Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Seios grandes podem prejudicar saúde física e psicológica: o que fazer?

iStock
Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

24/05/2021 04h00

A mamoplastia de aumento, cirurgia plástica para turbinar o tamanho dos seios, é a mais realizada no Brasil, segundo dados da International Society of Aesthetic Plastic Surgeons. No entanto, há mulheres que certamente prefeririam o contrário, ou seja, uma redução dos seios por sofrerem no corpo e na autoestima os efeitos negativos de serem tão volumosos.

As causas mais comuns desse problema estão relacionadas a obesidade, distúrbios glandulares, menopausa precoce, hipertrofia virginal ou puberal, gravidez, diabetes e hereditariedade.

"É chamada de gigantomastia a condição em que as mamas ocupam um grande volume e pesam mais de um quilo e esse peso anormal sobre as costas gera um desequilíbrio na coluna e na musculatura dos ombros", informa Wendell Uguetto, cirurgião plástico da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e do Hospital Albert Einstein (SP).

De acordo com outro médico, Alexandre Fogaça Cristante, ortopedista e professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), o resultado são: "Dores, que com o tempo cronificam, aumentando o risco para artrose, hérnia de disco e afundamento da região onde passam as alças do sutiã".

Se a mulher não estiver com sua musculatura fortificada, os prejuízos podem se manifestar de forma acelerada, levando a uma incorreção postural em que ombros e pescoço inclinam para a frente (cifose), em geral acompanhada ainda de tensão muscular, dificuldade para respirar e fadiga.

Mas as alterações não se limitam às musculoesqueléticas. O excesso de pele das mamas em contato com o corpo pode desencadear assaduras e infecções nas áreas de dobras.

Exercícios ajudam, mas nem todos

Quando os sintomas decorrentes do sobrepeso das mamas começam a ser sentidos, para que não se agravem, é necessário buscar o fortalecimento da musculatura estabilizadora e a reeducação postural, orienta Luiz Cláudio Lacerda Rodrigues, ortopedista, traumatologista, cirurgião de coluna e professor da FASM (Faculdade Santa Marcelina).

"RPG e atividades físicas como hidroginástica, pilates, natação e musculação ajudam bastante", afirma. Mas lembre-se: para evitar problemas é preciso acompanhamento profissional e ter realizado avaliações antes.

Sobre o que não fazer, quem tem seios grandes deve evitar o que cause muito impacto e force demais a coluna, como corrida, crossfit, saltos, agachamentos repetitivos. Sem os acessórios corretos é ainda pior.

Sutiãs com ferragens são contraindicados, sendo preferíveis versões para sustentação tipo tops, específicas para a prática de esportes. Além de não terem ferragens nem bojos, as alças são largas e lisas e dão estabilidade, evitando balanços e atritos.

Havendo dores é preciso consultar um médico, que pode indicar desde o uso de analgésicos e relaxantes musculares a fisioterapia e infiltrações.

"Mas não são indicados procedimentos cirúrgicos na coluna, porque não se trata de uma patologia específica nela, mas um efeito secundário. A exceção são pacientes que apresentam patologias como hipercifose e hérnia de disco", explica Felipe Gargioni Barreto, neurocirurgião especialista em coluna pela EPM Unifesp (Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo).

Quando é indicada a redução?

A mamoplastia redutora, cirurgia para redução das mamas, é recomendada quando a mulher apresenta os sinais e danos citados, principalmente quando já tentou contorná-los, mas sem sucesso, ou o emocional prejudicado em razão da aparência física dos seios, geralmente muito desproporcionais.

Mas o procedimento também pode ser realizado em homens diagnosticados com ginecomastia, aumento anormal das mamas que pode ocorrer em qualquer fase da vida.

"Levamos em consideração as proporções da paciente, a largura do seu tórax, e avaliamos quanto de fato o peso do volume mamário aumentado está relacionado a um quadro clínico ruim. As mamas, ou uma delas, pode crescer de maneira descontrolada e assimétrica. Nesse cenário há de fato uma condição de doença e que requer correção", aponta Alexandre Pupo, ginecologista e membro do núcleo de mastologia do Hospital Sírio-Libanês (SP).

Em se tratando de indicação de idade para operar, Pupo sugere acima dos 19 anos, após o desenvolvimento das glândulas mamárias, mas não há consenso.

Uguetto, por exemplo, cita a partir dos 15, 16 anos, explicando que algumas meninas podem apresentar precocemente mamas muito grandes. Por outro lado, tratada na adolescência, a gigantomastia tem chances de retornar e necessitar de uma segunda cirurgia numa idade mais adiante, quando algumas mulheres aproveitam para levantar também os seios com uma mastopexia.

Se pretende amamentar, reflita

amamentação-uol-med - iStock - iStock
Imagem: iStock

Como a cirurgia de redução envolve cortes, remoção de gordura, pele, mas também tecido mamário, além do reposicionamento das aréolas e remontagem das mamas, o que significa transformações e eventuais cicatrizes e sequelas, merece ser bem avaliada.

O aleitamento materno também pode acabar em segundo plano ou impossibilitado, até porque após o diagnóstico não dá para aguardar que a paciente engravide e amamente para depois operar.

"A redução mamária pode vir a atrapalhar a amamentação futura. Mas tudo é uma questão de pesar o custo-benefício", opina o cirurgião plástico Wendell Uguetto, complementando que a prioridade nesse caso é garantir bem-estar e pôr fim ao sofrimento. A decisão deve ser tomada em conjunto entre paciente e médico, pesando todas as variáveis, converse bastante antes de tomá-la.

As contraindicações para operar são muito mais clínicas, quer dizer, de a pessoa apresentar alguma alteração de saúde séria, sobretudo no coração, que a impeça de ser anestesiada e operada, ou aumente a probabilidade e gravidade dos riscos do procedimento.

Mas também podem inviabilizar a realização da mamoplastia redutora fatores como distúrbios psiquiátricos, depressão, psicose, alcoolismo e dependência química.