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Colesterol alto aumenta risco de infarto e AVC; veja mitos sobre a condição

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Imagem: iStock

Do VivaBem

08/08/2021 17h16

Segundo a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), cerca de 14 milhões de brasileiros têm alguma doença no coração e essas enfermidades provocam, em média, 1.100 mortes por dia. Muitas dessas perdas poderiam ser evitadas, já que diversas causas de doenças como infarto são controláveis e poderiam ser controladas com mudanças de hábitos.

Um dos fatores de riscos para esses problemas é o colesterol elevado no organismo e neste dia 8 de agosto é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Colesterol, que tem como objetivo alertar sobre a importância de controlar o nível de gordura no sangue.

"O colesterol alto é perigoso para a saúde cardiovascular porque impacta nas paredes dos vasos sanguíneos, inflamando artérias e formando placas que obstruem a passagem do sangue —não só em artérias do coração, mas em todas elas", diz Marcelo Assad, diretor da Socerj (Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro). A interrupção do fluxo sanguíneo pode provocar, por exemplo, um infarto do miocárdio, se isso ocorrer no coração, ou um AVC, se acontecer no cérebro. "O impacto gerado pelo colesterol alto nas artérias ainda pode romper a parede do vaso, formando coágulo e causando trombose", completa Assad.

Agora que você entendeu os perigos do colesterol alto, vamos derrubar alguns mitos que muitas vezes atrapalham o controle do nível de gorduras no sangue e colocam sua saúde em risco.

1 - Pessoas magras não têm colesterol alto

Segundo o Ministério da Saúde, 40% dos brasileiros têm colesterol alto. A médica Mariana Carvalho de Oliveira, especialista em endocrinologia e metabologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, explica que condições genéticas ou hereditárias são as causas primárias do nível elevado de colesterol no organismo. Portanto, até mesmo quem não está com sobrepeso pode ter colesterol alto —daí a importância de todos realizarem check-ups regulares, já que o problema é silencioso e não apresenta sintomas.

"Claro que a população deve se atentar também com a causas secundárias, já que muitas delas são evitáveis, como a obesidade, a má alimentação, o abuso de álcool, doenças do fígado (como cirrose) ou renais, alterações da função da tireoide (como hipotireoidismo) e o uso de anabolizantes", alerta Mariana de Oliveira.

2 - Comer ovo e outros alimentos com colesterol são os principais vilões

Esse mito é antigo, mas algumas pessoas ainda acreditam que comer alimentos fonte de colesterol, como ovo, camarão, frango com pele e carnes, aumenta significativamente o colesterol no sangue. Hoje já se sabe que não é bem assim e a principal causa alimentar da elevação do colesterol é o consumo excessivo de gorduras trans e saturadas, açúcar e carboidratos refinados, frituras, fast-food e alimentos ultraprocessados.

"O colesterol proveniente da alimentação é responsável por de 20% a 30% da taxa de colesterol no sangue —o restante é produzido no fígado. Por isso, uma dieta ruim, rica em gorduras saturadas e alimentos industrializados, acaba desbalanceando o colesterol total", explica o cardiologista Marcelo Assad.

Portanto, uma boa maneira de controlar o nível de colesterol no sangue é evitar esses produtos e ter uma dieta saudável, rica em alimentos naturais: verduras, legumes, frutas, carnes magras, frango, peixe, ovo, cogumelos. O consumo de fontes de gorduras insaturadas (azeite, castanhas, abacate) também é importante, já que elas ajudam aumentar o nível de HDL (chamado de bom colesterol).

3 - Colesterol é sempre ruim

Não é verdade. A substância participa de processos importantes no organismo, como a produção de vitamina D, testosterona e outros hormônios e da absorção de vitaminas. Como já falamos, em nosso organismo há o HDL e o LDL. O primeiro carrega as gorduras das artérias para o fígado, por isso tem função protetora e é chamado de "bom colesterol". Já o segundo transporta as gorduras do fígado para os tecidos, e elas podem se acumular nas artérias, por isso é chamado de "colesterol ruim".

"Mas o grande problema é o valor elevado de LDL e as lesões de uma camada específica das artérias, chamada endotélio. Essa lesões podem ser agravadas pela hipertensão arterial, diabetes, obesidade, fumo, sedentarismo e estresse. Tal cenário propicia a aterosclerose, que é a obstrução das artérias", explica Fernando Costa, cardiologista e membro do Comitê Científico do LAL (Instituto Lado a Lado pela Vida).

4 - Fazer exercícios reduz o colesterol

A atividade física regular é essencial para a saúde e reduz o risco de doenças cardiovasculares. "Mas o exercício interfere pouco na redução do colesterol ruim (LDL). O que a atividade física faz é aumentar o HDL, o que é bom, pois essa substância tem efeito protetor", diz Assad.

Entenda: não estamos falando que exercício é ruim e você não deve praticá-lo. É justamente o contrário. Mas saber que o treino não reduz o colesterol ruim é importante, pois muitas pessoas, por fazer esportes, acreditam que não devem se preocupar com o colesterol alto e com a boa alimentação —e acabam colocando o coração em risco.

5 - O problema afeta só adultos

De acordo com a endocrinologista Ana Salgado, médica da Casa de Saúde São José (RJ), o excesso de colesterol pode afetar pessoas de todas as idades, inclusive crianças e adolescentes.

Portanto, é muito importante incentivar uma alimentação saudável desde a infância e ficar atento para combater a obesidade infantil, problema que contribui para taxas elevadas de colesterol no sangue e atinge até 30% das nossas crianças, segundo o Atlas da Obesidade Infantil no Brasil, documento do Ministério da Saúde publicado em 2019.

5 - Tomar "água de berinjela" reduz o colesterol

Não acredite em fórmulas milagrosas. Até o momento, não há comprovação científica de que a água de berinjela reduz o nível de colesterol no sangue. A médica Ana Salgado reforça que o mais importante é manter hábitos saudáveis: ter uma dieta rica em alimentos naturais, fazer exercícios regularmente, não fumar, não consumir álcool excessivamente e controlar o estresse, além de fazer exames regularmente, já que o colesterol alto pode ser provocado por condições genéticas e não apresenta sintomas.