dito que iniciar a imunização com a vacina de um determinado laboratório e terminá-la com uma segunda dose de outro já é usada em alguns casos, como vacinas pneumocócicas, de meningite e coqueluche.

Combinar pode ser até melhor

Por mais que seja utilizada para suprir a escassez das vacinas, a medida pode agregar um ponto importante na imunização das pessoas, conforme explica Alexandre Zavascki*, chefe de infectologia do Hospital Moinhos de Vento (RS).

"Os estudos mostram que a resposta imunológica induzida pela vacinação heteróloga — que usa dois tipos de imunizantes — é maior do que se uma pessoa tomasse doses iguais da vacina — seja ela Pfizer ou AstraZeneca", diz.

Segundo o pediatra intensivista Juarez Cunha, presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) em entrevista ao Blog da Lúcia Helena, colunista de VivaBem, já havia a teoria de que a mistura de plataformas — como a vacina da Pfizer com da AstraZeneca — potencializaria a resposta imunológica.

"Afinal, é como se cada vacina agisse em uma frente. Uma pode estimular mais a imunidade celular. E outra pode promover uma maior produção de anticorpos. Aliás, os próprios anticorpos podem se ligar a proteínas diferentes do vírus, conforme o imunizante", afirma o médico.

Mas ainda é cedo para incluir a vacina da CoronaVac, por exemplo, pois ainda não há estudos feitos com o imunizante. Aliás, serão necessárias pesquisas para checar as várias possibilidades de combinações entre todas as vacinas existentes contra a covid-19.

* entrevistas feitas para reportagem de Luiza Vidal publicada em 14/08/2021.

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