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Para ex-diretora do PNI, vacinas não estavam vencidas: 'Erro no sistema'

Reportagem do jornal Folha de S. Paulo apontou a utilização de imunizantes fora da validade em 1.532 cidades do país - Lennart Preiss/AFP
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo apontou a utilização de imunizantes fora da validade em 1.532 cidades do país Imagem: Lennart Preiss/AFP

Do UOL, em São Paulo

04/07/2021 09h54

A epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do PNI (Plano Nacional de Imunização), afirmou hoje que não acredita que tenham sido aplicadas doses vencidas da vacina da AstraZeneca, contra covid-19, e avalia que o mais provável é que tenha ocorrido um "erro no sistema ou de digitação".

"Neste momento, eu acredito que mais do que estarmos falando de utilização de vacinas vencidas, possivelmente pode ser um erro no sistema ou de digitação, porque estamos vendo a ansiedade da população em ser vacinada e municípios ficando sem vacinas. Não acredito que houve tempo de haver vacinas vencidas sendo aplicadas na população", disse Domingues em entrevista à CNN Brasil.

Ela completou dizendo que "todas as vacinas que estão chegando estão sendo rapidamente utilizadas. É preciso estar atento para que se isso [erros no sistema] estiver acontecendo, seja corrigido".

Na última sexta-feira (2), o jornal Folha de S. Paulo publicou uma reportagem que aponta a utilização de imunizantes fora da validade em 1.532 cidades do país. Os municípios negaram ter aplicado as vacinas fora da validade e atribuíram a informação a um erro no sistema do Ministério da Saúde.

Domingues esteve à frente do PNI por oito anos (2011-2019). Ela afirmou que o Ministério da Saúde tem um "controle muito rígido" sobre a validade das vacinas. Questionada sobre o uso de vacinas vencidas, ela explicou que, há momentos em que esse uso pode ser autorizado.

"Sempre que se tem vacina vencida a recomendação é descartar essa vacina. Quando há a necessidade de utilização de vacinas vencidas, só são feitas depois do aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e de estudos do INCQS/Fiocruz (Instituto Nacional de Contole de Qualidade em Saúde) que mostram que essas vacinas ainda estão dentro do controle de qualidade", explicou.

Para que as vacinas possam ser usadas, os estudos precisam mostrar que elas "não perderam a sua potência, a sua esterelidade e que elas mantêm o mesmo padrão de quando foram produzidas".

Questionada sobre o tempo de validade dos imunizantes contra a covid-19, Domingues disse que ainda se trata de um assunto recente e que essas vacinas ainda estão passando por um processo de avaliação do seu controle de qualidade.

"Não houve tempo de saber se ela vai durar um ano, dois anos. Todas as agências liberaram essas vacinas com seis meses, um ano de validade. A Janssen agora ampliou de 30 para 45 dias. Então vamos avançando nesse processo de melhorar o tempo de validade. O mais importante é que todos os testes de qualidade são seguidos para que se determine esse prazo de validade", completou.