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Dietas restritivas no pós-parto podem prejudicar amamentação; entenda

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Imagem: iStock

Danielle Sanches

Do VivaBem, em São Paulo

11/06/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Após o parto, algumas mulheres se preocupam com a perda de peso e optam por restringir a alimentação para emagrecer
  • Porém, a falta de nutrientes pode provocar deficiências na mãe e até reduzir a produção de leite materno
  • Por isso, é recomendado que a mulher no pós-parto tenha uma dieta saudável e equilibrada, priorizando alimentos frescos
  • Mulheres com problemas de saúde associados ao peso ou com emagrecimento rápido devem buscar orientação profissional

Durante o puerpério (o período após o parto que dura cerca de 40 dias), é muito comum que as mulheres fiquem ansiosas ao olharem no espelho. Afinal, o corpo passou por uma grande mudança para abrigar o desenvolvimento do bebê e, agora, precisa de tempo para poder voltar ao que era antes.

Mas algumas ficam bastante ansiosas com a questão do peso, ou melhor, o excesso dele, no pós-parto. Na tentativa de resolver isso, tentam comer menos ou restringir o consumo de alimentos para acelerar a perda desses quilos a mais. O problema é que isso não é recomendado e pode trazer consequências negativas para a saúde tanto dela como do bebê.

Falta de nutrientes interfere na amamentação

Até o sexto mês de vida do bebê, o recomendado é que ele seja alimentado apenas com leite materno. E um dos fatores que influencia diretamente na capacidade da mulher de produzir ou não esse leite é justamente a ingestão de nutrientes.

Isso porque a mulher gasta, em média, 500 a 700 calorias por dia com a amamentação. Se ela restringir demais sua alimentação, o corpo não vai ter combustível para continuar produzindo o alimento e, em casos extremos, pode encerrar a produção para não comprometer outras funções.

Outro problema de seguir dietas restritivas nesse período é que a mãe pode apresentar uma falta de nutrientes importantes para a própria saúde, criando problemas para si mesma. As proteínas, por exemplo, são parte do leite materno, por isso, se não forem consumidas em quantidade suficiente, podem provocar uma perda de massa magra no organismo da mãe. A deficiência de ferro e a falta de vitaminas também são problemas que podem ocorrer caso a alimentação se mantenha restrita.

Por isso, é importante que a mulher busque ter uma alimentação variada, com um bom aporte de todos os nutrientes (incluindo gorduras e carboidratos, erroneamente considerados "vilões" pelas dietas restritivas) para conseguir ter energia suficiente para alimentar o bebê —e ainda realizar outras tarefas da nova rotina, como cuidar da criança.

O que comer no período?

Já entendemos que não é recomendado restringir a alimentação durante o pós-parto. Mas isso não significa que está liberado comer de tudo e, ainda por cima, com a desculpa de que se está "alimentando dois".

Os especialistas orientam que a mulher deve manter uma dieta saudável, priorizando alimentos frescos e comida caseira, evitando os ultraprocessados e o excesso de gorduras e sódio.

Isso significa incluir alimentos como oleaginosas, leite e derivados, peixes, ovo, frutas e legumes. Se tudo estiver em equilíbrio, é possível, sim, incluir algumas "besteiras" de forma esporádica, como lanches de fast-food.

Aqui, tão importante quanto o que comer é a organização das refeições. Como a amamentação consome muitas calorias, é esperado que a mulher tenha mais fome. Para evitar um exagero de consumo, vale fracionar as refeições em pequenas porções ao longo do dia, deixando à mão ou pré-prontos alimentos e refeições saudáveis para não cair na tentação de pedir algum delivery.

Esse processo nem sempre é simples, já que a nova rotina com o bebê pode ser extenuante. Por isso, vale pedir ajuda para amigos ou parentes para que conseguir lidar melhor com essa demanda nessa fase.

Estou muito acima do peso, e agora?

Se você está com dificuldade de perder os quilos que ganhou durante a gestação e ainda passou a enfrentar problemas como diabetes, colesterol alto e pressão alta, é importante buscar ajuda médica especializada.

Nesses casos, o profissional irá avaliar a situação nutricional do paciente e, se julgar necessário, estabelecer um plano alimentar individualizado para tratar as questões.

Estou perdendo peso muito rápido, devo procurar ajuda?

Por provocar um alto gasto calórico, a amamentação também pode provocar uma perda de peso na mulher. No entanto, um emagrecimento acentuado ou rápido demais pode significar problemas de saúde e levar a um quadro de desnutrição.

Nesses casos, também é necessário o acompanhamento nutricional e do médico da puérpera, para que ela receba suplementação (se necessário) e consiga estabelecer um plano nutricional para reverter esse quadro.

Fontes: Angelica Grecco, nutricionista do Instituto EndoVitta, em São Paulo; Carolina Curci, ginecologista e obstetra de São Paulo; Nathalia Melo, nutricionista clínica, docente e pesquisadora do Departamento de Nutrição da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco); Viviane Gomes, nutricionista do Hospital San Gennaro, em São Paulo.