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Enquanto São Paulo fica sem vacina, cidades vizinhas adiantam campanha

Pessoas enfrentam uma longa fila na UBS Santa Cecília, na capital; vacinação foi suspensa ontem - Nelson Antoine/Estadão Conteúdo
Pessoas enfrentam uma longa fila na UBS Santa Cecília, na capital; vacinação foi suspensa ontem Imagem: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

23/06/2021 04h00

A diarista Rosilene Aparecida, 44, se vacinou contra a covid-19 em Diadema, na Grande São Paulo, na manhã de ontem (21). "Fui bem cedo e não peguei fila", conta, feliz. Como ela, pessoas sem comorbidades de 44 anos para cima já podem se vacinar na cidade desde o fim de semana —uma antecipação em relação ao calendário do PEI (Programa Estadual de Imunização).

Conforme previsto pelo governo estado, a faixa de 40 a 49 anos só começaria a ser vacinada hoje no estado. O ritmo de vacinação, no entanto, tem sido diferente entre as cidades: enquanto alguns municípios da Região Metropolitana de São Paulo estão conseguindo adiantar faixas etárias, a capital teve de suspender a vacinação ontem por falta de doses.

  • Os municípios da Grande São Paulo argumentam que tiveram doses sobrando;
  • A capital, que interrompeu a imunização pela primeira vez, fala em "grande adesão à vacinação" do grupo de 50 a 59 anos; e
  • O governo estadual diz que dialoga com municípios e recomenda que sigam o PEI.

Até ontem, Santo André estava na faixa de 45 anos, Diadema, em 44 anos e Guarulhos e São Bernardo do Campo, em 43 anos. São Caetano do Sul e Osasco estão seguindo o calendário do PEI e iniciam a vacinação do grupo de 49 anos para baixo a partir de hoje.

A capital, por sua vez, viveu movimento oposto. Depois de suspender a vacinação por um dia, hoje começa a imunizar o público de 49 anos, em um novo calendário.

Capital fala em muita procura e poucas doses

Na semana passada, a Prefeitura de São Paulo já dizia prever este problema depois que o governador João Doria (PSDB) adiantou o calendário de vacinação em um mês.

O grupo de 50 a 59 anos, com cerca de 1,5 milhão de pessoas só na capital, que era dividido em três etapas (59-55, 54 e 53-50) e vacinado, ao todo, em 49 dias, teve que ser condensado em uma semana.

O problema, argumentou a prefeitura, é que o estado não entrega todas as doses necessárias de uma vez, mas de forma fragmentada. Por isso, a administração municipal organizou um esquema de escalonamento por idade dentro dos grupos. Ainda assim, no último dia desta faixa, voltado à repescagem, faltaram vacinas.

Na manhã de ontem, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, disseram ter avisado na noite do sábado (19) que o problema iria ocorrer. O governo estadual, por sua vez, disse que só descobriu na segunda à noite.

Agora, com chegada de novas doses, a vacinação será retomada na capital, com novas datas para o escalonamento.

Grande SP fala em otimização e excedente

A vizinha Guarulhos, por sua vez, fala em excesso de doses para adiantar seu calendário. Segundo a prefeitura, o adianto se deu com "doses excedentes que estavam em estoque e que não foram utilizadas na totalidade pelos grupos anteriores, conforme estimativas iniciais".

Uma das possibilidades levantadas pela prefeitura é que, como a capital só começou a cobrar comprovante de residência em maio, muitos munícipes tenham se vacinado em São Paulo, próximo ao trabalho.

A Prefeitura de Santo André também disse adiantar graças à "otimização da grade" e ao "não comparecimento de alguns grupos". "Grande parte da população de 18 a 49 anos já se vacinou no grupo de comorbidades", afirmou a gestão municipal, que disse já antecipar também para pessoas com 43 e 44 anos.

Nenhuma das duas conta com o uso de segundas doses de CoronaVac para adiantar os calendários.

O UOL procurou todos os municípios que adiantaram o calendário em relação ao estadual, mas não teve outras respostas até o fechamento da matéria.

Governo estadual pede que sigam o PEI

O governo estadual segue categórico quanto às datas estabelecidas pelo PEI. A gestão Doria diz que "dialoga constantemente com os municípios", mas desvia sobre o quanto a antecipação do calendário contribuiu para a falta na capital.

"Todas as orientações são passadas em informes técnicos que acompanham as remessas de vacinas destinadas a cada um, sempre considerando os públicos-alvo definidos no calendário do PEI", diz a pasta, que sustenta repassar as doses à medida que recebe do Ministério da Saúde.

"Meu maior problema são municípios que estão antecipando faixas que nem estão dentro do que estamos trabalhando. Então vai faltar vacina [para estes]", declarou coordenadora do PEI, Regiane de Paula, à imprensa no final da semana passada.

Ela disse não saber exatamente como as prefeituras têm feito para adiantar tanto seus públicos. "Como alguém consegue vacinar 40 anos? Segunda dose, dose de comorbidades, gestantes? Eu realmente não sei", questionou.

A gente vai colocando datas previsíveis. Se eu marco 16 a 22 para uma faixa, no dia 24 a vacina vai estar lá para ser aplicada. O que não pode é antecipar uma faixa tão grande, com tantas pessoas no estado. Aí, quando eu abro a campanha [para esta faixa etária], vão dizer que não entreguei a vacina? Desculpa, o plano estadual tem de ser respeitado.
Regiane de Paula, coordenadora do PEI

Como fica o calendário, segundo a gestão Doria:

  • 23 a 29 de junho: 43 a 49 anos
  • 30 de junho a 14 de julho: 40 a 42 anos
  • 15 de julho a 29 de julho: 35 a 39 anos
  • 30 de julho a 15 de agosto: 30 a 34 anos
  • 16 a 31 de agosto: 25 a 29 anos
  • 1º a 15 de setembro: 18 a 24 anos