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CoronaVac é vacina eficaz contra covid; entenda dados sobre o imunizante

SOPA Images / Colaborador Getty Images
Imagem: SOPA Images / Colaborador Getty Images

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

28/07/2021 17h52Atualizada em 28/07/2021 19h33

Embora a OMS (Organização Mundial da Saúde) tenha avaliado a vacina CoronaVac como a opção com resultados inferiores em estudos internacionais sobre os diferentes imunizantes, não há motivo para preocupação ou para duvidar da eficácia e segurança da vacina.

A Organização já chancelou a CoronaVac e a considera boa o suficiente para aplicações, adicionando-a, inclusive, na rede de distribuição global —sem qualquer indício de que esse status seja revogado. Além disso, os dados diferem de pesquisa para pesquisa. Por isso, não devem ser utilizados isoladamente para desqualificar uma vacina —até porque, para controlar a pandemia, todos os imunizantes precisam "trabalhar em conjunto", imunizando o quanto antes a maior parte da população.

Por exemplo: dados iniciais, da fase de pesquisa no Brasil, mostravam que, caso a pessoa seja infectada pelo coronavírus, a CoronaVac oferece 100% de eficácia para não adoecer gravemente, 78% para prevenir casos leves e 50,38% menos risco de adoecer. O imunizante também apresentou bons resultados contra a variante delta do coronavírus em laboratório.

Na "vida real" os números são um pouco diferentes. Mas, reforçamos, é importante saber que esses dados variam muito conforme pesquisas. Nos resultados mostrados pela OMS, por exemplo, a CoronaVac apresentou 41% em eficácia contra covid-19 sintomática, 71% contra mortes e 59% contra contra hospitalização.

Já numa pesquisa realizada no Chile, feita com 10,2 milhões de pessoas que tomaram a segunda dose da CoronaVac entre 2 de fevereiro e 1º de maio deste ano, o imunizante apresentou 86% de efetividade para evitar mortes; 87%, para impedir hospitalizações; e 66% para barrar os casos assintomáticos da covid-19.

"Os números diferem, é o normal. Mudam de uma vacina para outra. Também se alteram quando examinamos os resultados de uma mesma vacina aplicada em lugares diversos, como é o caso da pesquisa chilena. Podem ainda se modificar, se inventarem de repetir um estudo na mesma população, mas em períodos distintos de tempo", resume Juarez Cunha, presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) para a coluna da jornalista Lúcia Helena.

Os dados de eficácia da vacina podem ser diferentes nas pesquisas pois os protocolos nem sempre são iguais, assim como a conduta da população, que muda de país para país e também num mesmo país, conforme a situação da pandemia (ano passado, por exemplo, não havia tanta flexibilização, bares estavam fechados, muita gente estava em home office etc.).

Vamos voltar aos dados da fase de pesquisa da CoronaVac para visualizar isso. No Brasil, como falamos, ela teve eficácia de 50,3% Mas sua taxa foi de 65% em um ensaio clínico realizado na Indonésia e de 91%, na Turquia.

"Cada trabalho usou uma população, então não dá para compará-los pau a pau", justificou o presidente da SBIm.

Coronavac cumpre o principal objetivo da vacinação

"A eficácia da vacina contra a gripe é menor do que a da CoronaVac e a gente nunca precisa ficar explicando isso, porque já controlamos essa epidemia. O que a gente objetiva com a CoronaVac e os outros imunizantes contra a covid-19 é ter justamente algo como com a gripe. E para ter esse controle da doença, só com vacinação em massa", explica o imunologista Gustavo Cabral, pesquisador da USP (Universidade de São Paulo)/Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo) e colunista do VivaBem.

Basicamente, explica o especialista, o objetivo da vacina é controlar a pandemia. "A CoronaVac evita que muitas pessoas cheguem a um estado grave. Aqueles poucos que chegarem terão a chance de um atendimento mais eficiente, já que os hospitais não estarão lotados. Para isso, todos precisam receber os imunizantes disponíveis e seguir ações não farmacológicas, que são o distanciamento, uso da máscara e higiene das mãos."

Caso não haja um esforço coletivo por parte da população para reduzir o número de casos e a circulação do vírus, Cabral aponta que algo semelhante ao que vem acontecendo nos Estados Unidos pode se repetir: os cidadãos que recusam a vacinação colocam em risco todo o esforço feito pelo resto da população.