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Veneno de aranha pode salvar vítimas de ataque cardíaco, diz estudo

Aranha teia-de-funil está entre as mais perigosas do mundo - Doug Beckers/Creative Commons
Aranha teia-de-funil está entre as mais perigosas do mundo Imagem: Doug Beckers/Creative Commons

Colaboração para o VivaBem, em São Paulo

26/07/2021 11h44

Cientistas da Universidade de Queensland e do instituto de pesquisa Victor Chang Cardiac divulgaram, por meio da revista Circulation, que um medicamento elaborado a partir do veneno de uma das aranhas mais venenosas do mundo pode salvar vítimas de ataque cardíaco e ajudar na adaptação de corações transplantados.

Os pesquisadores mostraram o resultado de um estudo realizado em um coração que reagiu positivamente ao antídoto da perigosa aranha teia-de-funil. Segundo o jornal Washington Post, eles descobriram, de forma inédita, uma droga capaz de bloquear o "sinal de morte" emitido pelo órgão quando ocorre um ataque cardíaco fulminante, que causa a morte de suas células.

Além disso, a proteína extraída do veneno, chamada Hi1a, também poderia ser utilizada para auxiliar no transplante de corações, aumentando a capacidade de adaptação no organismo do receptor.

"Isso não só ajudará as centenas de milhares de pessoas que têm um ataque cardíaco todos os anos em todo o mundo, mas também poderá aumentar o número e a qualidade dos corações de doadores, o que dará esperança aos que aguardam na lista de transplantes", ressaltou o professor Peter Macdonald, do Instituto Victor Chang, um dos autores do estudo.

Segundo o jornal norte-americano, a aranha teia-de-funil é considerada por alguns cientistas a espécie com o veneno mais perigoso do mundo. Suas presas são grandes e poderosas o suficiente para penetrar um sapato.

Apesar do avanço, as pesquisas ainda estão em estágios iniciais. A droga foi testada em células pulsantes de um coração humano exposto a um ataque cardíaco para provar a eficácia do antídoto aracnídeo. Os testes clínicos em adultos, porém, devem começar em dois ou três anos.

"Em décadas de pesquisa, ninguém foi capaz de desenvolver uma droga que interrompa esse sinal de morte nas células do coração, uma das razões pelas quais as doenças cardíacas continuam sendo a principal causa de morte no mundo", disse Nathan Palpant, um dos co-autores do estudo.

Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), de acordo com o Post, mostram que 17,9 milhões de pessoas ao ano no mundo morrem devido a doenças cardiovasculares; e quatro entre cinco delas são devido a ataques cardíacos.